F1: Poeira ‘assentou’ no caso Andretti/Cadillac

Por a 26 Janeiro 2023 09:15

A poeira levantada pela candidatura da Andretti/GM/Cadillac assentou, ficando no ar a ideia da continuação da resistência à entrada dos norte-americanos por parte do paddock e uma guerra surda entre a FIA e a FOM que parece estar em processo de escalada.

Há mais de um ano que a família Andretti tenta entrar na categoria máxima do desporto automóvel, tendo vindo a encontrar dificuldades, desde que um acordo para comprar a Sauber, no final de 2021, se desmoronou.

Desde então, tem vindo a trabalhar para encontrar apoios no seio da Fórmula 1 para poder assegurar a décima primeira vaga, mas não tem sido fácil, recebendo forte resistência da generalidade das equipas, tendo apenas como aliadas a McLaren, pela proximidade de Zak Brown à família, e a Alpine, que lhe pretende fornecer motores através da Renault.

Das restantes, a justificação era a de que a Andretti teria de levar para a categoria algo extra para lá de apenas mais uma equipa, algo que foi consubstanciado pela FOM, apontando que os construtores de automóveis teriam prioridade para aceder à grelha de partida.

Provavelmente, Stefano Domenicali e as equipas alinhadas com ele sobre este assunto nunca esperaram que os Andretti conseguissem o apoio de um grande construtor, mas foi o que fizeram, obtendo o respaldo da GM, que deseja entrar na Fórmula 1 com a Cadillac.

Este apoio levou a que a FIA, por intermédio do seu presidente, abrisse um processo de avaliação de candidatos a ter uma equipa de Fórmula 1.

O timing de Mohamed Ben Sulayem não é inocente – seguramente que não foi surpreendido pela entrada da GM no projecto da Andretti Global, tendo aberto o processo por saber que esta tinha o grande construtor do seu lado.

Este alinhamento do presidente da FIA com os homens da candidatura americana ficou bem evidente quando se insurgiu com a forma fria e distante como a generalidade das equipas e a própria FOM reagiram ao anúncio da Andretti e da GM, contrastando com a receptividade de braços abertos de que foram alvo a Audi e a Porsche, que afinal não conseguiu uma forma de entrar na Fórmula 1, pelo menos para já.

As dúvidas que subsistem quanto ao projecto da Andretti com a GM, através da Cadillac, centram-se em que tipo de envolvimento americano terá em toda a estrutura.

Sabe-se que, pelo menos inicialmente, a potencial nova equipa usaria unidades de potência da Renault que poderiam ser rebatizadas de Cadillac, não havendo um envolvimento técnico da parte do segundo maior construtor americano.

A maior parte das equipas e a FOM temem que a Andretti utilize a GM como Cavalo de Troia para entrar no paddock da Fórmula 1, para que depois esta decresça o seu envolvimento progressivamente, deixando a equipa da família mais famosa do automobilismo norte-americano como uma entidade independente, como qualquer outra equipa sem ligações a um grande construtor automóvel.

De um lado, temos a FIA, que vê na chegada da GM uma mais-valia, e a Andretti, que sente que preenche todos os requisitos para assegurar um lugar na grelha de partida, e do outro as equipas e a FOM que têm dúvidas quanto ao envolvimento do construtor que apoia todo o projecto.

A candidatura tem de ser totalmente explicada à FIA, o financiamento, a parceria que a GM terá na estrutura, a sustentabilidade, etc. No entanto, esta informação não tem de chegar obrigatoriamente às equipas.

Uma forma que Michael Andretti e a Cadillac poderiam ter para explicar todo o projecto aos que têm reticências quanto a entrada na Fórmula 1 da equipa norte-americana seria realizar uma apresentação em sede de Comissão de F1.

Se o americano está seguro do seu projecto, não perde nada em partilhar a informação que poderá ser determinante para colocar os seus críticos do seu lado.

Para a Fórmula 1, a entrada de um grande construtor americano para a grelha de partida, ainda por cima ligado a um dos nomes mais famosos das corridas dos ‘States’, só pode ser uma mais-valia, sobretudo num momento em que a categoria sofre uma explosão de popularidade do outro lado do Atlântico Norte, como nunca viveu.

A entrada da Andretti Cadillac só iria sedimentar este crescimento, principalmente se tivesse um piloto americano num dos seus carros, como parece ser o caso, com Colton Herta.

Seria, portanto, benéfico que os homens da Andretti Global fossem o mais transparentes possível e que a FOM e a FIA não guerreassem por poder, pelo menos, nesta frente.

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