Lendas da F1: Enzo Ferrari

Por a 25 Março 2020 18:00

Qualquer pretexto é bom para recordar o fundador da lendária escuderia. O legado de Enzo Ferrari foi corporizado na hegemonia exercida na F1 durante muito tempo, num legado de paixão pela competição. As coisas hoje em dia não correm tão bem à Ferrari quanto o desejado pelos tifosi, mas a Scuderia continua a ser a mais querida pela maioria dos adeptos.

Enzo Ferrari

A lenda do Cavallino Rampante começa na I Guerra Mundial, com o ás da aviação italiana Francesco Baracca, cuja esquadra tinha como emblema o cavalo em escudo amarelo. Anos mais tarde, o pai de Baracca, impressionado com a coragem e audácia de um jovem piloto no Circuito de Ravena, decide oferecer-lhe o emblema do filho.

O jovem piloto chamava-se Enzo Ferrari, e a partir daí o símbolo do “Cavallino Rampante”, passaria a acompanhá-lo para a vida, fundando um dos grandes ícones da indústria e do desporto automóvel.

Nascido em 1898 em Modena, Enzo Ferrari desde cedo se apaixonou pelo automobilismo, aderindo na era pioneira à loucura das corridas que então se propagava por todo o continente europeu. Primeiro como piloto e depois como director desportivo, Enzo foi construíndo um percurso que lhe permitiu fundar a sua própria escuderia. Como piloto, Enzo obteve alguns sucessos, nomeadamente com a vitória na Coppa Acerbo em 1924, mas seria a sua ligação à Alfa Romeo que o lançaria na ribalta.

Nasce uma lenda Em 1929, Enzo cria a Scuderia Ferrari, que numa fase inicial estava encarregue de gerir a competição da Alfa Romeo, dando o apoio técnico e desportivo a todos os pilotos alfistas. O sucesso foi imediato e permitiu a Enzo contratar dois dos grandes volantes da época – Giuseppe Campari e Tazio Nuvolari. Em 1933, devido a problemas financeiros, a Alfa Romeo decide retirar-se da competição, o que podia criar graves problemas de matéria-prima a Ferrari, no entanto e por pressão da Pirelli, a marca de Arese cedeu a Ferrari seis P3 bem como os serviços do engenheiro Luigi Biazzi.

Numa época em que os GPs eram dominados pelos alemães da Mercedes e Auto Union, a marca italiana conseguiu sobressair, graças ao engenho de Enzo e ao talento de nomes como Campari, Chiron, Varzi e Nuvolari, que conquistou uma lendária vitória no território "inimigo", ao vencer o GP da Alemanha em 1935. Em 1937 a Alfa Romeo decide retomar as rédeas da competição, e Enzo passa a mero director desportivo, o que não ia bem com o seu feitio, e por isso rescinde, com o compromisso de durante quatro anos não correr contra a Alfa. Ferrari funda uma nova companhia - a Auto-Avio Construzioni, que construía e desenhava peças para clientes, e é com esse nome (AAC) que faz alinhar nas Mille Miglia de 1940 dois carros, os primeiros Ferrari de corrida. Após a II Guerra Mundial, Enzo Ferrari aposta forte na competição e em 1947 faz alinhar o primeiro Ferrari de F1 no GP do Mónaco - o Ferrari Tipo 125 com motor 1,5 litros, desenhado por Gioachino Colombo. Quatro anos mais tarde no GP de Inglaterra, a Ferrari soma a primeira das suas 182 vitória em GPs de F1, a mais bem sucedida saga da história da competição. Nos extremos da linha cronológica, o argentino Frólain Gonzalez e o alemão Michael Schumacher, e entre eles alguns dos melhores pilotos de todos os tempos, que foram construíndo uma linhagem de sucesso. Em 1969, depois da glória das décadas de 50 e 60, Enzo foi obrigado a buscar salvação na Fiat, que no princípio da sua carreira lhe recusara emprego, mas o regresso aos títulos só ocorreria em 1975 com Niki Lauda, para na década de 80 a Ferrari voltar a mergulhar nas trevas, de onde só saíu com Jean Todt e Michael Schumacher.

A glória contemporânea da Ferrari não pôde ser vivida pelo Comendador (que morreu em 1988), mas o legado histórico é seu.

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