F1: Luca di Montezemolo ‘atira-se’ a Sergio Marchionne

Por a 21 Outubro 2016 15:50

Depois de ter sido afastado por Sergio Marchione da presidência da Ferrari, no final de 2014, Luca di Montezemolo não perde oportunidades para dar valentes alfinetadas em quem o despediu, e tendo em conta que o seu despedimento se fez no sentido de dar à Ferrari novas condições para voltar a ganhar, e os do último ano foram ainda piores do que 2014, Montezemolo tem agora todos os argumentos que precisa para ‘dar na cabeça’ a Marchione: “Na Fórmula 1, é preciso ser humilde o suficiente para saber que não se ganha de um dia para o outro. Se uma pessoa não está certa que pode ganhar, não deve anunciá-lo de forma veemente! Há que ter paciência, ajudando as pessoas a melhorar a situação. Tem que haver confiança na equipa e dar-lhes as melhores condições para que possam alcançar os objetivos” começou por dizer Montezemolo que no entanto apoia Sebastian Vettel: “Desde a primeira reunião que tivemos que percebi que a Ferrari está no seu coração. É importante para a Scuderia ter um piloto que seja tão positivo em momentos tão difíceis”, disse Montezemolo que foi duro com o CEO da Fia, Sergio Marchionne.

Como Marchione fez Montezemolo sair

Luca di Montezemolo teve que abandonar a liderança da Scuderia Ferrari, posto que ocupava desde o final de 1991, em outubro de 2014, isto depois das movimentações para o afastar terem começado meses antes, imediatamente depois de Stefano Domenicali ter abandonado a Scuderia.

Do ponto de vista comercial, tanto a Fiat como Piero Ferrari estavam satisfeitos com os resultados alcançados pela Ferrari, pois a marca italiana continuava a bater recordes de vendas, mas foi a influência permanente de Montezemolo na gestão diária da Scuderia Ferrari que jogou contra o italiano, passando a ser considerado o principal culpado pela ausência de títulos desde que Kimi Raikkonen venceu o Mundial de 2007.

Enquanto Jean Todt e Ross Brawn estiveram na Ferrari, os dois trabalharam muito bem em conjunto para manter Montezemolo fora da gestão quotidiana da Scuderia, mas quando ambos abandonaram a equipa, o presidente da Ferrari impôs a promoção de homens da sua confiança, como Stefano Domenicali, funcionários com boas carreiras mas sem temperamento para lhe fazer frente e mantê-lo afastado do departamento de competição.

Todas as grandes decisões – contratação ou despedimento de pilotos e engenheiros, por exemplo – foram sempre tomadas por Montezemolo, com Domenicali sempre numa posição de subserviência até que, no início de 2014, se recusou a despedir o seu amigo Luca Marmorini e preferiu afastar-se da Ferrari, dando lugar a Marco Mattiacci.

Com os resultados de 2014 a serem francamente desastrosos para os padrões da Ferrari, Sérgio Marchione, homem forte do Grupo Fiat, aproveitou a oportunidade para convencer as famílias Agneli e Elkham a afastar Montezemolo da presidência da marca italiana. O relacionamento entre Marchione e Montezemolo nunca foi dos melhores, pois os dois homens têm formas de atuar e pensar completamente diversas, bem se podendo dizer que Montezemolo representava a Velha Itália enquanto Marchione é um dos lideres duma nova geração, com princípios e ética de trabalho mais adaptadas às novas realidades. Os resultados de Marchione na liderança do Grupo Fiat deram-lhe uma enorme credibilidade interna e, por isso, pode finalmente conseguir afastar Montezemolo, assumindo a presidência da Ferrari.

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can-am
can-am
7 anos atrás

O sr Marchionne da indústria percebe bem, e tem nesse campo provas dadas, onde salvou da falência a Fiat e (talvez) a Alfa Romeo, etc. Meter-se na F1 foi um risco (calculado), que ele deve ter pesado bem, Sinceramente não sei se foi uma promoção,se foi uma despromoção.Depende da perspectiva. O sr Montezemolo esteve à frente da Ferrari no período em que a marca maiores êxitos conseguiu na F1. Esse mérito ninguém lho pode tirar. Embora os métodos por ele utilizados tivessem deixado a desejar no que a ética e fair play dissesse respeito. Uma coisa é certa ; a… Ler mais »

ernie
ernie
Reply to  can-am
7 anos atrás

Bem “metida”! Concordo plenamente. Sinceramente, sempre tenho defendido (sem ser fan), que a Ferrari faz falta à F1 mas não é essencial. Tem carisma e o maior palmarés, mas que tem sido construído ao longo da maior permanência entre todas as equipas que já fizeram ou fazem parte da F1, É preciso não esquecer, que entre os seus recordes, a Ferrari é aquela que tem o maior número de anos consecutivos sem ser campeã depois de já o ter sido: 19 anos sem vencer os construtores e 21 sem vencer os pilotos… Será que merece de facto os previlégios de… Ler mais »

dumberdog
dumberdog
Reply to  can-am
7 anos atrás

Coincidência ou não o certo é que foi o Montezemolo que levou o Lauda para a Scuderia e a Scuderia novamente aos títulos, depois leva o Jean Todt, o Schumy, o Ross Brawn para a Scuderia e esta domina de forma avassaladora. Conivência da FIA? Não me parece. Uma coisa é evidente e não se pode negar: o Luca di Montezemolo tem ampla experiência nestas andanças e fez-se valer disso mesmo para organizar grandes equipas, além disso é um estratega político exímio e sou da opinião que faz falta à Ferrari e à F1.
Cumps.

gillesi
gillesi
7 anos atrás

“…. se fez no sentido de dar à Ferrari novas condições para voltar a ganhar, e os dois últimos anos foram ainda bem piores do que 2014”

“Com os resultados de 2014 a serem francamente desastrosos para os padrões da Ferrari…” os números confirmam o rigor jornalístico desta peça. Gostava ainda de saber a relação entre as vendas de 2015 e 2016 e os resultados desportivos para ver se houve um desastre, embora eu não acredite muito nisso, porque a evolução nas vendas tem estado sempre muito acima dos resultados desportivos. Enfim, está na moda.

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