CPV: Finalmente no rumo certo? – Parte 2 (Um novo caminho, com unanimidade)

Por a 18 Agosto 2022 19:30

Por Fábio Mendes e Pedro André Mendes

Este novo ciclo no CPV, iniciado esta época, começa com a aposta nos GT4 e nos TCR. Os TCR já são bem conhecidos e começaram a falados em 2014. Tendo como pai o SEAT Leon Cup Racer e como base a interessante SEAT León Copa, os TCR foram pensados para ser um passo intermédio até chegar ao topo da pirâmide dos Turismo, na altura com os TC1 no WTCC. Com um custo incomparavelmente mais baixo que os TC1, os TCR entraram como uma plataforma ideal para se inserirem nas competições nacionais e internacionais, servindo de escada para atingir o WTCC.

O sucesso foi imediato e os TCR começaram a ser vendidos por todo o mundo e as competições com as máquinas idealizadas por Marcello Lotti (WSC) multiplicaram-se. Até hoje, foram feitos carros representando (oficialmente ou não) 16 marcas. De tal forma que, quando os TC1 chegaram ao fim da sua vida (de forma algo abrupta), os TCR foram a solução de recurso que ainda se mantém e se manterá.

Já os GT4 remontam a 2007, um passo intermédio entre os carros de track day e os GT3 puros. Os GT4 eram um modelo de entrada para o mundo dos GT, muito mais acessíveis. Desde a sua introdução que foram vistos em Portugal como a melhor solução, como pudemos comprovar nas conversas que tivemos, algo confirmado por Luís Veloso:

“Já dizia desde 2012 que achava que os GT4 eram o futuro da velocidade. Se na altura tivéssemos olhado com atenção talvez tivéssemos o melhor campeonato de GT4 da Europa.”

Pedro Salvador replicou as palavras de Luís Veloso:

“Os GT4 era um caminho acertado já há muitos anos. Um dos pontos que era mais positivo era o custo dos carros, entretanto tudo foi ficando mais caro e os carros já não são propriamente baratos. É uma categoria cuja manutenção é muito mais razoável em comparação com os GT3. Os GT3 Cup do ano passado eram mais giros de guiar e mais competitivos.”

Francisco Carvalho, experiente piloto que dispensa apresentações, passou por várias eras e não teve dúvidas em apontar os GT4 como a opção certa:

“O PTCC [Campeonato de Portugal de Circuitos], para mim, foi o melhor campeonato que tivemos- temos de recuar muitos anos para ter um campeonato como o PTCC – competitivo à séria. Quando esse campeonato acabou, fazia parte da comissão nacional de velocidade [da Federação] e lembro-me de ter dito numa reunião na FPAK que o caminho eram os GT4. Isto foi em 2010. Fui muito contestado, lembro-me que só o Mário Silva pensava que eu podia ter razão, assim como o Luís Veloso, que também estava nessa reunião. A verdade é que passado 12 anos, a história veio dar-me razão. Já nessa altura, esses carros custavam 90 mil Euros, já era caro, mas tinha uma coisa muito boa, para nós pilotos nacionais. O custo de manutenção era baixo. Nós não temos grandes patrocínios, a modalidade é cada vez menos ‘apreciada’, portanto temos de ter carros que não tenham um custo muito elevado por quilómetro, que se mantenham por dois ou três anos e que se consigam depois vender. E os GT4 encaixam-se na perfeição. Hoje em dia temos outro problema. Estes carros evoluíram tanto que passaram de 90 para 200 mil Euros, continuam a ser caros, e por isso é que não vemos carros a estrear no nosso campeonato, mas é possível comprar bons carros por cerca de 100 mil Euros. Isso permite fazer corridas ao nível nacional de uma forma equilibrada e sem entrar nas loucuras que entramos nos GT3 e por aí fora, em que aca amos com quatro carros”.

A conjugação dos GT4 com os TCR parece ser a que mais agrada à generalidade dos interessados. José Pedro Fontes, responsável da Sports&You concorda que este novo caminho traçado é o indicado:

“É uma evolução em relação ao que tem havido. Defendo, desde há dois ou três anos, que se deveria apostar nas categorias TCR e GT4”.

Nuno Batista, piloto de competição com uma carreira de sucesso em Portugal e em Espanha olha para este modelo como o mais acertado:

“Se mandasse faria um regulamento muito semelhante ao que foi feito, com a possibilidade de entrada dos CUP, mas não qualquer um, talvez até ao 991 3.8. O 4 litros já começa a ser demasiado, como vimos no ano passado. Mas sempre defendi que o campeonato deveria ser apenas GT4 e TCR e concordo com o que está a ser feito. Mas talvez Portugal não tenha quórum suficiente para viver apenas de GT4 e TCR e por isso digo juntar os 991 e 997 para dar mais colorido às grelhas.”

Joaquim Teixeira, homem habituado às alturas da montanha, mas agora com uma estrutura que o serve a ele no CPM e ao seu filho Daniel Teixeira no CPV, concorda com o rumo traçado:

“Neste momento, acho que a aposta é certa. Temos bons carros… há quantos anos não tínhamos um campeonato nacional de velocidade com a qualidade do parque automóvel que estão aqui? Temos Audi, McLaren, Ginetta, Porsche e os TCR, para além de excelentes pilotos no campeonato. Esta é a fórmula. A federação e os promotores estão a trabalhar bem. O que revitalizou este campeonato foi a introdução dos BoP [Balance of Performance] entre os GT4 e os GTC, não só na limitação mecânica, como na regulação de pneus. Uns podem usar 4 [jogos de pneus], outros 8, para que haja mais equilíbrio. O público não gosta de ver um da cada vez a passar, gosta de ver as lutas”.

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