WRC 2022: as notas dos pilotos e equipas

Por a 28 Novembro 2022 14:33

A nova era do Mundial de Ralis de 2022 produziu boas provas, mas teve apenas dois pilotos que verdadeiramente se destacaram, Kalle Rovanpera e Ott Tanak, alguns na média, e outros bem negativos. Elfyn Evans ficou num limbo, Craig Breen, Adrien Fourmaux e Oliver Solberg estiveram mal. Nas equipas, a Toyota destacou-se claramente, a Hyundai fez uma recuperação fantástica e a M-Sport/Ford foi totalmente traída pelos seus pilotos

Kalle Rovanpera, 9

Kalle Rovanperä cumpriu este ano o que andava há muito a prometer, mesmo sabendo-se que ainda era cedo para o concretizar. Foi Campeão com todo o mérito com uma primeira metade de ano fenomenal, terminando a época com seis vitórias é oito pódios em 13 ralis. A sequência de cinco triunfos em seis ralis entre a Suécia e a Estónia foi fenomenal, teve momentos que espantou meio mundo, como a Power Stage da Croácia, mas esteve inalcançável em vários outros ralis. 20 anos depois, a Finlândia volta a ter um finlandês voador, campeão do Mundo de Ralis. Não lhe damos 10 porque não foi perfeito.

Ott Tanak, 8

Quando teve um carro minimamente competitivo, Ott Tänak alterou drasticamente as classificações que vinha a obter, e por isso nunca se sabe que luta iria dar a Rovanpera, caso tivesse um carro competitivo toda a época, mas pelo que se viu na segunda metade do campeonato o piloto da Toyota não iria ter vida fácil. Sabia que se o campeonato tivesse começado somente na Sardenha, no Safari ou na Estónia, seria sempre Tanak o Campeão? E se arrancasse em Portugal, perdia por um ponto. O Hyundai nunca esteve melhor que o Toyota, mas Tanak fez pela vida sempre que pode.

Thierry Neuville, 7

Thierry Neuville só para o fim do campeonato se começou a entender melhor com o carro. Enquanto Tanak trabalhava com o que tinha, o belga andou muito mais à ‘nora’, e teve muitos mais altos e baixos que o seu forte colega de equipa. Ainda assim, terminou o ano com dois triunfos, um em cada tipo de piso, as mesmas duas vitórias que em 2021, mas abaixo do que fazia em 2017 e 2018. Isto mostra que não evoluiu, enquanto a concorrência cresceu. Mostrou que não tem ‘fibra’ de Campeão, embora vá vencendo ralis aqui e ali. Não fez uma época negativa, mas já fez muito melhor.

Sébastien Ogier, 7

Sébastien Ogier realizou seis ralis, venceu na Catalunha, continua claramente a ter velocidade e ritmo para lutar com todos os restantes pilotos do plantel, se fizesse a época toda, deveria lutar pelo título, não venceu o Rali de Monte Carlo por causa de um furo e esse foi um detalhe que se queixou no fim da época e com razão, pois as provas em que ficou afastado das lutas na frente foram quase todas devido a furos. Mantém intacto tudo o que o celebrizou, e esperemos que tenha vontade de continuar a fazer alguns ralis por ano porque valoriza toda e qualquer prova em que participe.

Dani Sordo, 7

Dani Sordo passou boa parte da sua carreira a ser visto com um eterno segundo, mas muitos de nós esquecem-se que estava ao lado de um génio dos ralis e aí todos parecem maus. Nunca foi um sobredotado, mas a sequência incrível de pódios que alcançou entre o Rali de Espanha de 2021 e que só terminou precisamente um ano e seis provas depois, provam que é dinheiro em ‘caixa’ para uma equipa que precise de quem assegure pontos sem grandes dificuldades. Já lhe é complicado lutar por triunfos, mas pódios, se tudo lhe corre normalmente, é quase certo. Três pódios em 2021, três em 2022. E com o Hyundai…

Esapekka Lappi, 7

Esapekka Lappi fez apenas sete provas, mas obteve três pódios e mostrou andamento para conseguir mais. A ida para a Hyundai pode mostrar um Lappi em quem a Toyota não acreditou mais. É verdade que com Ogier a querer fazer ralis, alguém tinha de ser sacrificado, foi ele, mas continua a mostrar que tem potencial para mais, embora também ainda caia em alguns erros. Lutou pelo segundo lugar até ao fim na Suécia, na Croácia deu um toque, atrasou-se, na Sardenha liderava, bateu e abandonou, na Estónia problemas de travões, atrasaram-no, na Finlândia e Bélgica terminou no pódio.

Takamoto Katsuta, 6

As prestações de Takamoto Katsuta têm vindo a melhorar todos os anos, mas a sua curta experiência nos ralis ao mais alto nível notou-se mais este ano, na mudança para os Rally1. Tem agora muito menos acidentes, é muito regular nos resultados, está mais perto do top 5 a que já começa a chegar mais vezes de forma natural, e não devido a abandonos à sua frente, mas é mais regular do que rápido. Taco a taco, em rapidez, apenas luta com Gus Greensmith, foi quinto no campeonato, obteve dois pódios, mas continua a não parecer um piloto que pode chegar ao topo. Muito longe disso.

Pierre-Louis Loubet, 6

Pierre-Louis Loubet foi, no contexto, o melhor piloto da Ford. Talvez tenha ganho motivação ao ver os homens da M-Sport irem de mal a pior. Fez sete provas, cometeu erros, mas dois quartos lugares em Itália e na Grécia foram muito bons e acima disso a velocidade que mostrou muito mais vezes que Greensmith, ou Fourmaux, por exemplo.

Começou mal na Croácia, foi 7º em Portugal onde andou bem, e foi quarto na Sardenha, juntando resultado à exibição. Desistiu na Estónia e Finlândia, devido a aquaplaning e depois de um bom Rali na Finlândia, um problema mecânico numa ligação. Época positiva.

Sébastien Loeb, 6

Sébastien Loeb fez quatro provas, venceu a primeira, o Monte Carlo, depois de andar na luta com Ogier, mas depois em Portugal cometeu, segundo disse, o pior erro da sua carreira ao bater 50 metros depois de arrancar para o troço da Lousã. Nem pareceu dele. Até aí, liderava a prova. No Safari, o seu carro teve que ser rebocado… nos reconhecimentos. Terminou em 8º a meia hora da frente. Na Grécia, estava na frente e abandonou com problemas no Ford. Ou seja, um resultado fantástico, boas prestações enquanto andou e um erro de principiante. Andamento, continua a ter, mas não teve muita sorte este ano.

Elfyn Evans, 5

Pela primeira vez desde 2020, Elfyn Evans não venceu um único rali. Continua em bom nível, mas não esteve com o Rally1 ao nível do que já estava com os WRC. Depois de ter sido segundo classificado do WRC em 2020 e 2021, este ano foi muito complicado, e o melhor que conseguiu foram quatro pódios. Houve ralis em que lutou pelo triunfo, no Japão, por exemplo, mas foi sempre o primeiro a ceder quando a luta apertava. Falta de confiança nítida, claramente estes Rally1 obrigam-no a alterar o seu estilo de pilotagem, e a sua dificuldade está maioritariamente aí. Há muito não tinha uma nota mediana assim…

Gus Greensmith, 4

Gus Greensmith fez nos últimos dois anos épocas completas, mas ao invés de melhorar, está a piorar. Até começou o ano bem, com dois quintos lugares, uma vitória num troço logo no ‘Monte’, mas depois foi uma longa travessia do deserto para ele e para a M-Sport. Terminou o ano com um sexto lugar, mas o que fez entre o Rali da Suécia e o Japão foi pobre demais. Alguma culpa da equipa, que sem dinheiro, não testava, mas Greensmith deixou-se enredar pelo negativismo que se viveu na M-Sport, quando o que devia ter feito era focar-se em melhorar. Não o conseguiu, nem de perto.

Craig Breen, 3

Craig Breen foi de longe a maior desilusão do ano, e dizemos isso pelo contexto. É óbvio que é muito mais rápido que a maioria dos adversários no WRC, mas este ano, uma qualquer bloqueio mental, uma espiral negativa que não conseguiu sair, um rol incrível de acidentes, ao ponto de, a única solução que encontrou para o problema foi mudar de equipa. Faz algum sentido que em 2021 em cinco ralis tenha feito quase os mesmos pontos que em 2022, em 13? Do carro, não era de certeza, o carro tem potencial, é vencedor, se for bem guiado. E o pódio do Monte Carlo foi mesmo caso único no ano, e mesmo nesse, teve de ver o colega de equipa vencer…

Oliver Solberg, 3

Oliver Solberg teve pela primeira vez um programa completo no WRC, mas mostrou que ainda não tem ‘cabedal’ para isso. Mostra rapidez, a espaços, mas alterna isso com acidentes absolutamente incríveis. Mostrou pouca ou nenhuma consistência. Andou bem na Suécia, até ter problemas, na Croácia, uma saída e o carro a arder, no Safari, era 6º até aos furos e toques em pedras, desistiu com um problema mecânico. Na Estónia um toque, partiu a direção, na Finlândia, durou 300 metros atirando para a sucata mais um Hyundai. Na Bélgica, 4º e a melhor classificação de sempre no WRC. 5º na Nova Zelândia, bom, mas terminou a época mais cedo.

Adrien Fourmaux, 2

Adrien Fourmaux é outro daqueles casos em que prometeu inicialmente, mas quando passou a ter ‘responsabilidades’, sujou várias vezes o pé todo. O acidente do Monte Carlo surgiu porque não teve cabeça para perceber que ainda não tinha cabedal para acompanhar Loeb, e percebeu-o da pior maneira. Isso marcou-o para a época, e olhando para o seu registo de provas, até Itália desistiu quatro vezes e foi 9º em Portugal. O melhor resultado das 10 provas que fez foi um 7º lugar na Estónia. Loubet fez fois quartos lugares. Provavelmente, vai dizer adeus ao WRC.

Construtores

Toyota Gazoo Racing WRT, 8

A Toyota terminou o ano com os dois títulos, Pilotos e Construtores, sete vitórias, quatro pilotos no Top 6, o que mostra o que se trabalhou bem para aqueles lados. Quando a Hyundai melhorou, as coisas foram mais equilibradas, mostrando que a perfeição não existe, mas os seus registos de performance ou de fiabilidade foram bem acima da média. Por isso os 70 pontos de avanço para o segundo. Desde que chegou ao WRC em 2017, três títulos de Construtores e de Pilotos.

Hyundai Shell Mobis WRT, 6

A nota da Hyundai da primeira metade da época seria metade da que teve na segunda. Sabia que se o campeonato tivesse arrancado na Estónia, a Hyundai teria sido Campeão de Construtores? O atraso com que começaram 2022, e que a direção da equipa assumiu várias vezes fez a equipas ter que trabalharam a dobrar para ‘apanhar’ a Toyota e conseguiram-no, ‘jogando’ taco a taco a partir daí. Foi um ano complicado, mas o que fizeram na segunda metade, mostra que têm tudo o que precisam para se bater com a Toyota. Só que agora perderam Ott Tanak…

M-Sport/Ford WRT, 4

A vitória de Sébastien Loeb e o 3º lugar de Craig Breen no Monte Carlo deixou claro o Ford Puma Rally1 era um bom carro, mas o que Breen, Fourmaux e Greensmith, especialmente os dois primeiros fizeram foi horrível, acidentes atrás de acidentes, que deixaram a equipa em muito maus lençóis ao ponto de terem parado de testar e terem mesmo que deixar pilotos de foram em algumas provas para poupar no orçamento. Foi fogo fátuo o triunfo em Monte Carlo, e o outro único bom resultado foi o 2º lugar de Breen na Sardenha. Tudo o resto foi mediano ou mau. Malcolm Wilson não merece os pilotos que teve.

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