Vodafone Rally de Portugal 2018: Thierry Neuville riu por último em Portugal


Thierry Neuville conseguiu a sua segunda vitória da temporada no WRC e estreou-se a ganhar o Vodafone Rali de Portugal, capitalizando o despiste de Sébastien Ogier na sexta-feira. O belga da Hyundai lidera o Mundial depois de ter sido o mais forte num rali duro e onde Elfyn Evans e o jovem Teemu Suninen também colocaram os Ford da M-Sport no pódio.

Quatro edições, quatro vencedores diferentes. Ainda ninguém conseguiu repetir a vitória no Vodafone Rali de Portugal desde que a prova do ACP Motorsport regressou à região Norte. Em 2015, Jari-Matti Latvala e a Volkswagen triunfaram no regresso do rali aos troços nortenhos, em 2016 foram Kris Meeke e a Citroën a ganharem, no ano passado Sébastien Ogier deu a vitória à M-Sport e empatou com Markku Alén nos livros da História, e este ano foram Thierry Neuville e a Hyundai a reinarem num rali duro e cheio de peripécias entre os candidatos à vitória.

Ainda assim, a 52.ª edição do Rali de Portugal voltou a afirmar a prova nacional como uma das melhores do calendário mundial, quer do ponto de vista desportivo, quer ao nível da organização, que teve inclusive de transportar dois pilotos (Meeke e Paddon) para o hospital por precaução. A sexta prova do WRC assistiu uma exibição madura de Neuville, que soube quando atacar e quando preservar a mecânica do i20 WRC nas duras classificativas de terra da região.

Neuville passou para a frente do rali na sétima especial, quando o seu companheiro de equipa e anterior líder, Hayden Paddon, sofreu um acidente que deixou o i20 WRC a bloquear a estrada, obrigando à neutralização da especial de Ponte de Lima. Mas antes disso, a prova portuguesa já tinha ficado sem três dos mais fortes candidatos à vitória: Ott Tänak, que vinha de um triunfo claro na Argentina, ficou de fora com o radiador do seu Toyota partido na PE2, a primeira passagem por Viana do Castelo. Jari-Matti Latvala também não passou do troço seguinte, em Caminha, onde partiu a suspensão dianteira direita do Yaris WRC. E Sébastien Ogier, que tentava desempatar com Markku Alén no recorde de triunfos no Rali de Portugal, saiu de estrada a baixa velocidade na PE5 (Viana do Castelo 2), ficando com o Ford preso numa vala. Ogier e Latvala ainda conseguiram regressar à prova em Rally2, ao contrário do azarado Tänak.

A partir daí Thierry Neuville pressentiu a enorme oportunidade de passar para a frente do campeonato e desta feita esteve imune a erros, controlando as operações para vencer com 40 segundos de vantagem sobre Elfyn Evans. Foi a oitava vitória da carreira do belga no WRC e a segunda da temporada, depois do triunfo na Suécia. Ainda mais importante para Neuville, os 29 pontos acumulados em Portugal – 25 da vitória e quatro na Power Stage – permitem-lhe passar para a frente do Campeonato do Mundo após seis provas, com 19 pontos de avanço sobre Ogier.

Dois Ford no pódio

Elfyn Evans, que se estreou a ganhar no WRC no ‘seu’ Rali de Gales/GB, em outubro, voltou aos bons resultados no Campeonato do Mundo depois de um início de época algo discreto. Sempre consistente, Evans ainda ameaçou dar luta a Neuville até ao final do rali, mas o belga deu uma estocada quase decisiva quando lhe ganhou nada menos de 29 segundos nas duas passagens pelos 37,6 quilómetros do troço de Amarante, no sábado, praticamente sentenciando o rali.

Outro piloto da M-Sport em destaque foi Teemu Suninen, que se mostrou rápido e sobretudo muito forte a resistir à pressão de Esapekka Lappi e Dani Sordo no último terço do rali. Estes três pilotos entregaram-se uma batalha intensa pelo derradeiro lugar do pódio e o facto de Suninen ter batido os seus dois rivais, mais experientes, é um feito de registo para este jovem de 24 anos que, tal como Lappi, até começou por dar nas vistas nos campeonatos de karting na Finlândia.

Lappi também fechou o rali em grande pois foi esmagou o recorde da histórica especial de Fafe, que é agora de 6m33,2s, e garantiu os cinco pontos extra da Power Stage, na frente de Neuville. O finlandês da Toyota foi prejudicado por um amortecedor traseiro partido na sexta-feira que o fez perder o contacto com os primeiros. Apesar de um forcing final, o compatriota Suninen resistiu à pressão e Lappi ainda sofreu uma penalização de 10 segundos por toque nos pneus da Porto Street Stage, terminando no quinto posto.

Dani Sordo colocou outro Hyundai no quarto lugar e também foi penalizado em 10 segundos por ter levado um conjunto de pneus à frente na Porto Street Stage. O espanhol não estava nomeado pela Hyundai para pontuar para o Mundial de Construtores mas também voltou a ficar algo aquém de Neuville em termos de andamento puro.

O Rali de Portugal foi um dos piores eventos do ano até ao momento para a Citroën, que ficou sem Kris Meeke após mais um excesso do norte-irlandês, que capotou violentamente na PE12. Meeke, que tinha vencido em Portugal com a marca francesa em 2016, era nessa altura o segundo melhor piloto da Citroën, atrás do regressado Mads Ostberg, que terminaria em sexto e na frente de Craig Breen, que no final seria sétimo.

Ainda pior foi o desfecho final para Sébastien Ogier, com o pentacampeão do Mundo a sair de Portugal sem qualquer ponto. Depois do ligeiro erro que o colocou fora de estrada na sexta-feira, o francês correu sem qualquer objetivo no sábado mas apostava em atacar na Power Stage. Só que Ogier não conseguiu terminar esse troço de Fafe nos cinco mais rápidos e tem agora uma desvantagem de 19 pontos para Neuville no campeonato mas sabendo que o belga terá de abrir a estrada no Rali de Itália – Sardenha, de 7 a 10 de junho.

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