Indycar: A primeira amostra de António Félix da Costa

Por a 17 Novembro 2020 11:00

António Félix da Costa cumpriu um sonho antigo e testou com um Indycar pela primeira vez. O AutoSport falou com o campeão de Fórmula E sobre a sua primeira experiência com os monolugares americanos.

Numa recente entrevista ao AutoSport, Félix da Costa já tinha afirmado que queria testar um Indycar e que havia boas possibilidades de tal acontecer em breve. Se 2020 estava a ser um ano recheado de momentos marcantes, este teste terá sido mais um para ser recordado.

Nas redes sociais, o piloto de Cascais foi revelando um pouco da exigência da tarefa que teve em mãos. Félix da Costa confirmou essa exigência e explicou como surgiu esta oportunidade:

“Já tinha saudades de ser levado ao limite num carro. A última vez que senti isso foi num F1, Foi uma sensação boa e todos me disseram que aquele é o circuito mais físico do ano, por isso foi um batismo algo duro. Esta oportunidade surgiu por caso. O primeiro contacto deu-se a meio do confinamento em abril. Ligaram-me e na altura fiquei interessado, mas não sabia se esta oportunidade iria verdadeiramente para a frente. Mas fomos mantendo o contacto, o convite materializou-se e eu aceitei imediatamente. Tinha imensa curiosidade de experimentar o campeonato, o carro, o ambiente. O carro não tem direção assistida, controlo de tração, não há mantas de aquecimento para os pneus. Há uma serie de variáveis que os fãs não vêm mas que promovem o erro dos pilotos e por isso as corridas são tão divertidas e vemos mais erros, mais acidentes, mais lutas, e até os pilotos a perderem performance pelo desgaste físico o que torna tudo mais imprevisível. E eu adorei esse lado de termos um carro difícil para o atleta.”

A primeira amostra foi positiva, com o 12º tempo a apenas 7 décimos do tempo mais rápido cronometrado em Barber Motorsports Park, deixando o piloto luso entusiasmado:

“Antes de me começar, explicaram-me bem o que o carro gosta e o que não gosta e eu sou capaz de me adaptar rapidamente, mas obviamente para explorar todo o potencial do carro não é num dia, ou dois. Mas os básicos foram muito bem assimilados, no final do dia ficamos a sete décimos do primeiro com uma serie de variáveis que não correram tão bem ao longo do dia. Estivemos a testar alguns aspetos para a equipa, que tinham mesmo de ser testados naquele dia e que não eram o ideal, por isso acho que conseguia tirar dois ou três décimos ao tempo que fiz. Mas para um primeiro dia foi muito bom, fiquei à frente de vários campeões.”

As diferenças entre a Indycar e a F1? Dois mundos diferentes, segundo Félix da Costa, que explicou os desafios que enfrentou:

“São dois mundos sem comparação. Os F1 continuam a ser mais rápidos, creio que têm o mesmo peso e têm mais potência que os Indycar, mais apoio aerodinâmico, por isso é um carro que deve ser uns bons segundos mais rápido por volta, mas é um carro mais fácil de guiar. Têm direção assistida, pneus aquecidos, uma serie de controlos de mapas de motor que ajudam com a tração. Ali na Indy não. Fazer aquilo funcionar com 750 CV, foi dos maiores desafios que já enfrentei. Não foi nada fácil, mais ainda nas primeiras voltas do dia, com tudo a ser novidade, um carro com uma potência daquelas, com pneus frios.”

“Vi o Newgarden, o Will Power, o Félix Rosenqvist baterem no muro durante o dia e eu não meti uma roda fora. Também não queria tomar riscos desnecessários, pois acho que não era a altura de fazer. Preferi deixar um décimo ou dois no bolso e garantir que não se estragava nada. Isso é importante e é algo que tenho feito constantemente. Não tenho cometido erros, nos últimos dois anos de Fórmula E, não toquei no muro uma vez, e são circuitos citadinos. Por acaso dei um pião com o Indycar, mas foi na saída de uma curva onde quis testar o limite do carro e dos pneus e senti que ali era seguro. Mas já não dava um pião há muito tempo. É um carro que leva muito mais ao erro, mas adorei esse desafio.”

E quanto ao futuro… ficou a semente para uma possível ida para os States a curto prazo, embora a prioridade seja indubitavelmente a Fórmula E. Mas a Indy 500 parece estar na lista de António Félix da Costa:

“Ficou o interesse dos dois lados e há um acordo verbal em que a equipa tem prioridade se surgir interesse. Não há nada concreto, mas há uma base boa e creio que se arranjarem o budget para um terceiro carro em algumas, corridas como fizeram este ano, acho que pode acontecer, sempre com a autorização da DS, com quem estou comprometido e onde estou focado a 100%. Se me convidarem para fazer a Indy 500… vou. Sou sincero já tive menos receio das ovais. Antigamente não tinha qualquer problema, hoje em dia já penso um bocadinho mais, mas é algo bom demais para se recusar e tem de ser feito.”

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