Fórmula 1: a história dos fornecedores de pneus

Por a 7 Abril 2023 17:15

A FIA abriu um concurso para fornecer os pneus em exclusivo para a Fórmula 1, para as épocas de 2025 a 2027, mais um ano de opção. A Pirelli é neste momento a fornecedora exclusiva de pneus para a competição mundial desde 2010 e assim pode continuar, se for a escolhida.

Não foram muitos os fornecedores distintos de pneus na F1, desde o seu arranque em 1950, e curiosamente, a Pirelli esteve no prelúdio da Fórmula 1. Em 1950, Dunlop, Englebert, Firestone e Pirelli foram as primeiras, seguiu-se a Avon e Continental em 1954, Goodyear, em 1964, Bridgestone em 1976 e finalmente a Michelin, em 1977. Claro que pelo meio houve muitos regressos e retiradas.

Eis uma breve visão geral dos principais eventos e datas na história dos fornecedores de pneus da Fórmula 1:

1950-1973: Os primeiros anos da Fórmula 1 tiveram vários fornecedores de pneus diferentes, incluindo a Dunlop, Englebert, Firestone e Pirelli. A Avon e Continental entraram em 1954, Goodyear, dez anos depois, em 1964. O desporto era ainda relativamente novo, e não existiam regulamentos estabelecidos relativamente a tamanhos ou compostos de pneus.

1974-1997: Durante este período, a Goodyear tornou-se o fornecedor dominante de pneus na Fórmula 1. A empresa forneceu pneus à maioria das equipas da grelha e ganhou numerosos campeonatos com pilotos como Ayrton Senna e Alain Prost. A Bridgestone entrou em 1976 e a Michelin, em 1977.

1998-2000: A Bridgestone entrou na Fórmula 1 em 1976, mas foi no final dos anos 90 que se tornou forte concorrente da Goodyear, inicialmente fornecendo pneus a um pequeno número de equipas antes de expandir gradualmente a sua presença. No final de 2000, a Bridgestone tinha-se tornado o único fornecedor de pneus na F1.

2001-2006: Durante este período, a Bridgestone continuou a ser o único fornecedor de pneus para a Fórmula 1, com a maioria das equipas a utilizar os pneus da empresa. Michael Schumacher ganhou cinco campeonatos consecutivos durante este período.

2007-2010: A Bridgestone continuou a fornecer pneus para a Fórmula 1 durante este período, mas o desporto introduziu uma nova regra que obrigava a que todas as equipas utilizassem o mesmo fornecedor de pneus. A Bridgestone ganhou o seu campeonato final em 2009 com Jenson Button e Brawn GP.

2011-2023: A Pirelli tornou-se o novo fornecedor único de pneus para a Fórmula 1, com um contrato de três anos que foi sendo renovado, até hoje. A marca italiana introduziu uma gama de diferentes compostos de pneus no desporto, o que provocou inicialmente alguma controvérsia e debate entre equipas e pilotos, mas hoje em dia percebe-se que esse facto foi uma forma de apimentar o espetáculo ao manter em pista pilotos com estratégias de pneus diferentes.

Evoluir ao lado da F1

Globalmente, a história dos fornecedores de pneus de Fórmula 1 reflete a mudança do panorama do desporto ao longo dos anos, uma vez que diferentes empresas entraram e saíram e foram introduzidos novos regulamentos para assegurar a equidade e a competitividade.

Mas também houve várias controvérsias ao longo dos anos, desde questões relacionadas com a segurança e desempenho até acusações de parcialidade ou tratamento preferencial.

O mais lembrado por todos foi o que sucedeu no Grande Prémio dos Estados Unidos de 2005. Nesta corrida, que teve lugar na Indianapolis Motor Speedway, e que significa para os portugueses o único pódio de um piloto luso na história da F1, Tiago Monteiro, a Michelin aconselhou as suas equipas a não correr devido a preocupações de segurança com os seus pneus, que não se deram bem com o ‘banking’ de Indianapolis.

Isto levou a que apenas seis carros começassem a corrida, e causou um grande tumulto entre fãs e patrocinadores. A controvérsia levou a Michelin a perder o seu contrato com a Fórmula 1 no final dessa temporada.

No Grande Prémio da Grã Bretanha de 2013, durante a corrida, vários pilotos sofreram falhas nos pneus, o que levou a múltiplos acidentes e preocupações com a segurança. A Pirelli foi criticada pela sua escolha de compostos de pneus, e a empresa foi forçada a fazer alterações nos seus pneus para o resto da temporada.

Na Bélgica em 2015, a Pirelli foi criticada pela durabilidade dos pneus, com vários pilotos a sofrerem furos ou falhas. Isto levou a preocupações sobre a segurança e apelos à Pirelli para melhorar a qualidade dos seus pneus.

Também houve ao longo da história, acusações de parcialidade. Ao longo dos anos, algumas equipas e pilotos acusaram os fornecedores de pneus de enviesamento ou tratamento preferencial em relação a certas equipas ou pilotos. Por exemplo, durante o domínio da Bridgestone no início dos anos 2000, algumas equipas alegaram que a empresa estava a dar à Ferrari uma vantagem injusta com os seus compostos de pneus. É um facto que a Ferrari ganhou muitos títulos seguidos com Michael Schumacher, mas nunca ficou provado que essa ‘ajuda’ tivesse sido dada.

Em geral, os fornecedores de pneus na Fórmula 1 têm sido frequentemente objecto de controvérsia e crítica, sendo as preocupações de segurança e desempenho as questões mais comuns.

Contudo, em termos globais, o desporto tem feito esforços para melhorar a segurança e a equidade, e os fornecedores de pneus têm trabalhado para desenvolver pneus mais duráveis e fiáveis para satisfazer as exigências do desporto.

A verdade é que, seja quais forem os pneus que os fornecedores disponibilizem, a F1 é conhecida por levar tudo aos limites e os pneus não são exceção. Se a Pirelli, neste momento, fizesse pneus ‘indestrutíveis’ os engenheiros das equipas haveriam de desenvolver carros que tirassem o maior partido desses pneus até que a marca italiana tivesse de aumentar novamente a fasquia. Nunca estar contente, sempre foi o apanágio na F1.

Subscribe
Notify of
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
últimas AutoSport Histórico
últimas Autosport
autosport-historico
últimas Automais
autosport-historico
Ativar notificações? Sim Não, obrigado