F1: As diabruras de Grosjean

Por a 17 Maio 2018 12:01

Três lugares de penalização na grelha de partida para o GP do Mónaco e três pontos na licença desportiva. Foi esta a dimensão do puxão de orelhas que os comissários desportivos do GP de Espanha deram à Romain Grosjean depois do acidente da primeira volta da corrida espanhola.

O francês da Haas foi surpreendido pelo seu colega de equipa, Kevin Magnussen, teve de levantar o pé e não evitou entrar em pião. Até aqui, nada de reprovável. Porém… “acho que não havia muito que pudesse fazer. Se tivesse travado, o carro teria deslizado na mesma. Quando entrei em pião mantive o pé no acelerador para tentar evitar ficar de frente para o pelotão. Não resultou, mas não creio que tivesse feito diferente. É um reflexo humano! Se pensarem em Nico Rosberg em 2016 e em Michael Schumacher em 2010” defendeu-se o francês “percebem que foi um reflexo. Se tivesse travado, teria ficado no meio da pista e o resultado seria o mesmo. Infelizmente, assim que o carro começou a recuar de regresso à pista era complicado parar.”

A pergunta que todos fazem é: mas afinal, o que é que passou pela cabeça do Grosjean para cometer um erro destes que poderia ter tido consequências bem mais dramáticas?

Fui ao baú das recordações e tirei de lá um exemplo que é muito semelhante ao que sucedeu com Grosjean. O ano é 2007, o circuito era o traçado de Hockenheim, protagonistas Tom Kristensen e Alexandre Prémat. As partidas do DTM eram, sempre, muito complicadas e o dinamarquês não arrancou bem e ficou no meio do pelotão. Poucas centenas de metros após a abertura dos semáforos, Kristensen fez um pião no meio do pelotão e não tirou o pé do acelerador, convicto que iria resolver a questão sem problemas. A nuvem de fumo que gerou e o facto de muitos carros ainda estarem a chegar à zona onde estava o Audi A4 DTM, potenciou um acidente que atirou para o hospital Tom Kristensen e Alexandre Prémat. O dinamarquês sai no mesmo dia pois não tinham mais que umas valentes nódoas negras, já o francês ficou mais uns dias hospedado no hospital.

A dinâmica do acidente foi semelhante – pode ver neste link as imagens da prova do DTM 2007 – no caso de Grosjean tudo não passou de um forte impacto nas esperanças de Nico Hulkenberg (Renault) e Pierre Gasly (Toto Rosso/Honda) em ficarem nos pontos e mais uma enorme nódoa negra no currículo de Romain Grosjean.

Já não é a primeira vez que o francês se vê envolvido em acidentes violentos e teve muita sorte em não voltar a ser “estacionado” pela FIA, como sucedeu em 2012. Nessa altura disputava-se o GP da Bélgica em Spa Francorchamps e Romain Grosjean estava na Lotus Renault quando, sem se perceber porque, atravessou-se na frente de Lewis Hamilton. Perdeu o controlo do carro e foi acertar em cheio na frente do Ferrari de Fernando Alonso, falhando a cabeça do espanhol por muito pouco. “Cometi um erro de julgamento pensando que já o tinha (Lewis Hamilton) passado. Foi um pequeno erro que deu origem a um enorme acidente. Peço desculpa a todos e ainda bem que ninguém se magoou” disse na altura Romain Grosjean que acabaria suspenso por uma corrida. A severidade da penalização – que trazia consigo uma multa de 50 mil euros – contabilizou os sete despistes nas primeiras voltas nas doze corridas disputadas naquela temporada. Recordo que Grosjean foi o último piloto a ser penalizado com uma corrida fora do carro, depois de Michael Schumacher ter sido banido de duas corridas após ignorar as bandeiras pretas para ele no GP da Grã Bretanha de 1994.

A fama de “Bad Boy” está-lhe colada ao corpo e os episódios durante os treinos livres sucedem-se, alguns desentendimentos em pista estragam a performance e Romain Grosjean tem de tirar da cabeça que um dia será piloto da Ferrari e manter-se mais concentrado para não fazer burradas como a do GP de Espanha.

José Manuel Costa

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