24h Le Mans: O regresso da Aston Martin

A Aston Martin é um dos nomes mais icónicos da história do automobilismo, e a sua trajetória nas 24 Horas de Le Mans é marcada por glória, desafios e renascimentos. Desde a sua estreia em 1928, a marca britânica tem mantido uma ligação profunda com a mais prestigiosa corrida de endurance do mundo, construindo um legado ímpar.
A presença da Aston Martin nas 24h de Le Mans tem sido constante ao longo dos últimos 19 anos, com a Aston Martin Racing a marcar presença em todas as edições desde 2005. 2025, vinte anos depois, a marca regressa ao topo da resistência, com uma máquina bela e com um som arrepiante, que grita com orgulho a história centenária da marca.

Início promissor e ascensão com David Brown
Nos anos 1930, a Aston Martin começou a mostrar o seu potencial em Le Mans, alcançando um respeitável terceiro lugar em 1935 com o modelo Ulster 1½ Litre. No entanto, foi apenas com a chegada de Sir David Brown, em 1947, que a marca passou a focar-se seriamente nas corridas de resistência. Sob a sua liderança, nasceram os lendários modelos DB e DBR, culminando com a histórica vitória geral em 1959.
Nesse ano, o Aston Martin DBR1, pilotado por Roy Salvadori e Carroll Shelby, conquistou a única vitória absoluta da marca em Le Mans, à frente de outro DBR1, conduzido por Maurice Trintignant e Paul Frère. A dobradinha foi o ponto mais alto da Aston Martin nas pistas e um marco na carreira de Shelby, que viria a deixar um impacto duradouro também como construtor e figura-chave nas campanhas da Ford contra a Ferrari nos anos 1960.
Décadas de ausência e o retorno com ambição
Após a glória de 1959, a Aston Martin enfrentou dificuldades financeiras e retirou-se gradualmente das competições. Somente em 1989 voltou a marcar presença em Le Mans, agora em parceria com a histórica equipa Ecurie Ecosse, no Grupo C. Embora um dos carros tenha terminado em 11.º lugar, o outro abandonou, e a marca só regressaria à corrida em 2005 com um projeto mais estruturado.
O renascimento deu-se com o lançamento do Aston Martin Racing, e o icónico DBR9 foi o símbolo desse novo ciclo. Em 2007, o modelo venceu a sua classe e terminou em quinto lugar na geral. Em 2009, a marca subiu para a categoria LMP1 com um protótipo Lola-Aston Martin, obtendo um quarto lugar (também Miguel Ramos correu com esse carro na Le Mans Series).

O domínio nas classes GT e o protagonismo do Vantage
A partir de 2012, a Aston Martin passou a ser presença constante nas classes GT de Le Mans e do FIA World Endurance Championship (WEC). O modelo Vantage tornou-se numa das referências dessa fase, consolidando-se como um dos mais bem-sucedidos da história recente do endurance.
Nas categorias GT, a marca conseguiu cinco triunfos (2007,2008, 2014, 2017 e 2020), mostrando a competitividade dos modelos da marca britânica no mundo dos GT, em especial na Clássica francesa.

Portugal está intimamente ligado à história da Aston Martin, com Pedro Lamy a competir por sete vezes consecutivas em Le Mans. Apesar do título mundial conquistado em 2017 com a marca britânica, a sorte nunca sorriu a Lamy no circuito de La Sarthe. Pela Aston Martin, Lamy teve quatro desistências e o melhor resultado foi um sexto na sua classe, já depois do triunfo na classe com o Chevrolet Corvette C6.R (2012).
Foi também aos comandos de um Aston Martin que Henrique Chaves venceu na sua primeira participação em Le Mans, em mais um capítulo onde a marca britânica e as cores lusas conquistaram sucesso (apesar de não ser pela AMR, mas sim pela TF Sport).

O regresso ao topo
Aston Martin Valkyrie representa o projeto mais ambicioso da marca britânica no universo dos Hypercars, sendo desenvolvido em colaboração com a Red Bull Racing Advanced Technologies sob a liderança de Adrian Newey. O projeto foi iniciado em 2016, com o objetivo de criar um carro capaz de rivalizar com os melhores Hypercars do mundo tanto em estrada quanto em pista, utilizando uma combinação de tecnologia de Fórmula 1, materiais ultraleves como fibra de carbono e titânio, e soluções aerodinâmicas extremas.
O Valkyrie pode ser considerado “old school” com um V12 estridente, sem ajudas de qualquer sistema híbrido. O motor é um V12 atmosférico de 6,5 litros, desenvolvido pela Cosworth, originalmente com mais de 1.000 cv, mas limitado a 680 cv (500 kW) na versão LMH por regulamento. O carro tem um chassis em fibra de carbono otimizado para competição, caixa sequencial Xtrac de 7 velocidades e tração traseira.

No contexto das corridas de resistência, a Aston Martin anunciou a estreia do Valkyrie AMR-LMH na classe Hypercar do Mundial de Endurance (WEC) em 2025, e por consequeência em Le Mans, com a equipa Heart of Racing. Tom Gamble, Ross Gunn e Harry Tincknell estarão aos comandos do Aston Martin Valkyrie 007, enquanto Roman De Angelis, Alex Riberas e Marco Sørensen comandarão o Aston 009.
As expetativas para esta edição são relativamente modestas. O carro tem apenas um ano em pista e precisa de crescer a todos os níveis. O BoP é favorável, mas falta muito para que a máquina britânica se torne verdadeiramente competitiva e se possa bater com maquinaria mais capaz e com muitos mais quilómetros percorridos. É verdade que ver e ouvir passar o Valkyrie é um prazer e o estridente V12 faz lembrar outros tempos. Mas a Aston Martin dá apenas os primeiros passos nesta nova era do endurance. O sucesso não é garantindo, mas todos esperam que, com o tempo, o Valkyrie se aproxime do topo. Para esta edição de Le Mans, o foco está em aprender e chegar ao fim.

The Aston Martin Valkyrie has officially put in its first laps at Le Mans 💚
We thought Le Mans couldn't get any better… but after hearing a V12 echoing around La Sarthe, we admit we were wrong.#WEC #LeMans24 #AstonMartin #Valkyrie @AMR_Official @Heart_Of_Racing pic.twitter.com/SSlaQ8SmYL
— FIA World Endurance Championship (@FIAWEC) June 8, 2025
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