F1: Deve a Mercedes manter ou mudar?

Depois de três época de autêntica guerra psicológica entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg, a Mercedes encontrou um equilíbrio quase perfeito. Valerá a pena mudar no final desta época?

Valtteri Bottas está em final de contrato e já afirmou que acha que merece ficar com a equipa durante mais um ano. O piloto finlandês sabe que está numa posição privilegiada e tem estado bem nas últimas corridas. Infelizmente não tem estado tão bem quanto os fãs da F1 gostariam. Todos desejávamos que o Bottas que surgiu na Austrália se mantivesse durante toda a época. Uma versão mais finlandesa, sem desculpas, sem floreados. Apenas com uma vontade implacável de vencer. Mas não temos visto esta versão muitas vezes este ano. O momento de forma é incomparavelmente melhor do que o do ano passado, mas ainda não é o suficiente para ser uma ameaça constante a Lewis Hamilton, que cada vez mais é um “monstro” da F1.

A Mercedes tem agora a tarefa de decidir o que quer para o seu futuro. E isso passa por manter Bottas, ou olhar para outras possibilidades. A Mercedes tem Esteban Ocon e George Russell como jovens prontos para dar o salto e o mercado de transferências pode trazer surpresas.

Esteban Ocon é um excelente piloto e ficou injustamente sem lugar. Este ano de paragem não tem sido benéfico em nada e a possibilidade de saltar directamente para a Mercedes parece neste momento… remota. A estrutura parece ter vontade de dar mais um ano de competição ao francês antes de apostar nele em definitivo. George Russell é também um jovem cheio de talento e potencial. A fraca forma da Williams não permite que brilhe como Lando Norris, ou Alex Albon, mas ninguém duvida que o estreante tem capacidade para ser uma das referências do futuro, mas será ainda cedo para se mudar para os Flechas de Prata. Estas seriam as opções mais lógicas caso a Mercedes quisesse trocar de pilotos, mas ambas parecem ter ainda alguma falta de experiência para assumir o lugar mais cobiçado da F1. A entrada de um piloto de fora da Mercedes, além de improvável implicaria uma mudança radical no equilíbrio da equipa, algo desnecessário neste momento.

Valtteri Bottas parece ser a opção mais segura. A relação com Hamilton é saudável e de mútuo respeito, o finlandês é um elemento capaz e um “team player” que não costuma causar problemas quando ouve ordens de equipa. É também, infelizmente para ele, um piloto com “aura” de nº2. Ao contrário do que mostrou em algumas ocasiões na Williams, não parece ter capacidade para sair do registo que temos visto actualmente… competitivo, mas um furo abaixo de Hamilton e sem soluções para diminuir de forma regular a distância que os separa (como Rosberg conseguiu). Mantendo Bottas, a Mercedes mantém, um excelente piloto, assim como o equilíbrio na equipa que inevitavelmente está mais focada em Hamilton, que a cada ano faz história. E essa história inclui obviamente a Mercedes. Quebrar este equilíbrio em 2020 seria acabar com uma fórmula que tem agradado a todos na estrutura germânica e que tem tudo para continuar a dar frutos durante mais um ano. Talvez 2021 seja o ano certo para revoluções, até pelas mudanças nos regulamentos. Mas nesta fase, parece que Bottas tem o lugar na Mercedes assegurado pelo menos por mais um ano.