ELMS, Guilherme Oliveira: Do céu ao inferno

Por a 16 Outubro 2022 17:56

Guilherme Oliveira ficou muito perto do título europeu em LMP3, perdendo a oportunidade de se tornar o mais jovem piloto nacional a conquistar um título internacional em competições automóvel. Um pesadelo depois de uma época brilhante em que o jovem de Vila Nova de Gaia, (com os seus colegas de equipa Charles Crews e Nico Pino) superou as adversidades das primeiras corridas, para uma ponta final de grande nível. O final não foi o que todos queríamos e os últimos minutos da prova roubaram o sonho ao jovem luso.

Depois de uma desqualificação e um oitavo lugar nas duas primeiras provas (Le Castelet e Imola) seguiram-se uma série de três vitórias (Monza, Barcelona e Spa) em que a tripulação do #13 não deu hipóteses. A Inter Europol conseguiu encontrar um compromisso de afinação ideal para a corrida e apesar de nas qualificações, a qualidade do jovem Malthe Jakobsen do carro #17 da Cool Racing (que conquistou todas as poles do ano) ter-se destacado, em corrida, a tripla do Ligier JS P320 Nissan da equipa polaca tornou-se mais forte. Charles Crews, bom piloto bronze, nunca comprometeu e conseguiu sempre prestações positivas e regulares, cabendo aos dois jovens talentos complementar o trabalho do piloto americano. O chileno Nico Pino e o luso Guilherme Oliveira acabaram por construir uma dupla forte, complementando na perfeição o trabalho de Crews. As três vitórias davam margem suficiente para que a tripulação do #13 chegasse à última corrida do ano em condições de gerir a corrida da melhor forma. Bastava um sexto lugar na pior das hipóteses (com o carro #17 obrigado a vencer) para garantir o título, numa corrida difícil, com a meteorologia a complicar a tarefa de pilotos e equipas. No sábado, na qualificação, Oliveira deu o mote e fez a melhor qualificação do ano, ficando a pouco mais de 0,1 seg. de Jakobsen, quando as distâncias nas restantes corridas andaram sempre à volta dos 0,5 seg. O segundo lugar na grelha de partida, depressa se transformou no primeiro lugar na corrida, com o #13 a liderar a maioria da prova, até acontecer um incidente com um LMP2 (#31 da Tds Racing X Vaillante) que levou a uma paragem não programada nas boxes e uma consequente queda na classificação. Mas o pior estava para chegar, um furo levou Oliveira às boxes e no regresso à pista, Oliveira não conseguiu curvar, foi fora de pista e no regresso, deu-se o contacto com o Aston Martin #95 (de Henrique Chaves com John Hartshorne ao volante). O carro #13 ficou demasiado danificado e a corrida acabou de forma inglória para o jovem piloto. Os primeiros indícios apontam para uma falha na suspensão do Ligier após a saída do piloto português da via das boxes.

Uma caminhada de superação

Oliveira, que veio dos monolugares (F4 espanhola), fez uma aposta forte na resistência e no ano passado, também no AIA, estreou-se nos LMP3, com um excelente stint que lhe abriu o apetite pelas corridas de longa duração. A aposta na Inter Europol revelou-se acertada, apesar dos percalços iniciais da época. Oliveira entrou numa estrutura capaz de lutar por vitórias, com uma tripulação bem equilibrada. Mais que isso, o jovem denotou uma evolução clara, sendo agora um piloto ainda mais maduro, mantendo o foco e determinação de sempre. O mesmo foco que o levou aos nove anos a dizer ao pai que queria ser piloto profissional e que faria o que fosse preciso para chegar, cumprindo com a sua palavra.

Essa decisão tomada ainda em tenra idade levou-o a percorrer os sinuosos caminhos do desporto motorizado que nem sempre levam ao sucesso. Caminhos recheados de obstáculos desanimadores, dos quais apenas os melhores se levantam. Oliveira fez isso. Com a sua estrutura pessoal, sempre acompanhado de perto pela família e mais recentemente pela Synergy – Driver Performance, Oliveira foi evoluindo até chegar a este momento decisivo da sua carreira. Infelizmente, a sorte não esteve ao lado do jovem piloto e nos últimos minutos a festa transformou-se em desilusão.

Acompanhamos o Guilherme ao longo deste decisivo fim de semana e vimos um jovem piloto calmo, com uma serenidade impressionante, encarando com naturalidade um dos fins de semanas mais importantes da sua vida. A postura irrepreensível, lidando com a pressão extra de forma exemplar. Guilherme Oliveira sabe o que quer, sabe o que tem de fazer para lá chegar e tem cumprido esse plano à risca, sem hesitações. O prémio não chegou em forma de título europeu. Mas fica a certeza que Oliveira tem tudo o que é preciso para vencer. Terá de se reerguer, como fez tantas vezes, regressar ainda mais forte e voltar a tentar chegar ao topo, onde pode e quer chegar. Oliveira não sorriu hoje, mas irá certamente fazê-lo no futuro.

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