F1: O nascimento de uma estrela

Por a 9 Setembro 2019 11:07

Monza é um palco especial… é talvez o palco onde a paixão pelo automobilismo e pela F1 se respira a plenos pulmões, sem meias medidas. O Templo da Velocidade veste-se de gala para a cada ano receber o grande circo e é palco de grande corridas. Que melhor palco para Charles Leclerc mostrar toda a sua qualidade e todo o seu talento?

A história de Charles Leclerc é um misto de glória e tragédia. Nascido a 16 de Outubro de 1997, iniciou-se nos karts em 2005 onde competiu até 2013 e conseguiu uma colecção impressionante de títulos ( seis títulos e cinco segundo classificado). Estava claro que o jovem Leclerc tinha tudo para ser uma estrela, tal como o seu padrinho Jules Bianchi. Tragicamente, a brilhante carreira que se perspectivava à Bianchi foi interrompida cedo demais, naquele maldito GP do Japão. Leclerc continuou o seu percurso e em 2014 foi vice-campeão na Fórmula 2.0 Alps e em 2015 quarto classificado na Fórmula 3 europeia e segundo classificado em Macau. Em 2016 tornou-se membro da Academia Ferrari, venceu no GP3 e no ano seguinte a F2.

Pelo meio ainda teve de enfrentar o que ninguém deve fazer tão cedo na vida, que é a morte do seu pai, ao qual respondeu com uma vitória em Baku em F2. Chegou à F1 de forma rápida, tão rápida quanto o seu ritmo em pista. As exibições na F2 tinham deixado todos entusiasmados e Leclerc passou a ser olhado como a futura estrela, aquele que poderia fazer frente a Max Verstappen. O resto da história é conhecida… quatro corridas fracas com vários erros e piões. até o “clique” de Baku, onde mostrou todo o seu talento e a partir dai foi progredindo até chegar à Ferrari.

Aí bateu o pé a Sebastian Vettel e relegou-o ao anonimato desde o regresso das férias. Consegue duas vitórias seguidas, mas antes disso teve ainda de lamentar a morte do seu amigo Anthoine Hubert.

Devo ser sincero e admitir que a ideia inicial deste texto seria colocar alguma “água na fervura” e que apesar da brilhante prestação em Monza, talvez fosse mais sensato esperar um pouco mais até colocarmos o monegsaco ao nível das grandes estrelas da actualidade. Mas vendo a corrida, a forma como lidou com a pressão da Mercedes, com a primeira vaga a ser comandada por Lewis Hamilton e a segunda por Valtteri Bottas, merece todos os elogios. A forma como não claudicou perante a vontade e a pressão de vencer em frente aos tifosi é espantosa. A humildade com que admitiu os erros que cometeu é a prova de grande carácter. E o seu percurso até agora, com as dificuldades que enfrentou, é a prova que tem tudo para ser grande.

Charles Leclerc está longe de ser uma estrela feita. Comete ainda erros que se podem tornar comprometedores e irá cometer outros este ano . Mas se compararmos com Verstappen, a sua maturidade na segunda época de F1 é claramente superior à que era a do holandês ( a idade é também um factor a ter em conta). Tem a frieza suficiente para não se deixar impressionar, tem o talento para grandes voos e acima de tudo… tem uma força mental tremenda. Encarou todas as adversidades da vida e do desporto motorizado com a mesma determinação. Respondeu a perdas irreparáveis com força e vitórias. Por tudo isso, aos poucos, a admiração pelo jovem monegasco vai aumentando. O puto com olhar de matador antes das corridas que festejou como um menino em frente a um mar vermelho arrepiante.

No ano do 90º aniversário, a Scuderia apostou tudo na vitória em Monza, que escapava há dez anos. Todos pensariam que seria o tetra campeão do mundo a brindar o apaixonado público italiano com a vitória, mas foi o franzino Leclerc a levantar a taça… um gesto que, graças ao seu talento e determinação irá repetir várias vezes. E numa altura que dizem que a F1 está morta, em Monza mostrou-se mais viva que nunca, com um recorde de assistência (200 mil pessoas) e um piloto da nova geração a vencer. Numa altura que os pontos de interrogação são muitos, a exibição de Leclerc mostra que há vida para além de 2021, quando inevitavelmente veremos algumas das estrelas da actualidade saírem de cena. Em vez de queixas e desconfianças, talvez seja melhor aproveitar o surgimento desta nova geração de pilotos, talentosa, irreverente. Talvez seja melhor gravar as imagens de ontem, pois Leclerc já ganhou o direito a ter a caneta na mão e escreve agora mais uma página da F1. Aproveitemos para assistir ao nascimento de mais uma estrela, pois ficará no firmamento da F1 por muito tempo. Será um privilégio acompanhar esta nova era.

Caro leitor, esta é uma mensagem importante.
Já não é mais possível o Autosport continuar a disponibilizar todos os seus artigos gratuitamente.
Para que os leitores possam contribuir para a existência e evolução da qualidade do seu site preferido, criámos o Clube Autosport com inúmeras vantagens e descontos que permitirá a cada membro aceder a todos os artigos do site Autosport e ainda recuperar (varias vezes) o custo de ser membro.
Os membros do Clube Autosport receberão um cartão de membro com validade de 1 ano, que apresentarão junto das empresas parceiras como identificação.
Lista de Vantagens:
-Acesso a todos os conteúdos no site Autosport sem ter que ver a publicidade
-Oferta de um carro telecomandado da Shell Motorsport Collection (promoção de lançamento)
-Desconto nos combustíveis Shell
-Acesso a seguros especialmente desenvolvidos pela Vitorinos seguros a preços imbatíveis
-Descontos em oficinas, lojas e serviços auto
-Acesso exclusivo a eventos especialmente organizados para membros
Saiba mais AQUI
Subscribe
Notify of
21 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
últimas F1
últimas Autosport
f1
últimas Automais
f1
Ativar notificações? Sim Não, obrigado