A Corrida da Minha Vida: Luís Veloso, e quando os troféus eram a doer

Por a 28 Agosto 2022 12:15

Luís Veloso viveu a época áurea das competições monomarca em Portugal mas nunca esquecerá o ano de 2001, quando foi campeão ao lado de outras ‘trutas’ da Velocidade

As décadas de 1980 e 1990 ainda hoje são consideradas a era dourada da Velocidade nacional, a época onde proliferavam troféus monomarca com grelhas repletas e vários consagrados a discutirem cada travagem como se fosse a última. Foi neste espírito que Luís Veloso se tornou um nome conhecido da Velocidade, arrecadando nada menos de cinco títulos como piloto antes de iniciar a sua atividade de preparador. “Hoje em dia é difícil explicar aos mais novos como era correr nessa altura em troféus como os Toyota Carina E, Renault Mégane ou Renault Clio”, refere o responsável da Veloso Motorsport. “Nos Clio, por exemplo, era normal ganhar uma corrida e na seguinte estarmos em 15º. Em Vila do Conde podíamos ficar a 0,5 s da pole position e estarmos em 10º lugar na grelha.

”As corridas eram discutidas ao centímetro por nomes como António Simões, Rui Lages, Francisco Sande e Castro, Patrick Cunha, Carlos Borges, Pedro Rodrigues, Miguel Campos, Vítor Lopes, Francisco Carvalho, Ricardo Megre, Hugo Godinho e tantos outros.

“Era tudo muito intenso e é difícil escolher uma corrida só. Lembro-me por exemplo quando fui campeão do troféu Carina E em Macau, logo nos treinos, quando o meu adversário na altura, o Pedro Rodrigues, não fez a pole (ndr, que dava pontos, tal como a volta mais rápida). Macau era sempre uma prova especial para nós. Mas talvez a discussão mais interessante tenha sido em 2001, com o Ricardo Megre nos Renault Clio. Eu podia ter sido campeão na penúltima prova, em Braga, que foi disputada sob uma das maiores chuvadas que já vi. O Megre estava na frente com o Godinho, quando de repente entra o Safety Car devido à chuva. Os vidros do Clio costumavam embaciar e muita gente aproveitou para ir à boxe tentar resolver o problema. Só que não se via nada e o Patrick Cunha seguiu-me, só se apercebendo à última que eu ia para as boxes. Virou de repente e continuou a fundo pela reta da meta… até embater na traseira do Safety Car, um Mazda que ficou a parecer uma pickup! O Megre ganhou e ficou tudo adiado para a última corrida, no Estoril.

Com tanta gente a querer chegar à primeira curva em primeiro, os primeiros metros costumavam ser de loucos e daquela vez tive uma pontinha de sorte… no meio do azar! Quando chegámos à primeira curva, o Francisco Carvalho abalroou-me e eu não consegui evitar um toque no Ricardo Megre, acabando por ditar ali o desfecho do troféu. Fui campeão, mas tanto poderia dar para um lado como para o outro. Eram assim aqueles tempos.” Bons velhos tempos, arriscamos nós.

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