Fórmula 1: O que deverá fazer a FIA?

Por a 3 Outubro 2022 15:38

Depois de duas semanas de interregno, a Fórmula 1 regressou às pistas, mas o grande tema de conversão não foi a competição, antes a eventual violação das regras do teto orçamental por parte da Red Bull, o que, a verificar-se, criará alguns problemas à FIA e à categoria máxima.

Em 2021 foi introduzido o regulamento que limita o gasto das equipas nas suas atividades com impacto competitivo, que cobre a conceção, desenvolvimento, construção e a operação de dois carros ao longo de toda a temporada com o intuito de nivelar as capacidades financeiras de cada uma delas e assim, todas estarem numa plataforma de igualdade.

Ao longo da temporada passada cada equipa tinha a possibilidade de gastar 145 milhões de dólares, tendo de apresentar à FIA os dados da sua contabilidade até ao dia 31 de Março deste ano para que a entidade federativa verificasse se todos os procedimentos legais tinham sido seguidos e se o tecto orçamental tinha sido respeitado.

É nesta fase que estamos atualmente, estando os técnicos da federação a avaliar as contas das dez equipas para lhes poder dar os ansiados certificados que provam tudo está bem.

No entanto, nos últimos dias surgiram rumores que apontam que duas delas terão ultrapassado os 145 milhões de dólares que podiam gastar – num dos casos, segundos os boatos, será uma questão procedimental, mas no outro terá havido um excesso de cerca de 5%, o que significa mais 7,25 milhões de dólares.

De acordo com os mesmos rumores, as equipas em questão são a Aston Martin e a Red Bull e se no caso da primeira as questões que se levantam são menos polémicas, no caso da segunda, são muitos os problemas que se apresentam, uma vez que esta venceu o Campeonato de Pilotos.

Um excesso de 5% do orçamento, de acordo com o regulamento, significa uma violação menor, mas o valor nominal, cerca de 7,25 milhões de euros, permite pagar o vencimento de algumas dezenas de técnicos ou mais tempo no túnel de vento, podendo, segundo algumas vozes no paddock, significar um ganho de cerca de 0,5s por volta – um valor significativo e que pode determinar a competitividade de um carro ou falta dela.

Para estes casos, a FIA prevê, depois de uma audição com a equipa em questão e caso seja provado que violou o tecto orçamental, a dedução de pontos, ou penalizações pecuniárias.

Independentemente de quais forem as equipas, este tipo de violações, antes de mais minam a confiança que existe no tecto orçamental e criam a suspeita de que algumas equipas estão a aproveitar-se da situação, caso não sejam exemplarmente penalizadas.

Para além disso, se uma equipa ultrapassa o tecto orçamental, a sua vantagem não se resume apenas a uma temporada, dado que o conhecimento adquirido será um ponto de partida para um desenvolvimento para épocas seguintes – como todos sabemos, o conhecimento gera conhecimento, sendo uma progressão geométrica.

Ou seja, uma equipa que tenha gastado mais sete milhões de euros em 2021, terá beneficiado nesse ano, dado ter ficado com maior liquidez para desenvolver o seu carro corrente, mas também terá ficado com um orçamento mais folgado para conceber o seu monolugar deste ano, tendo o conhecimento adquirido lhe dado uma plataforma mais elevada para o seu projecto de 2023.

A grande questão será, a verificar-se a violação da Red Bull, como será penalizada a equipa que venceu o Campeonato do Mundo de Pilotos de 2021 através de Max Verstappen.

Se a FIA decidir retirar pontos à equipa, isso pouca relevância terá, uma vez que não venceu o Campeonato de Construtores, mas a sua violação terá permitido ao holandês conquistar o ceptro.

Se decidir tirar pontos ao piloto, retirar um título quase um ano depois será uma situação longe do ideal, uma vez que, qualquer campeonato ficará apenas definitivamente homologado meses depois, desvalorizando o que se passa em pista, algo que deve ser evitado a todo o custo.

Para além disso, o piloto em questão, no caso Verstappen, certamente que não estará ao corrente das finanças da sua equipa, não sendo tido nem achado numa hipotética violação do tecto orçamental. Seria, portanto, justo penalizar o piloto? Por outro lado, venceu um campeonato beneficiando de um carro que foi alvo de um desenvolvimento ilícito…

É preciso também ter em conta que, se alvo do da dedução de pontos for o campeonato do ano passado, a Red Bull, caso se confirme que tenha violado o tecto orçamental, gozará de uma vantagem duradoura que poderá ir até mais duas temporadas, o que a colocaria numa posição privilegiada relativamente às suas adversárias.

Esta é a questão que a FIA tem de resolver caso se verifiquem os boatos que correm no paddock de Singapura.

Talvez a situação mais justa seria deduzir uma quantia financeira substancial aos orçamentos dos próximos anos da Red Bull, se esta de facto, ultrapassou os 145 milhões de dólares na sua temporada de 2021.

Dessa forma, os resultados do Campeonato de Pilotos de 2021 seriam salvaguardados e a vantagem técnica que ganhou para 2022 e 2023 seria erodida nos próximos anos. Mas teria de ser uma dedução pecuniária exemplar para dissuadir que outras equipas possam fazer o mesmo no futuro e ganhar alguns títulos por beneficiar da violação dos regulamentos financeiros.

Mas esta semana deve haver novidades quanto às questões que se levantaram em Singapura…

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Vagueante
Vagueante
1 ano atrás

Talvez a situação mais justa seria deduzir uma quantia financeira substancial aos orçamentos dos próximos anos da Red Bull, se esta de facto, ultrapassou os 145 milhões de dólares na sua temporada de 2021.” Será a mais racional e lógica. Iria causar ainda mais confusão depois do que aconteceu no ano passado, retirar o titulo ao Max, que nisto tudo não tem culpa do que aconteceu,

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