Fórmula 1: Os cenários difíceis da Porsche

Por a 31 Dezembro 2022 09:46

A Porsche pensava ter tudo pronto para poder ingressar na Fórmula 1 em 2026, mas a Red Bull puxou-lhe o tapete e agora está numa situação difícil, ao ter visto os seus planos ruírem. Mas existem ainda saídas para a marca alemã, ainda que isso tenha um custo.

O construtor de Zuffenhausen tinha delineado ingressar no mundo dos Grandes Prémios com a equipa de Milton Keynes, batizando os motores concebidos e construídos por esta, no seu novo departamento, tendo ainda o desejo de controlar a sua estrutura técnica. Porém, isto esbarrou nas pretensões de Christian Horner e Helmut Marko, que se assustaram com a forma de decidir da Porsche, colocando como condição manter a independência da equipa relativamente ao construtor germânico.

Foi este o ponto de ruptura entre as duas partes e, mesmo continuando a afirmar que tem interesse em voltar à Fórmula 1, a marca alemã encontra-se numa situação difícil para levar avante o seu projeto, uma vez que não tem capacidade técnica para conceber e construir uma unidade de potência para a categoria máxima e não tem, neste momento, uma estrutura que a abrace.

Criar um departamento que possa criar os motores para o mundo dos Grandes Prémios é atualmente um desafio hercúleo e oneroso, dada as questões financeiras e de falta de matéria-prima que se sente globalmente, para além de ser algo demorado, sendo impossível estar pronto antes de 2027, quanto mais 2026.

Uma das opções nesta frente era a Porsche contratar um especialista capaz de criar um V6 turbo híbrido para a Fórmula 1, como por exemplo a Cosworth.

No entanto, a empresa inglesa está há longos anos afastada da principal categoria do automobilismo, podendo existir dúvidas quanto à sua capacidade para construir um motor capaz de ser competitivo.

Talvez o caminho mais fácil para a Porsche seja agarrar nas unidades de potência que a Audi está a conceber em Neuberg.

Claro que a marca de Ingolstadt poderá não estar disponível para isso, e, por outro lado, o construtor Zuffenhausen teria de se satisfazer com um produto no qual não teria controlo, seria um mero cliente, como hoje a Sauber ou a Aston Martin são da Ferrari e da Mercedes, respetivamente.

Para além disso, muito embora para o grande público a Porsche estivesse na Fórmula 1 com o seu próprio motor, para uma faixa significativa de adeptos, os do automobilismo, seria evidente que a marca alemã com mais pergaminhos no desporto automóvel estaria sempre a usar um motor Audi com o seu nome nas tampas das válvulas, o que seria um rude golpe no orgulho dos homens Zuffenhausen.

Porém, este poderá ser o caminho até porque a marca alemã não se registou como construtor de motores de Fórmula 1

Também no campo das equipas a Porsche seria obrigada a engolir o seu orgulho, dado que dificilmente uma equipa capaz de conceber e construir chassis estaria interessada em ceder o controlo completamente à marca alemã.

Verdadeiramente, existem duas estruturas capazes de poder dar ao construtor germânico um nível minimamente aceitável para começar um investimento que a levasse à competitividade – a Williams e a McLaren.

A equipa de Grove precisa de um investimento massivo para poder regressar aos níveis competitivos que evidenciou no passado, ao passo que a de Woking tem vindo a melhorar os seus recursos e, no seu caso, seria menos difícil dar à Porsche os resultados que esta ambiciona.

No entanto, como a Audi percebeu, Zak Brown e os acionistas do grupo McLaren não estão dispostos a ceder o poder, querendo manter o controlo.

O mesmo se passa com a Dorilton, que controla a Williams e já deixou escapar que pretende manter as rédeas do destino da equipa.

Outras opções para a Porsche ter uma equipa na Fórmula 1 seriam a Haas ou a AphaTauri, mas estas duas estruturas são meras equipas de corridas, sendo outras entidades a conceber e construir os seus chassis – Ferrari e Dallara no caso da primeira e a Red Bull Technology no da segunda.

Qualquer uma delas, para poder aceder às pretensões da marca de Zuffenhausen, teria de ver as suas infraestruturas completamente refeitas, o que significa um investimento massivo. No fundo seria praticamente o mesmo que construir uma equipa de raiz.

Isto significa que, se a Porsche deseja mesmo ingressar na Fórmula 1 sem assumir custos astronómicos, terá de engolir o seu orgulho, ir a Audi comprar motores para o seu programa e assumir que vai fornecer uma equipa que não vai controlar, o que foi determinante para a rescisão do acordo que tinha alinhavado com a Red Bull.

O caminho que verdadeiramente gostaria, uma estrutura sob o seu controlo e unidades de potência construídas para si, será oneroso e demorado.

Se estes cenários, qualquer um deles distantes dos planos iniciais da marca, são suficientes para desmotivar os homens da Porsche só o futuro o dirá.

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