GP Hungria F1: Verstappen: do desastre ao segundo lugar

Por a 20 Julho 2020 18:04

A Red Bull chegava a Hungaroring motivada para um fim-de-semana em que esperava lutar pela vitória no Grande Prémio da Hungria, mas depois de três dias de contrariedades, o segundo lugar de Max Verstappen, atrás de um inalcançável Lewis Hamilton, acabou por ser o melhor que conseguiu e um alívio para os homens da estrutura de Milton Keynes.

As duas primeiras provas no Red Bull Ring mostraram que os Mercedes W11 eram superiores em recta e nas curvas de alta velocidade, ao passo que os Red Bull RB16 Honda tinha vantagem nas curvas de média e baixa velocidade.

Face a este cenário, Max Verstappen e Alex Albon estavam entusiasmados com as suas expectativas para o Grande Prémio da Hungria, até porque Hungaroring presenteia pilotos e equipas com elevadas temperaturas, condições em que os Mercedes continuam a demonstrar algumas dificuldades.

Porém, para desilusão da Red Bull, este ano o circuito situado nos arredores de Budapeste apresentou-se sob céu cinzento, com a chuva sempre a espreitar, e com temperaturas temperadas, deixando os homens da Mercedes com um sorriso ainda mais confiante.

Contudo, dificilmente os membros da equipa esperariam tantas dificuldades para os seus pilotos, que se foram queixando do comportamento imprevisível do RB16, tendo de lidar com subviragem e sobreviragem ao longo do traçado de catorze curvas distribuídas por 4,381 quilómetros.

A chuva na segunda sessão de treinos-livres não ajudou à causa da Red Bull e, se na sexta-feira Verstappen e Albon não tinham vida fácil, no sábado a situação agravava-se.

Numa qualificação disputada com a pista seca sob ameaça de chuva, a desilusão abatia-se sobre a boxe da equipa de Milton Keynes, com o holandês a não conseguir melhor que o sétimo posto da grelha de partida, atrás dos dois Mercedes, dos dois Racing Point e dos dois Ferrari, ao passo que o tailandês era eliminado na Q2, sendo relegado para o décimo terceiro lugar.

Por seu lado, os Mercedes destruíam, uma vez mais, a oposição, conquistando Lewis Hamilton a sua 90ª pole-position, ao deixar Valtteri Bottas a pouco mais de um décimo de segundo, enquanto Lance Stroll, o terceiro mais rápido, ficava a nove décimos do “poleman”. Mas verdadeiramente impressionante era a distância de Verstappen para o inglês, que se cifrou em quase segundo e meio.

Estes números são ainda mais perturbadores se levarmos em consideração que Verstappen perdeu 0,277s para a sua pole-position do ano passado, ao passo que Mercedes (1,143s), Racing Point (2,732s) e até a Ferrari exibiram uma evolução relativamente às melhores marcas que realizaram na qualificação de 2019.

Os sete trabalhos da Red Bull

A expectativas da Red Bull baixavam dramaticamente no sábado à tarde, uma vez que, a arrancar de sétimo num circuito como o de Hungaroring, dificilmente o pódio poderia estar nas cogitações da equipa.

Mas se Christian Horner pensava que dificilmente seria possível ir mais fundo, Verstappen provaria o contrário no domingo ainda antes da corrida.

Com a pista húmida da chuva que tinha caído durante a manhã, Verstappen não conseguiu evitar uma saída de pista quando se dirigia para a pré-grelha de partida, danificando a asa dianteira, completamente partida, e a suspensão anterior esquerda.

O holandês conseguiu colocar o carro em andamento e seguir para a pré-grelha de partida, mas os extensos danos no RB16 Honda, diversos tirantes da suspensão partida, apontavam para o abandono, o que terminaria com um fim-de-semana miserável para o jovem de vinte e dois anos.

Contudo, a sua equipa mostrou que, muito embora esteja a passar por dificuldades, não estava para ver o seu carro desistir antes da corrida começar e, num esforço conjunto, em que a precisão, rapidez e conhecimento estiveram de mãos dadas, os mecânicos de Milton Keynes conseguiram em vinte minutos recuperar o monolugar, permitindo a Verstappen alinhar para a corrida de domingo por vinte e cinco segundos.

O arranque, ainda com a pista húmida, obrigou a que os pneus intermédios fossem os escolhidos e, enquanto Hamilton se lançava para o comando sem dificuldades, Bottas distraía-se com uma luz no display do seu volante, deixando o seu Mercedes movimentar-se. O finlandês travou o seu carro para evitar uma falsa partida, mas quando as luzes dos semáforos se apagaram, foi engolido pelo pelotão, caindo para sétimo. Por seu lado, Verstappen agradecia o esforço da sua equipa com um bom arranque que o atirava para o terceiro posto, atrás de Stroll, depois de se ter batido com Sebastian Vettel nas primeiras duas curvas.

Apesar de a vitória estar num patamar distante, tal o andamento evidenciado por Hamilton desde os primeiros momentos, um lugar no pódio parecia agora estar ao alcance de Verstappen, que contava com o atraso inicial de Bottas para tentar bater um dos Mercedes.

Para isso, o holandês voltou a contar com a sua equipa, que, quando a pista ficou em condições para pneus slicks, logo na segunda volta, atrasou a entrada do seu piloto nas boxes para a quarta, para evitar o muito tráfego que se verificava no ‘pit-lane’ – Vettel e Carlos Sainz perderam muito tempo devido aos muitos carros que circulavam na via das boxes – o que foi determinante para que superasse os dois Haas – que montaram pneus para seco na volta de aquecimento – e Stroll, ascendendo a segundo, ainda que distante de Lewis Hamilton.

O inglês dominou completamente toda a corrida, construindo uma vantagem superior a vinte e sete segundos para o seu perseguidor, o que lhe permitiu realizar uma segunda paragem, para montar pneus macios usados, e conquistar o ponto oferecido pela volta mais rápida.

Hamilton imbatível

Hamilton mostrava, uma outra vez, o porquê de ser considerado o melhor piloto da actualidade, esmagando a oposição e deixando bem claro ao seu colega de equipa que, para o bater terá de ser perfeito, o que não aconteceu no Hungaroring, garantindo o inglês a sua segunda vitória da temporada e o seu oitavo triunfo no Grande Prémio da Hungria – um recorde.

Bottas por seu lado tinha ainda muito trabalho pela frente para chegar ao pódio.

Quando saiu das boxes, depois de na segunda volta ter montado borrachas médias novas, o finlandês tinha Charles Leclerc, Lance Stroll e os dois Haas entre si e Verstappen e, se os carros animados pelas unidades de potência Ferrari não foram um problema, já suplantar o Racing Point, mostrou-se mais difícil.

A Mercedes teve de recorrer ao “undercut”, na trigésima terceira volta, para suplantar o canadiano, mas então, estava a dezassete segundos do holandês, não se apresentando uma tarefa fácil garantir a segunda dobradinha da temporada para a equipa de Brackley.

Na quadragésima oitava volta Bottas estava já a apenas dois segundos do seu adversário, mas com pneus já bastante desgastados, ultrapassar o Red Bull parecia demasiado complicado.

Sem que perdesse o terceiro lugar, caso optasse por uma terceira paragem nas boxes, a Mercedes arriscou na táctica que no ano passado deu a vitória a Lewis Hamilton no Grande Prémio da Hungria, e chamou o seu piloto para lhe montar pneus duros novos para as últimas vinte e uma voltas.

Os tempos que realizou depois de ter saído das boxes deixavam no ar a reedição do que se viu o ano passado, mas Verstappen foi gerindo magistralmente os pneus, conseguindo evitar a aproximação final de Bottas para conquistar um segundo lugar que, hora meia antes, parecia ser inalcançável.

Mais uma volta e talvez o piloto da Mercedes tivesse conseguido suplantar o jovem da Red Bull, mas no final tinha de se contentar com o terceiro posto a apenas sete décimos de segundo do segundo lugar. A Red Bull não concretizou as suas fundadas expectativas para a Hungria, mas num esforço de equipa e com Verstappen a superar as limitações do seu monolugar, conseguiu aproveitar as dificuldades de Bottas para dividir os dois Mercedes, o que nos momentos que antecederam a corrida parecia altamente improvável.

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Daniel Sousa
Daniel Sousa
3 anos atrás

Acho que o Bottas perdeu demasiado tempo nas dobragens. Acredito que teria uma ou duas voltas bónus se dobrasse rapidamente

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