Dakar 2003: o melhor resultado de Carlos Sousa, mas…“aprendi uma grande lição”

Por a 1 Fevereiro 2023 10:24

Há precisamente 20 anos, Carlos Sousa obteve o seu melhor resultado de sempre no Dakar, mas a prova foi bem mais complicada do que o resultado final deixava antever. Recordamos o que se escreveu na altura, da prestação de Carlos Sousa, e do malogrado Henri Magne, que perderia a vida três anos depois, em 2006, num acidente com Nani Roma.

O balanço desta oitava participação de Carlos Sousa no “Dakar” é difícil de fazer. Para muitos – os que assistiram ao desenrolar dos acontecimentos à distância – o português desiludiu, pois nunca conseguiu andar ao ritmo dos primeiros, acabando por ser quarto classificado mais à custa dos azares alheios do que propriamente por mérito próprio.

Para outros – os que acompanharam mais de perto o dia a dia do piloto da Mitsubishi – Carlos Sousa fez aquilo que era possível, tendo em conta as inúmeras adversidades que enfrentou, nomeadamente, um navegador que complicou mais do que alguma vez seria suposto prever.

Mas, para o piloto, o que representou então este quarto lugar, afinal, o seu melhor resultado de sempre na prova? “Não é fácil explicar, até pelas condições em que foi conseguido. Teria obrigatoriamente que recordar aquilo que se passou há três anos, quando poderia ter vencido ou, pelo menos, terminado no pódio, ou então no ano passado, quando o quinto lugar teve um sabor algo insosso, pois não tinha ritmo para os da frente e praticamente limitei-me a cumprir quilómetros. Este ano, eu fui à luta. Andei bem, só que tive muitas complicações pelo meio que talvez as pessoas não se tenham apercebido. De início, admito que tive algumas dificuldades em encontrar o ritmo. Mas a partir do dia de descanso as coisas foram diferentes. Passei a estar nos lugares da frente. Só que os problemas mantiveram-se. Basta afinal lembrar que apenas consegui fazer uma etapa ‘limpa’ ao longo de toda a prova, precisamente aquela em que terminei no quarto lugar”. Mas então e nas outras, o que se passou? “Não interessa estar a enumerar todos os problemas que tivemos, até porque foram tantos que não os conseguiria recordar a todos. Apenas interessa sublinhar que nunca consegui andar o que podia e sabia”.

A este respeito, Carlos Sousa destaca uma importante lição que aprendeu: “Para se vencer, não é só preciso ter o melhor carro, mas ter-se ‘unhas’”. E prossegue: “Andar ao ritmo dos dois pilotos da frente era algo de inatingível. E, para que não hajam dúvidas, sou o primeiro a admitir que, neste momento, mesmo se tivesse um carro como o Peterhansel ou o Masuoka, dificilmente conseguiria andar como eles. Pelo menos, neste tipo de especiais, estupidamente rápidas, e onde a loucura de cada um, aliada à velocidade de ponta dos próprios carros, é que determina as diferenças no relógio. E nesta edição, ao contrário das anteriores, existiam 12 pilotos de primeiro nível, constantemente a discutir os primeiros lugares”.

Magne fez a diferença… pela negativa

Para surpresa de muitos, em especial de Carlos Sousa, o experiente Henri Magne acabou por nunca fazer a esperada diferença ao nível da navegação, tantos foram os erros acumulados ao longo da prova pelo experiente francês, o mesmo que já venceu por duas vezes o “Dakar”, ao cabo de 22 participações. “Acho que era admissível ele ter tido um dia mau, pois até aos melhores pilotos isso aconteceu. O problema é que ele teve muitos dias maus. No final da etapa de sábado, quando nos voltamos a perder, ele próprio reconheceu isso. Estava muito em baixo… Penso que alguém que é reconhecidamente bom naquilo que faz não o pode deixar de ser de um dia para o outro. Ele sabe, a equipa sabe que alguma coisa não esteve bem este ano”. Foi uma decepção? “Não vou dizer que foi uma decepção, mas é claro que esperava muito mais dele. Achei que com a sua experiência pudéssemos fazer a diferença, em especial nestes últimos dias. Ao invés disso, fez a diferença… pela negativa. Neste momento, estou a tentar interiorizar que foi um mau momento, ou um mau episódio”. E quanto ao futuro? “Não posso responder a essa pergunta sem falar primeiramente com os meus patrocinadores”. E mais não disse. Embora também não precisasse!

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