Nico Rosberg: Campeão de laboratório

Por a 1 Outubro 2023 12:30

Objetivo: criar o paradigma desportivo da perfeição, o verdadeiro campeão do século XXI. Num tubo de ensaio introduzem-se os genes de um ex-Campeão do Mundo de Fórmula 1, uma habilidade natural para pilotar um monolugar, um aspeto digno de super-modelo e uma nacionalidade com ‘peso’ no meio automobilístico. Resultado? Rosberg, Nico Rosberg, o único piloto até hoje que foi capaz de bater Lewis Hamilton durante os seus tempos na Mercedes… Vamos recordar como foi o arranque da carreira de Nico Rosberg, porque o final da carreira já todos conhecem…

É difícil imaginar um atleta de alta competição que reunisse tantos requisitos para a modalidade. Pode dizer-se que Nico começou a vencer logo desde… o berço. É que não bastava ser filho de Keke Rosberg, Campeão do Mundo de Fórmula 1 em 1982, com a Williams. Foram manipuladas depois todas as variáveis dependentes para que o talento inato do jovem rebento o fizesse seguir as pisadas do progenitor finlandês. Nascido em Wiesbaden, na Alemanha, Nico não ostenta a mesma nacionalidade do pai e, como tudo na sua carreira, isso não foi mero acaso. Na hora de escolher uma bandeira para o filho, a perspicácia do pai Rosberg terá levado em linha de conta que a Alemanha poderia ter os ‘colossos’ alemães envolvidos na Fórmula 1. Por isso, a opção pela nacionalidade germânica poderia abrir portas preciosas para o jovem Nico, mesmo tendo para isso de abdicar da nobre linhagem de pilotos finlandeses que marcaram o automobilismo mundial.

Mónaco, a Williams e…Piquet Jr

O passo seguinte foi pôr Nico atrás do volante de um kart. E, à semelhança dos grandes campeões, isso aconteceu numa idade precoce, com apenas seis anos de idade. A estreia nas competições de karts deu-se no sul de França, ganhando a Liga Côte D’Azur em 1996. Nessa altura os pais de Nico viviam no Mónaco e Keke, omnipresente, era o seu mecânico…

No ano seguinte, venceu a categoria Minime (10-12 anos) e em 1998 decidiu emigrar para o epicentro do karting mundial, a Itália. Assinou pela equipa CRG e terminou o competitivo campeonato transalpino no terceiro lugar da categoria Júnior. Nesse mesmo ano, atravessou o Atlântico para vencer o campeonato norte-americano e ainda assegurou a pole-position para a final do Campeonato da Europa, pagando com um despiste nas voltas iniciais a fogosidade que já demonstrava. Em 2000, com 15 anos, seria mesmo vice-Campeão da Europa de Fórmula A e em 2001 rodou no aguerrido pelotão do Mundial de Karting onde as dificuldades lhe forjaram um estilo agressivo e competitivo.

A passagem para os monolugares deu-se em 2002, na Fórmula BMW, onde foi campeão com nove vitórias. O prémio foi um teste na Fórmula 1 com a Williams-BMW. Tinha então 17 anos. Muitos disseram que a facilidade com que Nico se adaptou a um Fórmula 1 só provava que a disciplina estava a ser desvirtuada pelas ajudas eletrónicas. E onde ficava o talento do jovem prodígio? No ano seguinte, repetiria o teste com a escuderia de Grove, mas desta vez ao lado de um rival com um apelido igualmente famoso: Nelson Piquet Jr. Os dois jovens lobos partilham entre si algumas semelhanças. Nasceram ambos na Alemanha, são filhos de ex-campeões da Williams, já tinham testado com a equipa inglesa, correram na GP2… e era rápidos! A passagem do alemão pela Fórmula 3 não foi tão bem sucedida quanto a do rival brasileiro (Piquet Jr foi campeão britânico). Mas quando foi necessário escolher uma equipa para competirem no GP2, a precisão germânica bateu a excentricidade sul-americana.

Keke Rosberg colocou o filho nos franceses da ART Grand Prix, uma das melhores formações do plantel. Nelson Piquet, por outro lado, montou (à semelhança do que já fizera na F3 inglesa) uma escuderia propositadamente para Nelsinho, a menos competitiva Hitech Piquet Sports. Dispondo de um carro bem acertado, o andamento de Nico só teve paralelo em Heikki Kovalainen, finlandês, quatro anos mais velho que Rosberg e campeão da World Series by Nissan em 2004. Depois de um início de época dominado por Kovalainen, Nico demonstrou uma maturidade invulgar na segunda metade da temporada e com uma garra notável (ilustrada na forma espetacular como se desembaraçou de uma manobra suicida do próprio companheiro, Alex Premat, na primeira corrida de Monza) ganhou o campeonato com duas vitórias na ronda decisiva, no Bahrain. Como se percebe, a – na altura – estrela em ascensão foi colocado na rota de Sir Frank Williams para a época de 2006 da Fórmula 1.

O resto é história…

Nico Rosberg pilotou pela primeira vez na Fórmula 1 com a Williams de 2006 a 2009 onde alcançou dois lugares no pódio para a equipa em 2008. Em 2010, mudou-se para a Mercedes, ao lado de Michael Schumacher. Rosberg venceu a sua primeira corrida no Grande Prémio da China de 2012. Foi companheiro de equipa de um antigo amigo do karting, Lewis Hamilton, de 2013 a 2016, terminando duas vezes como vice-campeão do inglês antes de conquistar, ele próprio, o título em 2016. Logo a seguir, anunciou a sua despedida do automobilismo, cinco dias depois de ter conquistado o seu título, revelando querer passar mais tempo com a família. No total, competiu em 206 Grandes Prémios, venceu 23, garantiu 57 pódios e 30 pole positions. Na reforma, Rosberg passou pela gestão de pilotos, pela televisão e tornou-se um eco-empresário. Recebeu o prémio Laureus World Sports Award for Breakthrough of the Year e foi admitido no Hall of Fame da FIA em 2017.

Carreira meteórica (antes da F1)

NICO ROSBERG

Nascido a 27/06/1985 em Wiesbaden,

Alemanha

Altura: 1,78m

Peso: 71kg

Residência : Mónaco

Idiomas: Alemão, inglês e francês (fala pouco finlandês)

Comida preferida: Pasta

Carro preferido: BMW M3

Música preferida: R&B, Bryan Adams

Livro preferido: não gosta de ler

Ídolos: Michael Schumacher, Muhammad Ali, Richard Branson

Karting

1996 – Campeão Liga Côte D’Azur (Riviera francesa)

1997 – Campeão Francês categoria Minime

1998 – 3º no Campeonato de Itália (Júnior), Campeão norte-americano

1999 – 4º no Campeonato da Europa, 2º no Campeonato de Itália

2000 – Vice-Campeão Europeu (Fórmula A)

2001 – 16º no Campeonato do Mundo (Fórmula Super A)

Monolugares

2002 – Campeão Fórmula BMW (9 vitórias), testa um F1 da Williams

2003 – 8º na Fórmula 3 Euroseries (1 vitória)

2004 – 4º na Fórmula 3 Euroseries (3 vitórias), vencedor Macau-Bahrein Challenge Cup, testa com a Arden (F3000)

2005 – Campeão GP2 Series (5 vitórias), piloto de testes da Williams

2006 – 2016 – Fórmula 1 – Campeão em 2016

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831ABO
831ABO
3 anos atrás

Parei de ler aqui:
«Na hora de escolher uma bandeira para o filho, a perspicácia do pai Rosberg terá levado em linha de conta que a Alemanha tem os ‘colossos’ Mercedes e BMW fortemente envolvidos na Fórmula 1 e que estava desejosa de encontrar o sucessor de Michael Schumacher.»
Portanto, em 1985 o cidadão finlandês Keijo Erik Rosberg já sabia que a Alemanha estava à procura de um sucessor para um campeão… cujo primeiro título data de 1994. Brilhante!

driver-on-track
driver-on-track
Reply to  831ABO
3 anos atrás

excelente a sua observação…. é só perolas … que falta de rigor… medonho.

Frenando_Afondo™
Frenando_Afondo™
Reply to  831ABO
3 anos atrás

Isso explica como os alemães ganham tanta coisa, estão muito à frente! lol

z
z
Reply to  831ABO
3 anos atrás

Ele descubriu isso uns anos antes e por isso é que se casou com uma alemã em 1983 😉

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