Fórmula 1: desporto ou Hollywood?
Parece que a Fórmula 1 e os adeptos não conseguem lidar com situações de Safety-Car nas últimas voltas e, depois da polémica do ano passado em Yas Marina, este ano em Monza voltou a haver desagrado com a forma como o final do Grande Prémio de Itália se desenrolou.
Daniel Ricciardo, com a unidade de potência Mercedes do seu McLaren a entregar a sua alma ao Criador quando faltavam sete voltas para o fim da corrida, recordou o que se passou no ano passado no Grande Prémio de Abu Dhabi e que deu o título a Max Verstappen, o que tanta celeuma causou.
Na altura, como é sobejamente conhecido por todos, Michael Masi interpretou as regras de uma forma que permitisse realizar uma volta de corrida em condições competitivas.
O australiano, que, entretanto, caiu em desgraça e voltou para a Austrália, apenas cumpriu um acordo tácito entre todos os chefes de equipa que privilegiava a ideia de garantir, por todas as formas, um final sem o Safety-Car em pista.
Verstappen aproveitou para ultrapassar Lewis Hamilton, vencer a corrida e, dessa forma, conquistar o título de 2021, criando um manto de polémica que, na verdade, ainda não está completamente sanada, com Toto Wolff a trazer à superfície o assunto de tempos a tempos.
No passado domingo, em Monza, todo os procedimentos foram seguidos à risca sem qualquer interpretação, o que levou a que o Grande Prémio de Itália terminasse em situação de Safety-Car, criando burburinho nas bancadas e no paddock, com diversas vozes a levantarem-se quanto à forma como foi dada a bandeira de xadrez.
Rapidamente se levantaram vozes ‘gritando’ que a corrida deveria ser interrompida e reiniciada com um arranque clássico ou que a menos de cinco voltas do final, qualquer prova deveria ser parada com bandeira vermelha quando em situação de Safety-Car para garantir que existiria um final competitivo e com lutas em pista.
No fundo, com este procedimento, criar-se-ia uma corrida sprint de 20 km, depois de uma de cerca de 280km que apenas serviria para definir a grelha de partida para as últimas cinco voltas.
Ou seja, um piloto que dominasse um Grande Prémio, como foi o caso de Hamilton em Abu Dhabi e Verstappen em Monza, estaria sempre numa situação de risco, depois de se ter mostrado o melhor em pista ao longo de quase 300km de competição.
Seria justo desportivamente?
Hoje em dia, é impossível, devido a questões de segurança, deixar carros nas escapatórias, como acontecia nos 1980 – basta aceder aos arquivos da F 1 TV, onde se podem ver todas as corridas desde há quarenta anos para ver inúmeros monolugares a habitar nas bordas das pistas – e sabemos que nessas circunstâncias um Safety-Car pode prejudicar ou beneficiar um piloto, mas parar uma corrida com bandeiras vermelhas, sem que seja necessário, só para dar um final ‘hollywoodesco’ é ir demasiado longe.
Apesar de tudo, a Fórmula 1 é ainda um desporto e o melhor tem de vencer cada uma das corridas e não o que mais sorte teve.
Todos os adeptos de automobilismo querem ver corridas disputadas até ao último instante, mas criar na categoria máxima do desporto automóvel uma regra semelhante à da NASCAR, que garante sempre um final de corrida com bandeiras verdes, seria dar um passo a mais no sentido do espetáculo em detrimento do desporto e os fãs que estão nas bancadas e à frente dos televisores têm de entender isso.
Uma coisa é as circunstâncias nos darem um final digno de Hollywood, outra, completamente diferente, é criarem-se artificialmente as condições para termos recorrentes finais à Hollywood…
Muito bem!
Uma voz sensata!
Seria muito bom não estivesse construído há volta duma enorme falácia! Dar bandeira vermelha é “criar uma corrida sprint”, injustamente desportivo porque perderia toda a vantagem. Qual é a diferença para a entrada de safety car, rodar 10 voltas atrás do safety car e recomeçar a corrida? O piloto que dominava a corrida por completo não perdeu a sua vantagem toda e não passa a estar em risco de no recomeço ser ultrapassado? Ou a bem dessa sua justiça desportiva e contra esses finais “à Hollywood” se entrar o safety car, então deve continuar até ao fim? Quando entra o… Ler mais »
Incorreto. A bandeira vermelha permite a todos prepararem melhor o carro, como seja reparar pequnos toques como trocar pneus, o SC, permite decisões estratégicas e rapidez nas mesmas qie podem ou não alterar as condições de cada um relativamente ao outro
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