Paulo Caldeira: “Temos que inovar de forma concertada para vender melhor o produto ‘rali’”

Por a 29 Junho 2020 14:58

Paulo Caldeira e Ana Gonçalves, são um simpático casal que faz ralis… porque gosta, sendo esse um escape perfeito para a vida do dia a dia.

Por isso, fomos conhecê-los um pouco melhor…

Paulo, como tem sido a tua vida nestes tempos de pandemia e até que ponto tiveste saudades dos ralis?

A minha vida neste tempos de pandemia, não deve ter sido muito diferente da grande maioria dos portugueses. A nível pessoal alterou-se completamente, pois deixou de haver o convívio social com a família e amigos. Neste momento com a família já normalizou, com os amigos ainda não há almoços e jantares ou outro eventos sociais.

Profissionalmente, as nossas empresas não tiveram que parar, obviamente que nesta época sempre operam com todas as exigências que os tempos assim os exigem – para tempos excecionais, medidas excecionais, e efetivamente tivemos que fazer algumas alterações no ‘modus operandi’ das empresas, cumprindo com todas as diretrizes da DGS. Obviamente, temos tido o máximo de cuidado, para nos protegermos, bem como às pessoas que trabalham connosco.

Efetivamente senti a falta dos ralis, quer da parte social, quer da parte desportiva e da própria adrenalina inerente às corridas. Mas, ao domingo de manhã bem cedo, tiro um carro da garagem e vou dar umas voltas pela estradas da mata de S.Pedro de Moel

Num contexto em que não lutas pelos lugares da frente, que tipo de objetivos levas normalmente para os ralis?

Esta época de confinamento serviu para muita coisa, ouvirmos as nossas músicas, vermos os nossos filmes e sobretudo deu-nos tempo para refletir em tudo das nossas vidas. Neste contexto permitiu-me trabalhar um pouco a parte desportiva da preparação e abordagem dos ralis, coisa que até aqui não tinha muito tempo para o fazer, por motivos profissionais. Espero já no próximo rali reduzir a diferença por quilómetro, uma vez que os tempos que tenho feito não me estão a permitir desfrutar dos ralis como eu gostaria. Acho que devo, e tenho condições para reduzir a diferença para os pilotos da frente.

Traças alguma espécie de luta contra ti próprio, ou seja, olhas para o que fizeste antes e queres superar-te constantemente?

Claro que sim, de ano para ano, de rali para rali tento andar mais rápido que no anterior.

Vês-te como um gentleman driver, um piloto que se diverte, e diverte os outros a fazer o que gosta: ralis.

Sim ,claro que me vejo como gentleman driver. Sou aquele tipo de piloto que à segunda-feira depois dos ralis está sempre na empresa, e, mesmo durante os ralis, estou muitas vezes em contacto com as pessoas que trabalham comigo. Posso dizer-vos que, por exemplo, o ano passado na Madeira, à saída de parque de assistência tive que parar o DS3 pois tinha ao telefone a minha assistente comercial para fechar uma proposta, enquanto a Ana me berrava aos ouvidos para eu desligar o telefone. Por uma ‘unha negra’ não penalizamos e o destino quis que essa proposta nos fosse adjudicada. Se tivesse tido a oportunidade de fazer ralis quando tinha 20 ou 25 anos as coisas eram completamente diferentes, pois as responsabilidades eram outras. Sinceramente sinto-me acarinhado pelos aficionados dos ralis.

Como é viver dentro do carro com a cara-metade? Um prolongamento do amor que os liga?

Bem, isso é parte mais difícil dos ralis . Já viram o que é: ter que ouvir a Ana em casa, na vida profissional e ainda dentro do carro de rali (risos).

Vou ser objetivo, à data, eu nunca fiz um rali com outro navegador e a Ana nunca fez um rali com outro piloto, no fundo temos aprendido tudo um com o outro. Como é lógico a evolução desportiva é muito mais lenta.

O que achas em termos globais dos ralis em Portugal, o que mudarias se tivesses esse poder?

Eu tenho duas opiniões acerca dos ralis. Uma em contexto de pandemia, que admiro e comungo das decisões que foram tomadas de forma articulada entre todos os agentes ligados à modalidade, FPAK, clubes, pilotos, equipas.

Acho que as decisões que foram tomadas para esta fase de pandemia em tese vão funcionar bem, cabe ao nosso querido público, que aproveito para deixar já um apelo para Castelo Branco que respeitem as medidas anunciadas pela DGS, FPAK e pelo Clubes organizadores. Eu acho que em castelo Branco vamos ter muito público quer portugueses quer espanhóis, é mesmo muito importante que tudo corra como está planeado.

A minha outra opinião em tempos dito normais. Aí sim, todos os agentes envolvidos nos ralis têm que inovar de forma concertada para que consigamos valorizar mais a modalidade, de forma a que se consiga vender melhor o produto ‘RALI’ e assim conseguir-se mais apoios/patrocínios para as equipas. Esta concertação que houve para época de pandemia é um bom sinal que os ‘players’ conseguem reunir consensos de forma a que o desporto seja valorizado.

Para terminar, gostava de expressar o meu orgulho em correr num campeonato que tem no ativo grandes pilotos e co-pilotos (com títulos nacionais e internacionais) quer em qualidade quer em quantidade, bem como um parque automóvel com grande dignidade europeia e mundial.

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