GP da Hungria de F1: Nada parou Verstappen (nem o seus erros)

Por a 1 Agosto 2022 18:20

Num fim-de-semana em que se esperava que a Ferrari fosse mais forte e em que Max Verstappen teve problemas na qualificação e errou na corrida, o holandês impôs-se, vencendo o GP da Hungria, dando um passo decisivo rumo ao bicampeonato.

Hungaroring parecia ser feito à medida do F1-75 com curvas, onde este se sente à vontade, e poucas retas, onde o RB16 se estica e recupera tempo face ao carro de Maranello.

Na sexta-feira este cenário verificou-se com Charles Leclerc e Carlos Sainz a mostrarem-se inalcançáveis para os seus perseguidores.

Mas, depois, tudo começou a mudar…

Uma chuvada dantesca antes da terceira sessão de treinos-livres, que foi disputada com a pista molhada, limpou completamente o asfalto húngaro, que estava substancialmente mais fresco que no dia anterior.

Subitamente, os carros da ‘Scuderia’ não pareciam estar fora de alcance de Verstappen, que mostrava ter andamento para, pelo menos, lutar pela pole-position.

Contudo, os deuses das corridas pareciam estar contra o holandês, logo a favor dos homens da Ferrari, e na sua primeira volta lançada da Q3 errava na Curva 2, seguindo em frente.

Havia ainda uma segunda tentativa para que o Campeão Mundial remediasse a situação, mas então questões técnicas intervieram – problemas de motor no Red Bull animado pela unidade de potência da Honda, obrigavam Verstappen a desistir da sua derradeira volta lançada, acabando no décimo lugar da grelha de partida.

Entretanto, a equipa de Milton Keynes já tinha tido a sua primeira decepção, uma vez que Pérez não passara à Q3, tendo sido prejudicado na sua última volta lançada da Q2.

A Ferrari tinha caminho livre para monopolizar a primeira linha da grelha de partida, como seria de esperar.

Porém, George Russell, estragava as pretensões de Sainz e de Leclerc com uma volta perfeita, conquistando a sua primeira pole-position na Fórmula 1, seguido do espanhol e de Charles Leclerc, que não tinha confiança nos pneus macios para atacar como costuma.

Lewis Hamilton tinha um problema com o seu DRS e não ia além do sétimo lugar num dia em que os Mercedes se mostravam mais ameaçadores para as equipas que conquistaram todas as vitórias até agora do que se verificara até agora.

Num circuito em que as ultrapassagens não eram um dado adquirido, Verstappen estava longe de pensar que poderia lutar pela vitória, ao passo que os homens da Ferrari podiam aspirar a vencer ou, no mínimo, a um pódio.

Porém, era preciso ainda executar a corrida e com as incertezas que a chuva levou para Hungaroring quando lavou a pista no sábado, quem acertasse na estratégia correta poderia fazer a diferença.

A arrancar de décimo com Verstappen e de décimo primeiro com Pérez, a Red Bull tinha de ser agressiva, num circuito em que o ‘undercut’ é massivo, e onde este ano se verificou que as ultrapassagens ficaram menos complicadas.

Enquanto o holandês ganhou dois lugares na primeira volta, aproveitando as suas borrachas macias, Russell manteve o comando, seguido dos dois Ferrari, que continuaram nas suas posições relativas, parecendo que o inglês da Mercedes estava a cortar o andamento dos seus dois perseguidores mais próximos, apesar de estar com pneus marcados vermelhos, contra médios do espanhol e do monegasco.

O Campeão do Mundo livrou-se dos carros do Segundo Pelotão na décima segunda volta, seguindo de perto Hamilton, mas estava já a doze segundos de Russell e a nove de Leclerc que era claramente o mais rápido dos recrutas da Ferrari, muito embora não tivesse como suplantar o seu colega de equipa.

Percebendo que perderia muito tempo no encalço do heptacampeão do mundo e num circuito em que o ‘undercut’ é potente, a Red Bull chamou o seu piloto às boxes quando estavam decorridas dezasseis voltas, montando médios, o que na prática o punha numa estratégia de duas paragens e obrigou a maior parte dos seus rivais a reagir.

A única excepção foi Charles Leclerc que esperou até à vigésima primeira volta, mantendo-se com borrachas marcadas a amarelas quando passou pelas boxes – estava assumidamente numa estratégia de duas paragens – o que ainda assim lhe permitiu ascender a segundo, a paragem de Sainz foi muito lenta, ficando apenas com Russell pela frente.

Neste momento, Verstappen estava a apenas 4,6s de Leclerc e a 7,0s do inglês da Mercedes, mas o monegasco mostrava-se o mais rápido deste trio e na trigésima primeira volta ascendia ao comando, tinha agora uma vantagem de 5,2s para o Campeão do Mundo que seguia na quarta posição.

Na trigésima sétima volta, o holandês ultrapassou Sainz e estava a mais de sete segundos de Leclerc, tendo a Red Bull, na passagem seguinte pela linha de meta, chamado o seu piloto, deixando os estrategas da formação de Maranello numa encruzilhada – obrigados a trocar de composto de pneus, ou mantinha o seu piloto em pista para terminaria a corrida com macios o que lhe garantia perder uma posição em pista para o holandês, mas um final mais forte; ou respondia à paragem de Verstappen e apostava num longo ‘stint’ com duros, borrachas que mesmo na sexta-feira, com a pista mais quente, se mostraram difíceis de colocar na temperatura correcta de funcionamento.

Ao contrário do que a Mercedes fez com Hamilton, que no final chegou a ser ameaçador para o piloto da Red Bull, terminando em segundo, a Ferrari optava pela segunda opção, obrigando o seu piloto a montar pneumáticos marcados a branco.

Quando o monegasco saiu das boxes tinha Pérez no seu encalço e Verstappen a três segundos, mas as dificuldades em colocar os seus pneus a funcionar deixou-o exposto e, no final da volta, o holandês que suplantava o seu colega de equipa, estava a menos de um segundo do piloto da Ferrari.

Era uma inevitabilidade que o Campeão Mundial suplantasse aquele que é ainda a sua principal ameaça à revalidação do título, o que aconteceu quando estavam completadas quarenta voltas.

Contudo, no final da mesma volta, Verstappen fazia um pião na saída da última curva, o que permitiu a Leclerc recuperar a sua posição.

Porém, a desvantagem de andamento era evidente e, quando se realizava a quadragésima terceira volta, o holandês superiorizava-se definitivamente ao monegasco, encontrando-se no comando da corrida assim que o ciclo da segunda ronda de paragens fora concluída.

Apenas Hamilton poderia ser uma ameaça distante, mas mesmo essa dificilmente se poderia materializar em algo de concreto, tendo Verstappen vencido pela oitava vez este ano e alargado a sua vantagem no Campeonato de Pilotos para oitenta pontos face a Leclerc.

O monegasco viu a bandeira de xadrez num desapontante sexto lugar, depois de a Ferrari o ter chamado para uma terceira troca de pneus, percebendo que a montagem dos duros fora um erro.

George Russell completou o pódio com o terceiro posto, ao passo que Sainz, com pneus macios desde a quadragésima sétima volta das setenta previstas, não teve andamento para os Mercedes, concluído a prova em quarto com Pérez no seu escape.

Num fim-de-semana em que a Red Bull esperava limitar danos, infligiu uma pesada derrota à Ferrari que vê os títulos cada vez mais longe.

FIGURA: Max Verstappen

O holandês errou por duas vezes ao longo do fim-de-semana – na qualificação e na corrida – mas compensou isso com um ritmo intenso e consistente, bem assessorado estrategicamente pela sua equipa, e colocou-se em posição de poder vencer a corrida, isto sem esquecer as ultrapassagens que fez no seu primeiro ‘stint’, quando se viu livre dos seus Alpine e de Lando Norris.

Foi uma prova ‘à Campeão’ e é com estas prestações que se conquistam títulos – vencer quando tudo parece estar contra.

MOMENTO: 2ª paragem de Max Verstappen

A segunda paragem nas boxes do holandês obrigou a Ferrari a reagir com Leclerc, que estava numa boa posição para vencer e, como muitas vezes tem acontecido este ano, os estrategas da equipa de Maranello erraram, deixando o seu piloto numa situação desfavorável.

Sem a necessidade de responder à Red Bull na 38ª volta, os homens da ‘Scuderia’ teriam cada vez mais certezas estratégicas, o que poderia deixar Verstappen sem possibilidade de vencer em Hungaroring.

P: (Eva Vandor – HVG) Max, tem tantos fãs maravilhosos aqui. As bancadas estavam cheias do exército laranja, mas na verdade alguns deles, com base em alguns vídeos, estavam a queimar mercadoria Hamilton aqui à volta da pista. Tem alguma reação a isso?

MV: Sim, claro que isso não é aceitável. Quer dizer, estes indivíduos… Não, eu definitivamente não concordo com isso porque isso é simplesmente repugnante. Mas no geral, penso que a maioria dos fãs que também aplaudiram muito, penso que durante toda a corrida e também no pódio para cada piloto, penso que é assim que deve ser. E sim, esses vídeos, ou vídeo, de vendedor em chamas, acho que é nojento.

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