Derrapagens, Tina Thörner: “O Nasser ‘salvou-me a face’”


Felizmente, foram várias as histórias que me marcaram ao longo da minha carreira de navegadora, mesmo se algumas preferisse esquecer a todo o custo. Entre elas está, obviamente, uma que se passou aqui mesmo, em Portugal, naquele célebre troço de Figueiró dos Vinhos, durante o Rali de Portugal de 1990, quando eu e a Louise Aitken-Walker caímos num rio, na sequência de um despiste, e quase morríamos afogadas.

Foi um momento dramático e que mudou a minha vida, pois a partir daí passei a apreciar cada minuto em que estou viva. Uns anos depois, uma vitória com o Nasser (Al-Attiyah) na Baja de Itália 2008 também foi marcante. Devido a um erro meu, sofremos uma penalização no primeiro dia que nos “atirou” para o 45º lugar, a mais de nove minutos do líder (Boris Gadasin).

Fiquei de rastos, mas o Nasser disse-me com a maior tranquilidade: «Não te preocupes. Perante isto só nos resta fazermos o melhor que ambos soubermos». E o certo é que ele começou a guiar como o diabo! Tal como me tinha prometido, acabámos por ganhar a prova, quase com a meta à vista, depois de ultrapassarmos o anterior líder a 900 metros do final! Foi o Nasser “salvou-me a face” e me livrou de uma grande humilhação, portanto, ele é o meu estereótipo do herói moderno.