WRC, Michele Mouton: “Querem saber o que se passa em Portugal?”

Por a 8 Março 2024 16:08

Michele Mouton marcou presença na Cimeira das Mulheres no Desporto Automóvel organizado pelo DirtFish, no seu papel de Delegada de Segurança da FIA, e contou uma história, fazendo um paralelo sobre o que era o passado e o presente e deu como exemplo… o Rali de Portugal.

O Rali de Portugal é mesmo o melhor exemplo do que foram os tempos loucos dos ralis dos ano 80 em que a inconsciência do público era coletiva. É verdade que, provavelmente, ninguém lhes dizia que ‘aquilo’ era muito perigoso, mas a verdade é que ‘aquilo’ fazia parte da festa e do espetáculo e ainda há muita gente que ainda fica hoje com pele de galinha quando recorda esses tempos em que esteve à beira da estrada em troços inúmeros troços perigosos de ralis, e está cá hoje para contar a história.

Do lado de lá estava uma Senhora chama Michele Mouton, que tal como os seus colegas pilotos, tinham que ‘fingir’ que ‘aquilo’ não eram pessoas, mas árvores, pois só assim poderia andar como andavam entre milhares de gente a ladear as estradas. É que não era assim, aqui e ali! Era quase em todo o lado!

Hoje em dia Michele Mouton é Delegada de Segurança da FIA, e nesse papel tem feito um trabalho incansável para garantir a segurança dos espectadores nos troços, pois ela melhor do que ninguém sabe o perigo que é…

“Passo por cada troço 30 minutos antes do primeiro carro de Rally1 com uma caravana de segurança, somos muitos carros a passar e verificamos se as pessoas estão no sítio certo. Depois, dou o ‘OK’ ao responsável pelo troço para que este se realize. Temos carros que andam muito depressa, por isso temos de garantir a segurança”, sintetizou.

E depois contou uma história…fazendo o contraponto:

“Querem saber o que se passa em Portugal? É uma grande diferença [entre a era do Grupo B e agora], porque há um troço do campeonato que eu fazia no meu tempo, Fafe, mas quando eu estava a aterrar no final do salto (ndr, Salto da Pedra Sentada), as pessoas estavam no meio da estrada e a fechar a estrada e esses espectadores abriam caminho para os carros. Saltavamos, e na aterragem, as pessoas desviavam-se. Era uma loucura. Mas nós estávamos habituados a conduzir com pessoas à volta, eram como barreiras ao longo da estrada, estavam por todo o lado.

“Hoje, quando chego a este salto no meu carro de segurança, as pessoas estão a 30 metros de distância de cada lado, mas eu ainda tenho esta imagem das pessoas no meio da estrada na minha cabeça.

Num troço de 11 km, há mais de 100.000 pessoas a ver. É uma loucura.”

É assim, o Rali de Portugal!

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christopher-shean
christopher-shean
1 mês atrás

Pois… mas p’ra mim e outros pilotos tinha um aspecto ainda pior: como andava muito mais atrás, apanhava com espectadores que vinham só ver “os primeiros”, então voltavam para o inicio ou fim do troço… pelo próprio troço! Habituados a mais ruído, muitas vezes nem se apercebiam da nossa aproximação quando estavam de costas… e não foram poucas vezes que tinha que levantar o pé… Tirando isto, bons velhos tempos que não voltam mais, embora mais ralis “endurance” atenuará a coisa.

JosCarlosMacedo
JosCarlosMacedo
1 mês atrás

Gostava de saber o que ela tem a dizer do comportamento do público no Rali de Monte Carlo

lemans1969
lemans1969
Reply to  JosCarlosMacedo
1 mês atrás

No Rali de Monte Carlo os espectadores eram todos muito certinhos. Além de também povoarem as estradas, por mais do que uma vez, lembro-me de 1979 e 1981, pelo menos, terem determinado o vencedor desses ralis ao colocarem pedras no meio do troço que obrigaram o Escort de Waldegaard (em 1979) a parar para retirar essas pedras e, com essa acção, ter perdido praticamente toda a vantagem que tinha em relação a Darniche (num Stratos) e perdido o rali para o francês e em1981 terem atirado neve para uma curva fazendo com que Thèrier – que comandava a prova um… Ler mais »

lemans1969
lemans1969
1 mês atrás

Pois eu recomendo à Mme. Mouton que corrija o que disse porque enquanto piloto participante no Rali de Portugal – Mouton só participou três vezes na nossa prova, em 1981, 1982 e 1983 – nunca passou pelo salto da Pedra Sentada porque o troço de Fafe-Lameirinha disputou-se pela primeira vez em 1984.

Ou vai uma grande confusão naquela cabeça ou então quis dourar a pílula mas errou no local.

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