Fórmula 1: Quem paga a entrada da Andretti?

Por a 18 Novembro 2023 13:32

A Andretti conseguiu um fornecedor de motores oficial, a GM através da Cadillac, ainda que apenas em 2028, mas ainda assim, as equipas não mostraram compaixão pela equipa americana, estando contra a sua presença na grelha de partida.

Desde que Michael Andretti demonstrou interesse em integrar a grelha de partida do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 que houve resistência da parte das atuais concorrentes e da FOM, apontando que, para uma nova estrutura fazer parte do ‘Grande Circo’, teria de adicionar algo palpável ao certame.

Num primeiro momento foi dito que apenas as equipas relacionadas com um grande construtor automóvel poderiam levar para o ‘mundo dos Grandes Prémios’ algo de relevante.

A Andretti assegurou o apoio da GM, o quinto maior construtor do mundo, através da Cadillac, mas sem um programa para conceber e construir a sua própria unidade de potência, a ligação entre as duas entidades norte-americanas deixou muitas dúvidas às equipas e à FOM, que continuaram a evidenciar relutância em aceitar a candidatura da Andretti mesmo depois de esta ter sido aceite pela FIA.

Para não deixar dúvidas quanto ao envolvimento da GM no projeto do ex-piloto americano, era preciso que a ‘Grande de Detroit’ se assumisse como construtor de unidades de potência.

Então, no início desta semana, a GM inscreveu-se como construtor de motores para a temporada de 2028, preenchendo a última exigência para que a candidatura da Andretti fosse levada a sério por todos os intervenientes na Fórmula 1.

Poder-se-ia esperar que as equipas e a FOM mudassem a sua opinião sobre o projeto americano, que poderia ter um impacto positivo na forma como a categoria máxima é vista no maior mercado do mundo.

No entanto, parece que não!

Parece haver unanimidade quanto à entrada da Cadillac como fornecedora de unidades de potência, mas quanto ao ingresso da Andretti a resistência mantém-se. “Penso que todos os novos fornecedores de motores são bem-vindos. Mas a história não é a mesma com a décima primeira equipa. São duas questões separada. Penso que a verdadeira questão está no fornecedor de motores e estamos abertos a ter um novo fornecedor de motores”, afirmou Frédéric Vasseur.

Toto Wolff vai ainda mais longe, apontando que é desconhecido o que a Andretti poderá levar para a Fórmula 1 para além de diluir os prémios monetários de todas as equipas já existentes. “A GM é um dos grandes jogadores, sem dúvida, e penso que, se querem entrar na categoria, é a sério”, começou por dizer o chefe de e equipa da Mercedes, que prosseguiu: “é um bom empenho. Mas temos de ver se o detentor dos direitos comerciais considera ser uma boa entrada ou não. Para muitas equipas é uma grande diluição (n.d.r.: dos prémios monetários) que pode fazer a diferença entre grandes perdas e perdas menores e eu não mudei de opinião sobre isso.

Não vi dados. Só porque dizem que ‘vai ser fantástico’ – onde estão as justificações? Quais são os números? Quanto podemos ganhar em popularidade? Qual o valor do nome? Quanto mais ficará a nossa categoria mais atrativa?

Quais são os factos? Se todos estes factos são positivos, não tenho dúvidas de que a Fórmula 1 considerá-los-á dessa forma”.

Se as equipas maiores, mais bem financiadas, torcem o nariz à Andretti, para as mais pequenas, para quem o dinheiro distribuído pela FOM tem um peso significativo nas suas finanças, estão ainda mais desinteressadas na chegada dos americanos, uma vez que isso significaria cofres menos cheios.

Acresce ainda que, a entrada de um novo construtor de motores é uma oportunidade para uma destas estruturas assegurar um contrato de fornecimento oficial, que para além de lhe dar um outro estatuto, permite também poupar a quantia a despender por unidades de potência em regime de cliente.

James Vowles, que já deixou escapar há algumas semanas que gostaria de ter a Cadillac a fornecer motores à Williams, foi bem claro. “A GM, penso eu, é uma boa companhia para trazer para a nossa categoria. Não tivemos negociações com ela, mas penso que é o tipo de companhia, o tipo de construtor automóvel, que fará crescer a nossa categoria como resultado.

Mas a minha visão não se alterou quanto à décima primeira equipa, na sua essência. Tudo tem a ver com as finanças da Williams, que é onde está o meu foco”, afirmou o chefe de equipa da formação de Grove.

Gunther Steiner mostra também resistência à entrada da Andretti, levantando ainda outra questão – a do timing da entrada da equipa norte-americana. “São boas notícias a GM querer entrar na Fórmula 1. Não conheço os detalhes exatos de como este processo funciona, dado que nunca na minha vida estive interessado em fazer um motor.

Não sei se muda alguma coisa, porque não conheço os pormenores. É para 2028. O que acontece até 2028?”, concluiu o italiano da Haas, questionando se a Andretti deveria entrar em 2025, como planeia, ou apenas quando tem as unidades de potência da Cadillac, em 2028.

A questão é evidente – as equipas e a FOM não querem perder dinheiro, ao passo que a FIA está segura de que não terá de ceder a entrada da quantia que recebe do bolo.

A FIA está confiante de que a Andretti com o apoio da Cadillac será uma mais-valia para a categoria máxima, ao passo que as equipas e a FOM não estão tão seguras disso, não querendo ver os seus ganhos financeiros reduzidos.

O que fica por saber é quem paga a entrada da Andretti – estaria a FIA aberta a pagar a entrada da equipa americana? Dificilmente…

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