F1: AlphaTauri conseguiu resolver problema identificado em 2022 e evoluir na fase final da temporada

Por a 30 Novembro 2023 15:40

A AlphaTauri começou a temporada com um dos carros mais lentos e passou os meses seguintes com muitas dificuldades para somar pontos, ficando um longo período no último lugar da tabela do mundial de construtores. Franz Tost, que deixou a liderança da equipa no final desta temporada, foi muito crítico da sua equipa e de como tinha sido abordado o desenvolvimento do AT04, mas a partir do Grande Prémio da Grã-Bretanha, em julho, os dois pilotos da equipa – uma dupla diferente daquela que iniciou a temporada – passaram a ter disponível um monolugar mais competitivo, conseguindo chegar à última corrida do ano com o quinto carro mais rápido na qualificação, falhando por muito pouco o “assalto” à sétima posição do mundial. 

Foi uma evolução acentuada, que obrigou a um esforço tremendo da estrutura italiana, que terá nova designação oficial em 2024, apoiada pela entrada de novos engenheiros que deram um rumo novo ao projeto, já com o foco no que podem fazer para a próxima temporada.

Após mais um início conturbado de temporada na AlphaTauri, Franz Tost criticou duramente os engenheiros da equipa italiana, exigindo que apresentassem resultados e afirmando mesmo que tinha perdido a confiança nestes elementos depois das suas previsões da pré-temporada não terem resultados práticos em pista. As declarações do então chefe de equipa foram desvalorizadas por pilotos e até pelo diretor técnico Jody Egginton, que insistiu que a equipa permanecia “unida” apesar da falta de competitividade do AT04. 

Passado cerca de oito meses desde as críticas aos seus engenheiros, uma altura em que a equipa progrediu e somou 20 dos seus 25 pontos totais nas últimas 5 corridas, Tost clarificou o que aconteceu internamente para a AlphaTauri passar do último posto do mundial para lutar pelo sétimo posto. “As pessoas erradas estavam no posto errado”, começou por dizer Tost, antes da sua última corrida como chefe de equipa. “Trouxemos novas pessoas. Apercebi-me no ano passado, em março/abril, que do lado da aerodinâmica não estávamos a ir na direção certa. Tínhamos uma filosofia errada. É sempre difícil convencer os engenheiros a irem noutra direção porque nunca se vão adaptar a isso. Por isso, é melhor trazer outras pessoas. Foi isso que fizemos”. 

A contratação de novos engenheiros para tentar dar a volta à situação da equipa, que ainda em 2022 discutiu os últimos postos do campeonato de construtores, não significou que os resultados fossem imediatos. “Até que essas pessoas possam trabalhar, é preciso esperar um ano. E este foi o problema, só puderam começar em abril deste ano, apesar de reconhecermos que já tínhamos problemas no ano passado”, sublinhou o austríaco, acrescentando que “ainda vão chegar mais algumas pessoas da área da aerodinâmica”.

O líder da equipa italiana até Abu Dhabi explicou que “a razão pela qual insisti tanto em introduzir as atualizações é para perceber se este novo grupo vai na direção certa, em termos de filosofia, porque de outra forma também o próximo ano teria sido um problema. E era isso que eu queria evitar em todas as circunstâncias. E a razão pela qual tudo se resolveu na segunda metade do ano deveu-se simplesmente ao facto de não termos tido estas novas pessoas antes”.

A equipa introduziu um novo fundo no AT04 em Yas Marina, a pensar no monolugar de 2024. Este terá mais componentes vindo da Red Bull, como aconteceu com a nova mecânica da suspensão herdada do RB19 que foi introduzida no carro deste ano. Mas foi preciso alterações significativas no fundo do AT04 para que todo o “pacote” tivesse uma evolução positiva durante o ano.

Uma das razões do AT04 ter um desempenho fraco devia-se à instabilidade do carro na entrada das curvas lentas, uma vez que a altura ao solo limitava a velocidade para fazer o ‘apex” da curva. Quanto mais alto estiver um monolugar, tem menos apoio aerodinâmico.

As mudanças no fundo do AT04 começaram a ser introduzidas em Melbourne, a terceira prova da temporada, mas era necessário trabalhar outras áreas do carro para que tudo funcionasse em conjunto e a equipa pudesse tirar mais performance. Um grande pacote foi introduzido na Grã-Bretanha, com muitos componentes novos, incluindo o difusor. A partir desse momento, estava encontrada uma “nova e excelente base e todas as atualizações desde então foram baseadas nessa”, confirmou Jody Egginton. 

Em Singapura a equipa introduziu mais novos componentes, sabendo que a “filosofia” seguida no túnel de vento estava a funcionar em pista, voltando a fazer o mesmo na jornada dos EUA. Na prova seguinte, no México, Daniel Ricciardo provou que o desempenho era muito melhor, alcançando a segunda fila da grelha de partida. Na corrida, não fosse um erro de julgamento de Yuki Tsunoda e a equipa podia ter terminado com os dois carros nos pontos, algo que não aconteceu esta temporada. 

O último pacote de atualizações foi apresentado em Abu Dhabi, como referimos, com especial incidência no fundo do AT04. Isso aconteceu, porque a equipa encontrou uma “nova solução interessante no túnel há algumas semanas e queríamos ter as novas peças feitas e no carro, apesar de ser a última corrida da época”, confirmou o diretor técnico. Sem peças sobressalentes para montar caso fosse necessário, o esforço da equipa foi recompensado com um “bom desempenho em curvas lentas”. Mesmo assim, resolvida uma das maiores fraquezas do monolugar de 2023, a AlphaTauri tem de “melhorar a eficiência aerodinâmica do carro, porque é um dos carros mais lentos na reta da meta”, identificou Egginton como objetivo para a próxima temporada.

Foto: Rudy Carezzevoli/Getty Images/Red Bull Content Pool

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