WRC: 57ª vitória de Sébastien Ogier, 7ª no Rali do México

Por a 19 Março 2023 19:31

FOTOS @World/André Lavadinho

Sébastien Ogier/Vincent Landais (Toyota GR Yaris Rally1) venceram pela sétima vez o Rali do México, uma prova em que a Ford baqueou em quase toda a linha e a Hyundai esteve na luta pela liderança até ao despiste de Esapekka Lappi/Janne Ferm (Hyundai i20 N Rally1).

O Mundial de Ralis regressou ao México e aos pisos de terra, numa prova em que os Rally1 experimentaram pela primeira vez os troços em altitude. Os pilotos notaram bem as diferenças, mas isso não afetou em nada a competição. É igual para todos.

Era grande a expetativa quanto à competitividade dos Rally1 na terra, já que é esse o tipo de piso da maior parte das provas, mas se ficámos a saber que Toyota e Hyundai estão a um nível semelhante, já a Ford vamos ter que esperar, pois tudo o que se passou deixou imensas dúvidas, e alguma desconfiança ‘negativa’…

No rali, e aproveitando bem a sua ordem na estrada, Ogier e Lappi depressa foram para a frente, começando desde cedo a cavar uma margem para os restantes perseguidores. Ao cabo de dois troços na sexta-feira já Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1), estavam a 9.3s do líder, na altura, Lappi, com Ogier apenas a 0.8s.

Esta tendência manteve-se, e acentuou-se à tarde, com Lappi e Ogier num jogo do gato e do rato, ora se aproximando ou afastando. Terminaram o dia separados por 5.3s com o piloto da Hyundai na frente, enquanto o terceiro lugar de Evans já estava a 30.1s do líder.

Aí, já se desenhava também uma luta que se manteve até ao fim do rali entre Evans e Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1), que depois de começar mal o rali, com dificuldades na tração, muito também devido à sua ordem na estrada, o belga foi melhorando e depois de estender a luta durante todo o rali, terminou em segundo…

Quem cedo se atrasou foram Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1), cuja ordem na estrada, segundos atrás de Ott Tänak/Martin Järveoja (Ford Puma Rally1) no início do rali, piorou quando o estónio teve problemas com o turbo e se atrasou muito.

O piloto da Ford perdeu uma imensidão de tempo e Rovanpera deixou logo claro que este era um rali impossível de vencer, e talvez até de um bom resultado. O quarto lugar foi mesmo um mal menor…

A Dani Sordo/Candido Carrera (Hyundai i20 N Rally1), sucedeu algo semelhante, pois a dupla espanhola nunca conseguiu andar bem, sem com dificuldades em agarrar bem o i20 Rally1 ao chão escorregadio. Sordo perdeu confiança e foi atrasando-se terminando muito longe da frente.

Com tudo isto, percebeu-se que os Toyota e Hyundai estão equilibrados nos pisos de terra, vai ser muito mais nos detalhes a luta nas restantes sete provas em pisos de terra do ano, na inspiração dos pilotos, do que nas diferenças competitivas dos carros, o que é bom sinal. Contudo, no caso do Ford, fica para ver no Rali de Portugal, porque nesta prova Tanak, para lá do problema que teve, nunca deu grandes sinais que o carro está competitivo, tendo muitas dificuldades ao longo de todo rali, o que é muito mau sinal para o campeonato.

O triunfo da Ford na Suécia foi prometedor, mas a fiabilidade tramou a M-Sport e Tanak no México.

Ogier a 100%

Dois ralis, duas vitórias para Sébastien Ogier/Vincent Landais. A tática foi a mesma de sempre que não abriu a estrada. Bom ritmo na sexta-feira, ataque no sábado, gerir no domingo. Isto já lhe valeu imensas vitórias, esta é mais uma, a 57ª.

O francês terminou o 1º dia em segundo. Não correu riscos, mas manteve sempre um ritmo alto, para não descolar da frente. Lappi estava a andar bem e Ogier conteve-se para não arriscar demais. A luta terminou no início do segundo dia, com o abandono de Lappi, e Ogier ficou com o caminho aberto para vencer. No início da tarde de sábado deu a estocada final ao ‘dar’ 8.1s ao segundo melhor nessa especial, deixando claro que iria vencer o rali.

Thierry Neuville ‘roubou’ o segundo lugar a Evans na PowerStage, e terminou no segundo lugar por 0.4s. um belo final de rali para o belga, que andou forte durante todo o fim de semana, mas nunca conseguiu recuperar do que perdeu no primeiro dia de prova, em que terminou a 39.8s da frente. Lutou muito na 6ª feira com uma má posição na estrada, teve problemas com uma transmissão, subiu ao terceiro lugar no 2º dia, foi-se aproximando de Elfyn Evans e conseguiu batê-lo mesmo no final.

Elfyn Evans terminou o rali triste, no terceiro lugar, mas um pódio, é um pódio. Dobrou um braço de suspensão do Yaris, já no último dia e isso foi decisivo. Até lá fez uma boa prova, mas ainda longe do ritmo que pretendia.

Foi cuidadoso no primeiro dia, que terminou em 3º a 30.1s da frente. No segundo dia andou na luta com Neuville, mas o belga foi mais forte. Tem estado a fazer um campeonato consistente, e ao fim ao cabo este é para já o seu melhor resultado do ano. Mas sente-se que queria estar mais perto de quem luta na frente e ainda não o está a conseguir.

Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR Yaris Rally1) tiveram uma prova solitária, já que cedo se viram em terra de ninguém, sem possibilidade de chegar mais à frente e sem ninguém atrás a pressionar. No 1º dia, era grande a desvantagem da ordem na estrada, e até Tanak lhe ‘saiu’ da frente, nem isso ajudou. Fez o que podia, e começou o segundo dia a mais de um minuto do líder, e com quatro carros à sua frente. Passou para quarto com o abandono de Lappi, mas já não saiu daí. Ainda por cima gastou mais pneus macios no primeiro dia, para ter mais aderência, que depois lhe faltaram mais à frente.

Dani Sordo foi quinto, fez uma prova abaixo do esperado, mas ainda assim assegurou bons pontos para a equipa. Não deslumbrou, mas também não comprometeu. Um furo na PE7 atrasou ainda mais, até aí estava na luta pelo pódio, mas o minuto perdido condicionou-lhe por completo o resultado. Quando um piloto se atrasa no 1º dia, tem uma má ordem na estrada no segundo e isso não ajuda nada…

Gus Greensmith/Jonas Andersson conseguiram com o novo Škoda Fabia RS Rally2, uma posição que obtiveram muitas vezes com o Fiesta WRC e o Puma Rally1, o sexto lugar. com isso, venceram o WRC2, bem na frente de Emil Lindholm/Reeta Hämäläinen (Škoda Fabia Rally2 evo).

Tanak e Ford com trabalho

Ott Tänak/Martin Järveoja (Ford Puma Rally1) terminaram na 9ª posição, na sequência de um rali complicado, que começou muito mal com o problema no turbo do Puma que os fez perder cerca de 12 minutos e com isso toda e qualquer hipótese de um bom resultado.

E talvez pior do que isso, quando o carro foi reparado, nunca conseguiram sorrir com o que tinham nas mãos. Quando um piloto diz no fim de um dia de rali que “estamos com dificuldades de igualar alguns dos R5, seria bom se conseguíssemos encontrar algum ritmo” não é nada bom sinal. Tanak e a M-Sport têm muito para trabalhar no carro para o Rali de Portugal.Tal como disse no final: “não é um rali para esquecer, mas para lembrar e não repetir…”

Takamoto Katsuta/Aaron Johnston (Toyota GR Yaris Rally1) tiveram um rali complicado. Terminaram muito atrasados para lá do top 20. Na PE5, um pião atirou-os para fora de estrada, abandonando, regressaram no sábado, mas com um atraso enorme, depois disso limitaram-se a levar o carro até ao fim sem mais ‘crises’.

Diferença fez-se em centímetros…

Esapekka Lappi estava a fazer uma prova fantástica, a dar muito que fazer a Ogier, liderava o rali, mas um pequeno erro teve grandes consequências. Um pião, bateu num poste de eletricidade que caiu por cima do carro, os danos foram grandes, o Hyundai chegou a pegar fogo, mas tudo correu bem, menos o abandono, claro. Foi pena face à exibição que estava a fazer, que os levaria, no mínimo, a um pódio. Estava a ser, de longe, o melhor Hyundai. Tal como Lappi disse, a 6ª feira foi “um dos melhores dias da minha carreira”.

Pierre-Louis Loubet/Nicolas Gilsoul (Ford Puma Rally1) começou mal o rali do México, prova que disputou pela primeira vez. Acertou numa enorme pedra logo no arranque do rali, tendo que ficar pelo caminho. Tudo se passou logo no primeiro troço de 6ª Feira, a pedra estava no meio da estrada, provavelmente ‘atirada’ por um dos carros que passou à frente, portanto não foi culpa sua. Foi azar. Mas depois disso, cometeu erros desnecessários. É claro que tem que andar forte, pois sem isso não aprende, mas ainda não encontrou o equilíbrio certo, e por isso cometeu erros que lhe ‘roubaram’ quilómetros de experiência.

Mas não foram erros de monta, e o andamento esteve muito longe de ser mau.

Foi um bom rali, foi pena o despiste de Lappi que acabou com uma luta pela liderança que tinha tudo para se prolongar até ao fim, Ott Tanak não conseguiu juntar-se às lutas na frente e parece estar já a ficar preocupado com o carro e com a equipa, enquanto a Hyundai e a Toyota têm pela frente, ao que tudo indica um ano de “ora agora ganhas tu, ora agora ganho eu”, ainda que para já só a Toyota e a Ford já venceram ralis. E na Toyota, ambos com o piloto ‘convidado’…

O Mundial de Ralis prossegue dentro de um mês com o Rali da Croácia.

MOMENTO

Sem dúvida, o abandono de Esapekka Lappi na PE11. A luta estava a ser fantástica e tinha tudo para assim continuar. Nunca saberemos até onde iria, se o desfecho seria exatamente o mesmo que acabou por suceder, mas o que o finlandês fez até aquele fatídico momento, fez bem, e mostrou que em determinadas circunstância, Lappi é capaz de andar nas lutas da frente. Não se pode falar de sorte ou azar, mas a verdade é que a fortuna tem sempre um papel neste tipo de coisas, por vezes, de centímetros, mas tudo isso faz parte da beleza dos ralis.

FIGURA

Inevitavelmente, Sébastien Ogier. Vencer pela 57ª vez na carreira, sétima vez no México, onde tudo começou para ele há 15 anos, é mais um dos muitos feitos que já cumpriu ao longo da sua carreira. Já não sente vontade de ‘fazer’ épocas inteiras, o que se compreende, mas gosto mais de dizer que o copo está meio cheio em vez de meio vazio, e por isso congratulo-me pelo facto de ainda podermos testemunhar as suas grandes exibições.

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