FIA: Eduardo Freitas fala do desafio do Hill Climb Masters

Por a 2 Novembro 2021 15:00

O português Eduardo Freitas tem mais de 30 anos de experiência nas corridas, sendo agora uma das vozes mais conhecidas do mundo do endurance. Freitas já foi Diretor de Corrida de grandes provas, como as 24 Horas de Le Mans, provas do WEC, WTCC, a WRX e a FIA GT, mas o FIA Hill Climb Masters foi o mais recente desafio para Freitas.

Depois de ter feito uma espécie de “estágio” em provas do nacional, onde pôde ver a mecânica das provas, Freitas assumiu a batuta na prova da Falperra que reuniu os melhores pilotos e equipas da Montanha europeia.

Quando o desafio foi apresentado, o primeiro impulso foi… recusar:

De facto, este foi o meu primeiro trabalho de sempre do diretor de corrida na montanha. Quando o desafio me foi lançado, o meu primeiro instinto foi dizer não, mas não consigo recusar um bom desafio. Foi interessante, foi a primeira vez em muitos anos que pude aprender mais do que ensinar. Foi um processo de aprendizagem durante uma semana; foi emocionante, espantoso e bastante stressante em alguns momentos. Mas, sim, foi uma experiência muito, muito interessante de um ponto de vista pessoal e profissional”.

Este foi um desafio diferente para um homem que está habituado a controlar as operações em circuitos fechados, preparados ao máximo para todas as circunstâncias, pelo que comparar uma realidade e outra se torna impossível:

“É como comparar o vinho verde com o vinho tinto. Estou habituado a circuitos com as instalações, câmaras de televisão, estradas de serviço e tudo isso. A subida de montanha é uma história totalmente diferente, não há estradas de serviço, não há CCTV, a cobertura não é tão precisa e tão boa como eu normalmente tenho nos circuitos de grau 1, grau 2. Foi um grande desafio. Cada vez que se precisa de recuperar um carro, é preciso reposicionar todos os meios de recuperação, pois caso contrário, fractura-se os métodos de intervenção e todas as coisas que são postas em prática no programa de segurança. Sim, foi um grande desafio porque não se podia enviar carros pelas estradas exteriores para fazer a recuperação, uma vez que não existem estradas exteriores. Portanto, tudo isto é muito limitado. Mas foi divertido.

Como disse anteriormente, trouxe mais comigo do que pude contribuir no fim-de-semana. Entrei com algumas propostas novas. Coisas como o pré escrutínio, que no início estava condenado a ser um fracasso, mas acabou por se revelar bem sucedido. Fizemos 80% de todos os carros na quinta-feira, quando tudo deveria ter sido feito na sexta-feira. As equipas ajudaram, estávamos com 158 inscritos e para escrutinar todos aqueles carros num dia pensei que era difícil. Por isso, eu disse para usar a experiência de outros eventos e campeonatos e abrir a janela de escrutínios na quinta-feira. Penso que trouxe bons resultados. Depois são detalhes com a experiência que se tem de pôr em cima da mesa, ideias para melhorar a forma como as coisas funcionavam durante o fim-de-semana.

Foi duro, a sessão começou tarde devido a problemas com o público, mas tive uma boa ajuda, pois, felizmente, tínhamos olhos por todo o lado e eles deram-me algum bom feedback e com segurança é melhor fazer algo do que arrepender-me mais tarde. Começou tarde, foi um sábado difícil, também estava a aprender, mas a experiência de outros eventos provou ser útil na realização de um evento de subida de montanha”.

Freitas vê no seu trabalho os melhores pilotos do mundo em pista, mas ficou surpreendido com a capacidade dos pilotos das rampas:

“Tivemos um excelente conjunto de carros de turismo muito pequenos, monolugares e protótipos. Tivemos pilotos jovens e pilotos antigos. Uma coisa que me desafia muito, como homem dos circuitos, é que temos sessões de uma hora ou mais para que os pilotos se possam familiarizar com a pista, e eles estão sempre a queixar-se de que precisam de mais tempo de treino. Nas rampas, eles sobem três vezes e depois é a fundo até ao fim, pelo que é preciso uma muito boa memória o que, para ser muito honesto, achei espantoso. Quão rápido eles podem ser com apenas três treinos; isso é algo que eu ainda estou a digerir”.

Quanto a repetir a experiência, Freitas vê com bons olhos uma segunda tentativa:

“Tive alguns sentimentos contraditórios no domingo à noite e na segunda-feira após o evento, perguntando-me se deveria ou não fazê-lo novamente. Penso que a resposta é sim. Penso que aceitaria esse desafio e, agora que vivi o evento, penso que há margens para melhorar definitivamente”.

Eduardo Freitas ficou também marcado pelas imagens do fim de festa, assim como pelo calor do público que esteve a ver ao vivo a prova:

“A cerimónia de encerramento deu-me arrepios ao ver todas as equipas nas bancadas a celebrar como uma família foi algo realmente agradável, foi impressionante de se ver. Penso que no final do dia, fizemos um grande trabalho, o público fez um grande trabalho, e foi algo que me marcou muito positivamente”.

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