A história dos formatos de qualificação na Fórmula 1


O advento de um novo formato de qualificação tem uma longa história na Fórmula 1. Muitos métodos têm sido utilizados para determinar a grelha de partida nas corridas de Fórmula 1. No fim de semana em que foi experimentada uma nova solução, recordamos como foi… desde 1950.

O formato de duas sessões, 1950-1996

Acreditem ou não, nos dias de pré-guerra dos Grande Prémio, era comum decidir a ordem da grelha através de sorteio – mas desde que o campeonato mundial começou em 1950, a pole position (um termo que tem as suas origens nas corridas de cavalos) foi atribuída ao piloto mais rápido nos treinos/qualificações.

Até 1996, a qualificação seguiu um padrão semelhante – houve duas sessões em que se fixaram tempos, uma na sexta-feira e outra no sábado, e sem restrições de combustível de qualquer tipo. Houve pequenas alterações em cada década, desde os pneus e motores especiais, para uma volta de qualificação, aos turbo dos anos oitenta até à pré-qualificação matinal no final dos anos oitenta e início dos noventa, mas essencialmente o sistema permaneceu o mesmo, com o tempo global mais rápido a assegurar a pole position.

Esse formato, porém, tornou-se num inconveniente pois significava que um clímax emocionante estava longe de estar garantido, especialmente se estivesse seco na sexta-feira e molhado no sábado…

‘Shootout’ de uma hora, 1996-2002

A fim de garantir que cada sessão de sábado tivesse o potencial de ser um ‘thriller’, as regras foram afinadas antes da época de 1996, com a grelha a ser decidida por uma única sessão de uma hora na qual os pilotos tinham um máximo de 12 voltas para definir o melhor tempo possível.

Esta abordagem durou até ao final de 2002, antes de as regras terem sido novamente ajustadas, desta vez porque as equipas, passavam frequentemente longos períodos nas boxes à espera que outros ‘limpassem’ a trajetória.

Qualificação de uma volta, 2003

A solução para as equipas que passavam demasiado tempo nas suas boxes? A qualificação de uma volta, que foi vista como a forma perfeita de assegurar a ação de pista, bem como um meio de assegurar que as equipas mais pequenas tivessem mais exposição televisiva.

Na sexta-feira de cada fim-de-semana de corrida, os pilotos levavam para a pista um piloto de cada vez pela ordem de campeonato, completando uma única volta.

No dia seguinte, o processo seria repetido novamente para decidir a ordem final da grelha, desta vez com o piloto mais lento da sexta-feira a rodar primeiro, e o piloto mais rápido em último lugar, teoricamente na pista mais limpa.

O problema com este sistema, claro, era que pelo menos um piloto estaria quase sempre em desvantagem, quer fosse pela ordem em pista, ou devido às condições da pista, ou ainda por causa das condições meteorológicas variáveis. Mesmo assim, a qualificação de uma volta permaneceria durante vários anos, embora com alguns ajustes…

Apenas aos sábados, 2004

Num ligeiro retoque de 2003, ambas as sessões de uma volta foram realizadas no sábado a partir do início da época de 2004, com a ordem de entrada em pista na primeira sessão, determinada pela classificação na corrida anterior.

O piloto mais lento da primeira sessão iria liderar os procedimentos na segunda, mas com os dois segmentos tão próximos um do outro, o sistema era propício para manipulação, especialmente quando a previsão do tempo era incerta.

A prova disto veio em Silverstone quando Michael Schumacher admitiu rodar deliberadamente lento o seu Ferrari na primeira sessão, a fim de com esse tempo lento ter uma posição vantajosa para a segunda sessão, quando os pilotos que entravam em pista mais tarde estavam quase certos de estar comprometidos pelo mau tempo que se aproximava.

Qualificação agregada, 2005

Seguiram-se outros ajustes sem surpresas, e em 2005 foi decidido que a grelha seria decidida agregando os tempos de duas qualificações de uma volta – uma no sábado à tarde com pouco combustível e outra no domingo de manhã, quando os carros teriam de ser abastecidos para a corrida.

Contudo, estas mudanças revelaram-se extremamente impopulares tanto para as equipas como para os adeptos, especialmente porque as sessões de sábado passaram a não ter qualquer drama real – e o novo formato foi abandonado apenas seis corridas depois, a favor de um sistema mais simples.

Para as restantes 13 corridas da época, cada piloto fixaria uma única volta com combustível para corrida, na tarde de sábado, com a ordem determinada pela posição final na corrida anterior.

Isto foi sem dúvida uma melhoria em relação ao sistema anterior, mas a qualificação de uma volta estava em declínio, e um novo formato estava à porta…

O advento da eliminação, 2006-2007…

Depois de três anos de sessões com apenas uma volta por piloto para decidir a grelha, a F1 voltou às suas raízes com a qualificação de multi-voltas em 2006, embora com uma nova reviravolta.

Foi elaborado um novo sistema de qualificação em três fases, com os pilotos mais lentos a serem progressivamente eliminados de cada segmento, até que 10 lutassem pela pole position e restantes posições de partida para o Grande Prémio. Este sistema de eliminatórias provou ser um êxito instantâneo – em grande parte devido ao potencial para perturbações ou surpresas – mas este sistema também tinha algumas falhas.

Para começar, foi negado aos adeptos verem os pilotos a “dar tudo o que têm”, porque os pilotos que chegavam ao Q3 tinham de se qualificar com as suas cargas de combustível para o começo da corrida. Além disso, um complicado sistema de crédito de combustível – concebido para garantir que cada carro fizesse muitas voltas – significava que os pilotos passavam muitas vezes várias voltas simplesmente a ‘queimar combustível’ no Q3, a fim de conseguirem mais para a corrida.

…e uma pequena afinação, 2008-2009

Para 2008, o sistema de três fases foi afinado para que as equipas não pudessem mais adicionar combustível após o Q3, eliminando assim a fase não gratificante de “queima de combustível”. No entanto, os críticos argumentaram que a parte final da qualificação era agora um exercício sobre quem tinha mais combustível e  quem iria obter a pole position.

O formato atual, 2010-2021

A proibição de reabastecimento em 2010 significou que os pilotos usariam  pouco combustível durante todo o período de qualificação, trazendo de facto de volta os ‘shootout’ de baixo consumo de combustível, que tinham sido tão populares no passado.

Nesta qualificação, compreendendo três fases e uma ‘luta’ final de 10 pilotos pela pole – não sofreu alterações durante várias épocas. Em 2016, os pilotos tinham uma janela de cinco minutos na Q1, Q2 e Q3 para definir um tempo, mas após esse ponto, o mais lento era eliminado a cada 90s.

Hoje em dia, como se sabe, são eliminados cinco pilotos na Q1, outros tantos na Q2 e sobram 10 para a Q3. Agora surgiu esta experiência da Qualificação Sprint. Vamos ver o que sucede no futuro.

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