Opel Ascona 400: 1982, um ano de ouro no WRC

Por a 19 Fevereiro 2023 09:00

O Opel Ascona 400 foi o último carro de tração traseira a vencer um Mundial de Pilotos. 1982 foi o ano em que apareceram os Grupo B – e foi também o ano em que o WRC foi ganho pelo Opel Ascona 400, naquela que foi a sua melhor temporada no campeonato.

Uma temporada em que o carro alemão, com apenas tração às rodas traseiras e 270 cv de potência, embora muito leve e equilibrado, se bateu taco a taco, até ao último rali, com os “monstros” da Audi, os Quattro, pilotados por Michele Mouton, Hannu Mikkola e Stig Blomqvist, que tinham potências superiores aos 300 c v e tração às quatro rodas.

Nesse ano, a Opel e a Audi eram as únicas marcas com um programa completo, pois a Talbot e a FIAT retiraram-se e a Lancia limitou-se a preparar o seu futuro “joker” no WRC, o fabuloso 037 Rally. Mas, na verdade, as coisas não poderiam ter começado melhor para a Opel, que ‘roubou’ à Ford o patrocínio da Rothmans para financiar a sua epopeia (quase) final com o Ascona 400.

Logo no Monte Carlo, Walter Röhrl aproveitou a ausência da neve para, no asfalto sinuoso do sul de França, bater os Audi Quattro e os Porsche 911 SC. Na Suécia, Röhrl voltou a subir ao pódio, mas agora em 3º lugar, atrás de Ari Vatanen (Ford Escort) e de Stig Blomqvist, que tinha sido contratado pela Audi para pilotar naquela prova, que foi de facto liderada pelo Quattro oficial de Hannu Mikkola, até este se despistar, desistindo e quase obrigando Michele Mouton a fazer o mesmo, pois a francesa não conseguiu evitar o carro imóvel na estrada, atrasando-se bastante.

Em Portugal, a Opel liderou a prova com Henri Toivonen, até este abandonar – coisa que também aconteceu com Röhrl. Mas, no Safari, onde a Audi não se deslocou, a Opel aproveitou para levar o Ascona 400 ao 2º lugar (Röhrl), a meia hora do vencedor, Shekhar Mehta (Nissan Violet GT). E, na Córsega, onde o dominador foi Jean Ragnotti (Renault 5 Turbo), Röhrl ainda conseguiu levar o Ascona 400 ao 4º lugar, atrás do Porsche 911 SC (Béguin) e Ferrari 308 GTB (Andruet).

Nova subida ao pódio aconteceu na Acrópole, onde Röhrl – a demonstrar uma impressionante regularidade que, no final da temporada, resultou no título de Campeão do Mundo – foi 2º, atrás de Michele Mouton, que se mostrou imbatível com o Audi Quattro. Incomodado com a derrota, o gigante alemão despoletou a polémica, ao dizer que “até um chimpanzé me teria ganho com um Audi!” Na prova seguinte, Röhrl subiu ao 3º lugar do pódio, atrás dos dois estreantes Toyota Celica 2000 GT, que dominaram com Waldegaard na frente de Eklund. Seguiu-se o rali do Brasil, onde Mouton não teve dificuldades em dominar, mas Röhrl minimizou os estragos com mais uma subida ao pódio, agora ao 2º lugar.

Os Mil Lagos foram uma prova amarga para a Opel, com Röhrl a optar por não estar presente e Henri Toivonen a abandonar com problemas de aquecimento… mas positiva para o alemão, que viu Mouton, com quem estava a discutir o título, ficar pelo caminho e não pontuar. Regressado em San Remo, Röhrl foi de novo 3º, a apenas 11s do Audi de Mikkola e a pouco mais de 2m de Blomqvist, que ganhou. Melhor: o alemão bateu Mouton na luta pelo título, ao terminar à sua frente…

Este resultado colocou toda a pressão nos ombros da francesa que, para ser campeã, estava obrigada a ganhar a prova seguinte, na Costa do Marfim. Porém, Mouton – que recebeu a notícia da morte do pai na véspera da partida – não foi feliz e despistou-se quando estava na frente, entregando o triunfo ao seu rival, que desta forma arrumou com o título – o seu segundo, depois do conquistado em 1980, com um FIAT 131 Abarth. E nem sequer já se deslocou ao RAC, a última prova da temporada, garantindo o título com 109 pontos e duas vitórias, mais 12 que Mouton, que ganhou por três vezes. Nos Construtores, a Opel foi 2ª, com 104 pontos, menos 12 que a Audi, que venceu sete ralis… contra dois do Ascona 400!

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