Ambicioso projeto da UMM no Dakar: estreia foi há 43 anos

Os UMM mostraram fiabilidade suficiente para enfrentar os rigores da prova africana
Os portugueses participaram pela primeira vez no Dakar em 1982. À partida, três equipas inscritas em UMM 2500 Diesel. Com o nº 216 a dupla José Megre/Manuel Romão, acompanhados de Pedro Cortês/Joaquim Miranda (217) e Diogo Amado/Pedro Vilas Boas (218). Um projeto que serviu para projetar internacionalmente uma viatura feita em Portugal e que posteriormente viria a ser o alicerce do arranque da modalidade no nosso país.
As equipas portuguesas utilizavam a primeira versão dos UMM de motorização Diesel e classificaram-se, respetivamente, em 45º, 46º e 92º lugares, entre os 92 participantes que conseguiram atingir o palanque final, numa prova que atravessou, para além da França – de onde partiram 380 equipas! – a Argélia, o Mali, o Alto Volta e o Senegal. A vitória pertenceu aos irmãos Marreau, Claude e Bernard, num Renault 20 Turbo, enquanto nas motos o triunfo foi para Cyril Neveu, aos comandos de uma Honda oficial.

UMM 4×4 Cournil/Alter: Criado para todo o serviço
UMM é a sigla de uma empresa da região de Lisboa, designada União Metalo Mecânica, SA. Esta empresa, em 1977, decidiu iniciar a produção de veículos de todo-o-terreno, utilizando para isso uma licença de fabrico de origem francesa.
Na verdade, o UMM nasceu das ideias de um engenheiro francês, de seu nome Cournil, que pensou num veículo de trabalho para ser usado no sector agrícola. A UMM aproveitou esse conceito e industrializou-o, e é por isso que os primeiros modelos da UMM tinham a designação UMM 4×4 Cournil, então em três versões – Tracteur, Randonneur e Entrepreneur.
O chassis era constituído por duas longarinas e cinco travessas em aço de secção retangular, com uma espessura de 4 mm.A carroçaria era em chapa de 2 mm, soldada ao chassis e formando um monobloco. Mecanicamente, os primeiros UMM possuíam um motor Diesel de origem Peugeot (aliás, esta origem manteve-se até ao final da vida do modelo, já no século XXI), de 4 cilindros, montado em posição longitudinal, na zona anterior, mas atrás do eixo dianteiro.
Com 2112 ou 2304cc, conforme a versão, este motor debitava 62 ou 67 cv e permitia ao veículo uma velocidade máxima na ordem dos 120 km/h. Ao longo da sua vida útil, o UMM recebeu também motores turbo-Diesel, e a potência elevou-se até aos 110 cv, na versão UMM Alter 2000.
Mas o UMM não é só um símbolo em termos de produção automóvel nacional. As três letrinhas estão também associadas a inúmeras façanhas desportivas, que se iniciaram com a presença em três edições do Paris-Dakar – 1982, 1983 e 1984 – em que todas as unidades presentes à partida, estiveram também na praia da capital senegalesa. Foi o pioneirismo da participação portuguesa na mítica maratona. Dentro de portas, destacam-se as vitórias em provas como Portalegre 800 (1988), Guadiana 500 (1988), Transalgarve (1989 e 1990), Transportugal (1989), Sagres/Portalegre (1989) e Shell Transportugal (1990). Eram tempos que já não voltam… puros e duros.
