F1, George Russell: “Calendário de 24 corridas não é sustentável”

Por a 1 Dezembro 2023 10:05

É um tema recorrente que vai sendo abordado com uma regularidade preocupante. O aumento do número de corridas por ano, apesar de agradar a muitos fãs, não é uma solução que se anteveja sustentável a longo prazo, quer do ponto de vista ambiental, mas sobretudo, do ponto de vista do bem-estar das equipas.

Ainda recentemente escrevemos sobre as exigências de um calendário de 24 corridas, com algumas datas que vão colocar grande stress nas equipas com duas ou três corridas consecutivas, corridas sprint a um ritmo alucinante. A jornada dupla Azerbaijão – Singapura, é o exemplo do esforço que as equipas vão enfrentar, com uma viagem de doze horas sendo os dois eventos consecutivos. O Canadá continua teimosamente na ronda europeia, o que complica a vida, apesar de não estar em inserido em jornadas duplas ou triplas. E mesmo distância que parecem curtas, como México para São Paulo, são quase 10 horas de voo.

O problema maior está outra vez em Las Vegas. Da cidade do Pecado, o grande circo enfrentar 18 horas de viagem para um fuso horário completamente diferente para chegar ao Catar, na semana seguinte. Do Catar para Abu Dhabi é um pequeno salto, mas se a luta pelo título for até à última prova, será muito complicado às equipas repararem carro se um acidente grave acontecer.

O calendário de 2024 tem pontos positivos e as pausas grandes vão permitir recuperar energias. Mas os Staff da F1 enfrenta pelo três períodos de um mês em que não poderão ir a casa. Mesmo na jornada europeia, será complicado o staff estar com a sua família. São três meses que homens e mulheres vão deixar de ver a sua família. E em alguns casos continuamos com viagens demasiado longas em corridas consecutivas.

Além da questão social, há o desgaste de homens e mulheres que enfrentam mudanças de fusos horários de forma quase consecutiva. Em Abu Dhabi, George Russell revelou estar doente e Esteban Ocon também, este último afirmando que o corpo não foi concebido para 23-24 corridas por época. E se os pilotos, que têm cuidados extremos com a sua saúde, sente os efeitos, imagine-se o staff que tem de trabalhar longas horas, sem descanso e com um nível de exigência tremendo. São vários os relatos de mecânicos que usam e abusam de analgésicos para aguentar.

“Estamos numa posição muito afortunada”, disse Russell. “Mas toda a gente no paddock – tenho tantos mecânicos que estão doentes, pessoas no escritório dos engenheiros, que estão com dificuldades com as constantes mudanças de fuso horário, o corpo não sabe onde estamos, comemos a horas diferentes, ficamos em hotéis diferentes, ambientes diferentes, climas diferentes. O corpo está a ficar confuso. Penso que, para o próximo ano, se fala em regulamentar o pessoal que não pode participar em todas as corridas. Acho que isso seria bom. Não acho que seja sustentável para 4.000 pessoas fazer 24 corridas por temporada, especialmente quando você vê como geograficamente ainda não faz muito sentido”, concluiu o piloto da Mercedes.

E depois há a questão ambiental. Estima-se que a F1 emita, todos os anos 256,000 toneladas de CO2 e que as emissões dos carros de competição equivalem a apenas 0,7% desse valor total, com a grande fatia a ir para os transportes, especialmente por via aérea. Com um calendário cada vez mais preenchido, parece demasiado ambicioso que a F1 atinja a neutralidade de carbono em 2030, como anunciado

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