WRC: Ott Tanak vence Rali da Finlândia

Por a 7 Agosto 2022 14:34

Ott Tänak venceu o Rali da Finlândia, batendo Kalle Rovanpera por 6.8s na sequência de uma intensa batalha, em que o estónio esteve brilhante, conseguindo ultrapassar o défice competitivo do carro. Esapekka Lappi terminou no pódio, não sem antes apanhar um valente susto…

Este Rali da Finlândia mostrou claramente que o atual desequilíbrio competitivo no WRC se deve bem mais aos carros do que aos pilotos. Nunca as diferenças entre Kalle Rovanpera e os homens da Hyundai seriam tão grandes caso estes tivessem um carro ao nível da Toyota. E isso ficou provado nesta prova, em que o piloto da Hyundai produziu acima da valia do carro. Ott Tänak/Martin Järveoja (Hyundai i20 N Rally1) alcançaram uma fantástica vitória no Rali da Finlândia, surpreendendo inclusivamente a própria equipa.

Muito sinceramente, esperamos que a Hyundai consiga rapidamente resolver as principais questões que afetam o seu carro, já que tal como assistimos neste Rali da Finlândia, a luta entre estes dois ‘monstros’ dos ralis, Ott Tanak e Kalle Rovanpera, foi fabulosa e mostrou-nos que se pode estender ao resto do campeonato.

Não que isso possa afetar a questão do título, isso é só uma questão de tempo para Kalle Rovanpera, mas a animação nas provas que se seguem é importante, e por isso seria bom que a Hyundai desse um carro aos seus pilotos que não permitisse, por exemplo, declarações como a de Tanak antes desta prova, dizendo que este carro é inguiável. Kalle Rovanperä bem tentou minimizar a diferença, mas Tänak sempre respondeu à altura, vencendo pela segunda vez este ano.

Logo na sexta feira se percebeu que Tanak estava um nível acima, pois quem tinha mais condições para com ele lutar, Esapekka Lappi e Elfyn Evans, não conseguiram acompanhá-lo. No sábado, já sem o ónus de abrir a estrada, Kalle Rovanpera converteu um atraso de 21.0s, o resultado de abrir e ‘limpar’ a estrada no primeiro dia , em apenas 8.4s, mas no último dia Tanak esteve imperial e não permitiu que Rovanpera recuperasse mais do que os 6.8s de distância a que ficou no final. Rovanpera ganhou na Estónia, Tanak devolveu a ‘simpatia’ e triunfou na Finlândia.

Esta foi, claramente, uma das melhores provas da carreira de Ott Tänak, talvez a melhor. O Hyundai i20 N Rally1 não é carro para acompanhar o atual Toyota GR Yaris Rally1, mas desta feita o seu piloto ultrapassou a menor valia do carro. As frustrações antes do rali, que ameaçaram abalar a confiança de Tänak, bem expressas nas suas declarações, felizmente não se concretizaram. Enganou-se e ainda bem para ele. É óbvio que este triunfo não se pode assacar somente ao piloto, pois teve que contar com um carro que produzisse ‘mínimos olímpicos’, o que o i20 N Rally1 faz a espaços, e neste caso o piloto fez o resto.

Ott Tänak foi cedo para a frente, venceu três troços na 6ª feira, e chegou ao fim do dia com 3.8s de avanço. No dia seguinte, colocou a vantagem em 8.4s, já sobre Rovanpera que entretanto tinha recuperado e no último dia não permitiu ao finlandês chegar muito mais perto, assegurando a sua segunda vitória do ano.

Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) tudo fizeram para chegar a mais um triunfo, terminaram o primeiro dia em quarto a 21.0s da frente, devido ao facto de abrirem a estrada, e no sábado foi o único Toyota que logrou ganhar tempo a Tanak, revelando no final que não deixou nada por fazer, dando o máximo. Conseguiram recuperar para 8.4s, mas desta feita Tanak bateu-se como um leão a não deu a mínima hipótese ao jovem da Toyota que optou por não arriscar e pensar no campeonato. Ganhou pontos a Thierry Neuville e a Elfyn Evans e com isso estendeu ainda mais a sua liderança.

Esapekka Lappi/Janne Ferm (Toyota GR Yaris Rally1) terminaram no pódio… depois de capotar já no último dia de prova. Antigo vencedor do Rali da Finlândia, foi tentando desde cedo responder a Tanak, aumentando a pressão quando conseguia reduziu o défice, mas não conseguiu derrubar o líder, terminando a 6ª feira a 3.8s da frente.

No sábado, começou a andar para trás, e provavelmente a olhar demasiado pelos retrovisores. Tanak distanciou-se e Rovanpera aproximou-se! O companheiro de equipa passou-o, Lappi desceu a terceiro mas o pior estava para vir, pois terminaram o dia a 35.2s da frente, muito por causa de um pára-brisas danificado que abalou a sua confiança da Lappi, e a sua visão. Uma pedra na PE16 partiu o pára-brisas do Yaris, reduzindo drasticamente a visibilidade. Com isso teve de ter muitas cautelas, e logicamente perdeu muito tempo. No último dia, quase perdia o pódio: capotou, mas Evans estava longe e isso permitiu-lhe chegar ao fim ainda que com o carro um pouco amarrotado. Fez um bom rali, mas terá também percebido que já nem na Finlândia tem andamento para Kalle Rovanpera.

Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1) vencedores da prova do ano passado, não foram este ano além do quarto lugar, posição que se adequa perfeitamente ao que fizeram em prova. Terminaram o primeiro dia em terceiro a 19.3s de Tanak, continuaram a ter dificuldades no sábado, foram acumulando atraso para os três da frente, e a margem piorou muito quando tiveram um problema com um amortecedor no troço final de sábado, resultado de um forte impacto.

Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1) terminaram num quinto lugar muito amorfo, longe de toda a gente, praticamente sem lutas durante o rali. Cedo lutaram com a confiança no carro, ainda por cima rodando em segundo na estrada.Terminaram a 6ª Feira no sétimo lugar, 14.7s atrás de Takamoto Katsuta, melhoraram um pouco o carro com o andamento da prova, adaptaram melhor os diferenciais e tiveram um segundo dia sem dramas, subindo ao quinto lugar bem na frente do japonês, que perdeu tempo com uma série de piões. Depois foi levar o carro até ao fim…

Takamoto Katsuta/Aaron Johnston (Toyota Gr Yaris Rally1) foram sétimos numa prova em que ainda não se sentem tão à vontade por ser tão rápida e específica. No sábado começaram em sexto a 35.5s da frente, terminaram-no a 2m47.5s em sexto, depois de uma série incrível de piões. Uma deceção para o piloto japonês que reside na Finlândia e tinha grandes esperanças para este fim-de-semana.

Os homens da Ford quase passaram completamente ao lado da prova neste ralis. Já são conhecidas as dificuldades da equipa, não testaram porque não têm dinheiro e a diferença para a frente aumenta. Gus Greensmith/Jonas Andersson (Ford Puma Rally1) terminaram em sétimo a quase quatro minutos da frente, eles e Pierre-Louis Loubet/Vincent Landais (Ford Puma Rally1) andaram no segundo dia envolvidos numa interessante luta, pelo sétimo lugar da geral, com Loubet a marcar o ritmo inicial antes de ser ultrapassado pelo seu colega, mas o francês viria a desistir na ligação para a PowerStage. Foi mais um fim-de-semana difícil para a M-Sport, com Gus Greensmith a ser o único piloto a não se deparar com qualquer problema.

Craig Breen/Paul Nagle (Ford Puma Rally1) representavam a maior esperança da equipa, estiveram na luta da frente até à PE6, quando um toque numa pedra dobrou um braço de suspensão do seu Puma. Antes, um problema de intercomunicadores no troço de abertura do dia foi um motivo menor de frustração mas o piloto do Puma nunca conseguiu ritmo para desafiar os mais rápidos. Como se não bastasse, foi a única vítima do dia de sábado, abandonando depois de ter feito mal uma trajetória sobre um salto de alta velocidade, colidindo com uma rocha que arrancou uma roda traseira do seu Puma. Richard Millener, Chefe de Equipa ficou muito zangado: “não podia acontecer”.

O fim-de-semana de Adrien Fourmaux/Alexandre Coria (Ford Puma Rally1) ficou estragado cedo quando partiu um parafuso do braço da direção, na manhã de sexta-feira, até que a direção assistida acabou por falhar, mais tarde nesse dia.

O debutante nos Rally1, Jari Huttunen sofreu desse mesmo problema de direção assistida, embora de forma intermitente, e teve também um problema de pressão de combustível o que fez com que, no final da sexta-feira, tivesse falta de potência no motor do carro. Como podem os pilotos brilhar quando os carros também não colaboram?

Oliver Solberg/Elliott Edmondson (Hyundai i20 N Rally1) duraram 300 metros na sexta-feira, atirando para a sucata mais um Hyundai, desta feita logo aos 300 metros de troço. O carro não ajuda nada, mas o jovem sueco está a tentar jogar numa ‘liga’ que ainda não é a dele. Os resultados estão à vista.

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