IMSA: Altos e baixos para Barbosa e Albuquerque

2018 foi um ano marcante para a dupla portuguesa da Action Express no IMSA. João Barbosa e Filipe Albuquerque fizeram o primeiro ano juntos a tempo inteiro e a candidatura ao título, que começou forte, foi perdendo gás ao longo da época, fruto de alguns infortúnios que surgiram no caminho do Cadillac #5.

A temporada 2018 começou da melhor forma possível. A vitória nas 24h de Daytona, conquistada de forma merecida e indiscutível, era um sinal claro que os Cadillac continuavam a ser a referência no IMSA e que a dupla lusa, com Christian Fittipaldi a ajudar nas provas da Endurance Cup, tinha tudo para ser feliz. Sebring trouxe um amargo de boca e depois de uma qualificação menos conseguida, a excelente recuperação do trio lusófono foi por água abaixo num incidente com um adversário, que cortou completamente a trajectória a João Barbosa. O Caddilac esteve várias voltas na box a ser reparado, e todas as esperanças de um bom resultado acabaram aí.

Em Long Beach, Barbosa e Albuquerque voltaram ao lugar mais alto do pódio. Uma excelente vitória, alicerçada numa estratégia bem gizada por parte da Action Express, permitiram à dupla lusa conquistarem o merecido triunfo, noutra pista mítica. Seria o último da época, apesar de tudo apontar para o contrário.

Mid-Ohio foi uma prova “remediada” para os nossos compatriotas. Os constantes ajustes no BoP para que os LMP2 se aproximassem das performances dos DPi, foram prejudicando cada vez mais os Cadillac que iam vendo a sua potencia reduzir a cada jornada. Assim, a quarta prova do ano foi daquelas em que se buscou o mal menor. O quarto lugar foi um resultado muito positivo, dado que foram o melhor Cadillac, numa corrida sem qualquer erro, como habitualmente.

Em Detroit a sorte voltou a ser madrasta para as cores nacionais e uma estratégia mais arriscada por parte da equipa, levou o Cadillac #5 a ficar parado a poucos metros da meta, com falta de combustível, resultando num sexto lugar que poderia ter sido bem melhor.  Em Watkins Glen, além do BoP ainda desfavorável, surgiu outra contrariedade… João Barbosa lesionou-se num pulso, numa queda de bicicleta que o obrigaria a ficar duas provas de fora. A falta de potência do Cadillac em relação à concorrência complicou ainda mais as contas a Albuquerque, que teve Fittipaldi e Gabi Chavez como companhia. Mais uma corrida em que a equipa teve de minimizar as perdas e o sexto lugar foi o possivel, aproveitando os deslizes alheios.

Na visita ao Canadá, com o brasileiro Fittipaldi como colega, Albuquerque não conseguiu regressar ao pódio. O ajuste no BoP ainda não era o suficiente para que os protótipos americanos voltassem ao topo e uma qualificação menos conseguida ditou nova corrida de recuperação, que permitiu um excelente quarto lugar, apesar das contrariedades.

Road América marcou o regresso de Barbosa à competição, mas o português teve poucos motivos para festejar. A prova não correu bem à equipa. Albuquerque ainda recuperou até ao segundo posto, depois de largarem de sétimos, mas uma paragem na pior altura e um regresso à pista no meio dos GTLM, deitou por terra o esforço da dupla portuguesa, com o carro a não colaborar (começou a fugir de frente no final da prova). Pior só mesmo em Laguna Seca, com Barbosa a sofrer um toque ainda a corrida não tinha começado, atirando-o contra o muro da recta da meta. Um fim de semana negro, com zero pontos e nova lesão de Barbosa, que teria de faltar a Petit Le Mans.

A última prova do ano foi o reflexo de 2018… bom andamento, muito talento, mas com muito azar à mistura. Albuquerque teve Fittipaldi e Tristan Vautier como colegas e esteve a duas curvas de vencer a prova, mas uma nova falha de combustível na última volta, ditou o final de época inglório.

Se 2018 começou com uma das páginas de ouro do nosso desporto motorizado, acabou com a amarga sensação de que podia ter sido muito melhor. Nunca na sua carreira Barbosa teve de faltar a três corridas. Isso implica a entrada de novas caras e a desestabilização de um equilíbrio indispensável para haja sucesso. E depois o acidente em Sebring, a falha de combustível em  Detroit, o acidente em Laguna Seca e a nova falha de combustível em Road Atlanta são marcos importantes, que ajudaram a definir um desfecho longe do ambicionado.

Apesar disso, João Barbosa e Filipe Albuquerque estiveram ao seu nível… Excelentes. Foram raríssimos os erros (se é que aconteceram de todo), e a inteligência em pista foi sempre nota dominante. Souberam lutar contra as adversidades e contra um BoP que condicionou muito a meio da época. Foram várias as jornadas em que a qualificação não foi a melhor, dada a falta de potência, obrigando a recuperações notáveis, apesar do menor andamento,

Mostraram a força típica dos campeões e a qualidade de quem estará sem dúvida na luta pelo título em 2019. O resultado final não foi o desejado, mas as prestações em pista apenas podem orgulhar quem viu e quem vibrou quando a bandeira nacional foi destaque em Daytona e em Long Beach. A Action Express tem no #5 uma tripulação fortíssima e com a entrada de Pipo Derani ficará com um #31 também em grande nível. Uma luta interna que, tal como este ano, será renhida, mas saudável (espera-se). Resta esperar que Barbosa e Albuquerque tenham gasto o azar todo este ano, para em 2019 trazerem o caneco para casa.