F1: O que pode James Vowles levar para a Williams?

Por a 16 Janeiro 2023 16:47

James Vowles vai assumir o leme da Williams, uma equipa com muito pedigree, mas que anda perdida há algum tempo. O que pode trazer o britânico de novo à equipa?

A Williams é uma das estruturas mais reconhecidas da F1. Com 47 épocas na competição, 805 GP, 114 vitórias, 128 poles, 313 pódios, nove títulos de construtores e sete título de pilotos, a Williams tem gravada a ouro as suas páginas na F1. No entanto, o sucesso tem sido esquivo, pois desde 1997 que não conquistam qualquer título e desde 2012 que não vencem uma corrida. O pódio em 2021, assinado por George Russell, foi apenas um raio de sol no meio da escuridão que envolve a equipa.

Frank Williams foi sempre a alma da equipa e Patrick Head era literalmente a “cabeça” pensante da estrutura. Com a saída de Head e o declínio na saúde de Williams, a equipa perdeu as referências e Claire Williams, com tudo de bom que fez, não conseguiu encontrar soluções, fruto de azares, más decisões e constantes dificuldades financeiras. A passagem de testemunho aconteceu em 2020, quando a Dorilton Capital comprou a equipa que 45 anos depois, deixou de esta na posse da família Williams.

Esperava-se que com a entrada de um investidor o futuro da Williams fosse mais brilhante, especialmente com a entrada de Jost Capito, que trouxe consigo François Xavier Demaison, reeditando a dupla de sucesso do WRC. Em 2022, ano da entrada em cena do novo regulamento, esperava-se um passo em frente da Williams, mas o que aconteceu foi exatamente o oposto, com um retrocesso que vai custar caro à equipa, que certamente irá demorar algum tempo para poder regressar, pelo menos, às lutas do meio da tabela.

Capito e Demaison saíram da equipa apenas dois anos depois do seu ingresso, e para o lugar do alemão entrou James Vowles. O britânico de 43 anos começou a sua carreira na BAR, que depois passou a ser Honda Racing. Foi promovido a estratega na Brawn GP, lugar que manteve na Mercedes, onde ajudou a criar uma das eras mais dominantes do desporto. Com mais de 20 anos de experiência na F1, é uma cara conhecida, para um posto que desconhece. Tem agora um grande desafio pela frente: voltar a fazer da Williams uma equipa respeitada pelo seu presente e não apenas pelo passado.

Vowles já tem uma ideia do que deve ser mudado na equipa e não é de estranhar que a influência da Mercedes seja clara:

“O que definitivamente estará errado é que quando se sofre e a organização não melhora ano após ano, é preciso uma mudança no que acontece – uma mudança na cultura, uma mudança nos métodos e sistemas. A Dorilton quer muito e vai investir o valor certo para fazer desta uma equipa de alto desempenho. Esse impacto provavelmente levará um tempo para entrar em ação. Eu sou uma das mudanças, e claramente um indivíduo apenas não vai conseguir. O que é preciso é fortalecer a equipa técnica, mas também permitir que aqueles que são incrivelmente bons internamente brilhem e prosperem. E eu suspeito que o ambiente que eles tiveram ao seu redor não seria propício a isso por um tempo.”

“Quando perguntamos à nossa equipa de liderança sénior, qual era o elemento mais importante da equipa, na Mercedes eram sempre apontadas duas coisas: pessoas e cultura”, disse ele. “Não é a oficina, nem as ferramentas do túnel de vento, nem o piloto no simulador. São as pessoas e a cultura. E acredito que o mesmo se passa exatamente dentro da Williams. Antes de pôr os pés lá dentro, não sei bem onde estamos agora, mas é a coisa mais importante da minha lista de prioridades: assegurar que todos compreendam que se trata de trabalhar em conjunto. Trata-se de empoderamento. Tratar os seus colegas com o respeito que deseja de volta deles, e o crescimento que deseja de volta deles, para podermos trabalhar juntos para um objetivo final”.

A filosofia Mercedes está aqui claramente representada. E é isto que Vowles pode levar para a Williams: uma filosofia que se tem revelado basilar no sucesso da Mercedes e que começa a dar frutos também na McLaren. Esse é o grande desafio do britânico nos primeiros tempos. Reconstruir uma equipa que tem aguentado muitos momentos maus, que se mantém firme, mas que precisa de se reinventar. É preciso investimento, mas é preciso, acima de tudo, de uma nova abordagem. Na Mercedes essa abordagem foi implementada por Toto Wolff e Niki Lauda com os resultados que se conhecem. Na McLaren, assim que o ambiente se tornou mais favorável, a equipa melhorou muito e saiu da crise que assolava há muitos anos. Veremos se Vowles consegue fazer o mesmo na Williams e confirmar estatisticamente esta teoria. Muitos dizem que a Williams se pode tornar numa mini Mercedes. Talvez, mas pelos melhores motivos. Pegando no melhor da Mercedes, adaptando-o à sua realidade.

Para já, a escolha de Vowles foi arrojada e interessante. Veremos se o britânico segue a mesma linha para a escolha do seu diretor técnico, ou se aposta na prata da casa. Uma coisa é certa. A Williams precisa de um novo rumo, uma necessidade já antiga. 

Subscribe
Notify of
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
últimas Autosport Exclusivo
últimas Autosport
autosport-exclusivo
últimas Automais
autosport-exclusivo
Ativar notificações? Sim Não, obrigado