Livro RALLYE 125 anos: EMOÇÕES e DESILUSÕES PARA GUARDAR … SEMPRE

Por a 29 Setembro 2021 11:05

Por Francisco Santos

Em 1972 publiquei o primeiro livro RALI. Aprendi muito, com as pequenas ‘estórias’ de toda a gente, o que são os ralis. Jamais esquecerei o Rali da Rainha Santa: depois de subir a Lousã, virar à direita para a EN e depois à esquerda, subir até ao marco geodésico, começar a longa estreita descida de Trevim, com o buraco à esquerda, do lado do José Pedro Silva Carvalho. O Escort TC saltitava com as pedras soltas e eu acelerava pelas longas retas, e o Zé Luis gaguejava as notas. Até que eu lhe berrei:“Ou cantas as notas ou paras e aí podermos morrer não vou abrandar”. Jamais esquecerei a emoção.

Algo semelhante, mais tarde nas especiais de Santa Luzia com Luis Sales Grade. Também tive de gritar: “Ou lês as notas depressa, ou podes morrer, que eu vou acelerar”.

As primeiras ‘rondes’

No Brasil, já organizador, em 1978, ao terminar a primeira ‘ronde’ de PEC, em Campos do Jordão (quiçá terei sido o primeiro a fazer ‘rondes’ em ralis ), recordo os meus olhos embaçados com a emoção de ter dado ao Brasil a sua primeira prova com classificativas em estradas fechadas.

Olhar fulminante de Todt

Em 1979, responsável no Brasil pela Volta à América do Sul, do A.C. Argentino, montei uma PEC de alguns quilómetros no litoral norte de São Paulo. Montados os controles, disse ao meu companheiro – Orlando Casanova, então Presidente da Federação Paulista –que “agora vamos ver os carros passar”. Entrei na PEC em sentido contrário (faltava uma hora para ser dada a partida) e subi a encosta num trecho rápido e estreito. Quando cheguei a metade da subida assusto-me quando vejo lá no alto, o Mercedes 450 SLC de Timo Makinen a acelerar. Só gritei ao Orlando: “Segure-se que vou parar aqui mesmo. Numa abertura da estrada”. Daí a segundos, só vi os olhos do Jean Todt, esbugalhados para mim, como para gritar “Olha ó português idiota”.

Não entendi nada, pois faltava uma hora para a partida da PEC. Só mais tarde soube que os organizadores argentinos, que não se reuniram comigo, em Assunción, Paraguai para me “passarem instruções” não me avisaram que a hora da Vuelta era a argentina, uma hora a menos da brasileira… Ficou a emoção de ver o 450 SLC a descer de “pata no fundo”.

NOTA: Prefácios do livro RALLYE: Jean Todt e Carlos Barbosa, Carlos Sainz e Armindo Araújo.

Mas, a maior de todas as emoções terá sido nos anos 1920 e ’30 descer o Passo do Stelvio, com 2.727m, e 60 ganchos, em piso de terra, sem travões dianteiros!… O Passo de Stelvio, ainda em piso de terra.

As desilusões: Não há emoção como a desilusão, e Sainz provou-a em 1998, quando perdeu o título mundial, ao partir-se o seu motor partiu a 500 m do fim da última PEC do último rali, o RAC.

Tommi Mäkinen no stop da última PEC do Rally de Portugal. Ele largara à frente de Sainz na estrada, mas 0,3s atrás, na classificação. A ansiedade do olhar finlandês, fito no retrovisor, focado no final da PEC de onde surgiria Sainz, transformou-se em êxtase ao esperar mais do que a referida desvantagem nas 18 especiais (quatro canceladas) e sentir a vitória já sua por uma das menores margens de sempre – 8,6s. FOTO: FS

RAUNO AALTONEN PARTICIPOU 19 VEZES, sendo 2º várias vezes NO SAFARI MAS JAMAIS GANHOU: AAW – AFRICA ALWAYS WINS

A glória de Sainz

O WRC lançou uma sondagem mundial através do seu site para eleger o melhor piloto de ralis de sempre. Apesar de ter à sua frente quatro pilotos com mais títulos (Loeb, Ogier, Kankkunen e Mäkinen) e estar empatado em títulos mundiais com Röhrl, Biasion e Grönholm, o espanhol foi proclamado o melhor piloto da história do WRC.

Um título honorífico atribuído por um júri de jornalistas, e pela votação de fãs. Num formato de votação por eliminação, Sainz venceu Mikkola, Mäkinen, Ogier e, na final, eliminou Sébastien Loeb com 57,28% dos votos.

Esta emoção já ninguém lhe tira.

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