GP dos Países Baixos F1: Gasly e Alpine irrepreensíveis

A Alpine tem estado sob os holofotes, normalmente não pelos melhores motivos, mas no Grande Prémio dos Países Baixos, enquanto diversas equipas erravam estrategicamente, a formação do construtor gaulês esteve em grande nível e Pierre Gasly conquistou um merecido pódio.

A equipa de Enstone chegou a Zandvoort ainda sem um chefe de equipa definitivo, mantendo-se Bruno Famin a ocupar o lugar interinamente, crescendo a ideia de que a Alpine continua sem um rumo, depois de as altas esferas da marca considerarem que o grande problema da estrutura de Fórmula 1 é a execução durante os fins-de-semana de corrida.

A prova neerlandesa, devido às incertezas climatéricas que se fizeram sentir, sobretudo no sábado e no domingo, acabaria por ser um teste a todas as equipas quanto a sua capacidade de reagir rapidamente e de forma correcta, o que poderia expor as debilidades de algumas estruturas, incluindo as da Alpine.

A qualificação não correu da melhor forma à formação do construtor francês, tendo Esteban Ocon sido eliminado logo na Q1, ao passo que Pierre Gasly não ia além de décimo segundo.

Perante este cenário, parecia que a Alpine estaria longe de poder alcançar os resultados que ambiciona, até porque foram cometidos alguns erros de gestão durante a sessão que definiu a grelha de partida.

Porém, a corrida acabaria por oferecer as oportunidades para que a Alpine se pudesse redimir, beneficiando ainda dos erros de algumas das equipas que tinham carros à frente de Gasly.

O francês protagonizou um arranque sem grandes dramas, ganhando uma posição a Logan Sargeant, que pela primeira vez chegou à Q3, mas com a chegada da chuva o novo recruta da Alpine distinguiu-se, comunicando em tempo útil ao ‘pit-wall’, na entrada para a última curva, que iria entrar nas boxes para montar pneus intermédios.

Enquanto a McLaren, a Mercedes e a Williams mantinham os seus pilotos em pista, apostando num aguaceiro rápido, a formação de Enstone colocava-se em situação de se bater pelos lugares atrás dos Red Bull e de Fernando Alonso.

O grande rival de Gasly acabaria por ser Carlos Sainz, que se manteve no escape do Alpine ao longo de quase todo o primeiro ‘stint’ de slicks – entre a décima primeira e quadragésima primeira voltas.

Neste período, pareceu que o Ferrari estava mais rápido que o carro da formação do construtor francês, mas sem nunca conseguir suplantá-lo, o espanhol criou um espaço de três segundos e meio para o seu adversário para poupar pneus.

A formação de Maranello tentou um ‘undercut’ agressivo, chamando o seu piloto na quadragésima primeira volta, mas a Alpine não respondeu, deixando o seu recruta em pista até à quadragésima sexta.

A ‘Scuderia’ parecia ter batido a sua rival, mas esta estava segura das suas capacidades. Gasly saiu das boxes a quase quatro segundos de Sainz, mas com pneus novos, contra usados e já com cinco voltas do espanhol. Nestas condições, ao fim de dez voltas o recruta da Alpine estava em cima do piloto da Ferrari.

Porém, ultrapassar seria uma tarefa diferente e a velocidade de ponta do carro de Maranello deixava Sainz ao abrigo de qualquer ataque de Gasly, muito embora este tivesse o DRS à sua disposição. Só na sexagésima volta o francês conseguiria suplantar o espanhol, por fora na Tarzan, mas logo de seguida a chuva voltou, colocando em risco o quarto posto do piloto da Alpine.

Mas uma vez mais, toda a equipa tomou a decisão no momento certo, chamando Gasly às boxes no final da sexagésima volta para montar pneus intermédios, mantendo o quarto posto, o que foi determinante para que pudesse beneficiar dos erros de Pérez para subir ao terceiro lugar e garantir um pódio para a equipa.

Num dia em que tomar as decisões certas no momento certo era de capital importância, a Alpine esteve ao seu melhor nível, mas apontar este sucesso a qualquer alteração realizada na forma de operar da equipa depois da saída de Otmar Szafnauer e de Alan Permane, será prematuro.