F1: Um novo formato para as Sprint

Por a 20 Dezembro 2022 11:00

Para o ano o Campeonato do Mundo de Fórmula 1 terá seis eventos com corridas sprint, um formato que, apesar de tudo, não mostrou ser o mais cativante, sobretudo na prova de cem quilómetros. No entanto, existia uma forma de o tornar mais excitante.

Muito embora exista uma narrativa que nos ‘obriga’ a ver as Corridas Sprint como algo de excitante, a verdade é que, habitualmente, as provas de sábado são desprovidas de interesse.

Se olharmos para a prova do Brasil, aquela que foi vista como a melhor corrida de cem quilómetros desde que o formato foi estreado na categoria máxima do desporto automóvel em 2021, a acção em pista deveu-se a uma qualificação que colocou diversos pilotos fora da sua posição natural – Leclerc, Hamilton, Kevin Magnussen na pole-position, etc. A verdade é que toda a actividade a que se assistiu-se no sábado de Interlagos seria verificada se fosse um Grande Prémio, com trezentos quilómetros, dado ter sido o resultado da qualificação a criar a emoção.

No entanto, o formato dos fins-de-semana com corridas sprint tem alguns méritos.

O mais evidente é o de os pilotos passarem menos tempo em pista a adaptar o seu monolugar ao circuito e ao seu estilo de condução, deixando as afinações num estágio mais básico, situação em que são disputadas as qualificações e todo o restante fim-de-semana.

Isto implica que os pilotos com maior capacidade de adaptação sobressaiam, havendo ainda a maior possibilidade de se verificarem resultados surpresa, quer na qualificação, quer no Grande Prémio.

Por exemplo, no Brasil, a Red Bull não conseguiu afinar o seu monolugar correctamente, deixando-o com um excessivo dos pneus da Pirelli, o que criou dificuldades a Max Verstappen e a Sérgio Pérez, que nem ao pódio foram.

Outro mérito é o facto de em todos os dias do evento haver algo pelo qual lutar e competir, dando maior exposição mediática e emotividade a todos os envolvidos, inclusivamente, claro, aos adeptos.

Estes seriam aspectos que deveriam ser mantidos numa reformulação dos fins-de-semana ‘Sprint’, mas tudo o resto deveria ser remodelado, uma vez que, presentemente, pilotos e equipas olham para a corrida de sábado como a primeira parte de uma corrida que recomeça no dia seguinte.

Tendo isto em conta, existe uma aversão a tomar riscos, uma vez que se algo correr mal, no mínimo o piloto em questão terá uma má posição na grelha de partida para o Grande Prémio e no pior dos cenários, poderá até não ter carro para poder alinhar na corrida do fim-de-semana que realmente interessa.

O plano seria, portanto, dar alguma imprevisibilidade a todo o evento, ao mesmo tempo que seria preponderante garantir que em todos dias haveria algo por lutar.

Para isso, segundo este novo formato, a corrida sprint passaria para sexta-feira ao fim da tarde com a qualificação a ser realizada ao final da manhã.

A sessão seria realizada com regime de parque aberto, permitindo às equipas mudarem afinações e até componentes de especificações diferentes, o que as obrigaria a afinarem os seus monolugares ao longo da qualificação, criando uma maior incerteza quanto ao resultado final, deixando ainda muitas incógnitas para a prova de cem quilómetros.

Mas esta seria uma corrida completamente independente do restante fim-de-semana e sem qualquer impacto no seguimento do evento, até porque na sexta-feira não seriam os pilotos titulares em acção, mas antes pilotos de teste e jovens pilotos.

Hoje qualquer equipa tem na sua folha de pagamentos um piloto de testes e/ou reserva, havendo inúmeras que possuem academias para jovens lobos.

Cada formação seria obrigada a, pelo menos, ter na sexta-feira de um fim-de-semana ‘Sprint’ um piloto com menos de dois Grandes Prémios disputados e com uma idade inferior a 24 anos, o outro poderia ser um piloto de testes, aos titulares estaria vedado participar nesta jornada.

Estes pilotos pontuariam, de acordo com o esquema de pontos para as ‘Sprint’ actual, para um campeonato que seria, obviamente, secundário ao Campeonato do Mundo de Pilotos de F1, sendo declarados vencedores e com direito a pódio ao contrário do que se passa presentemente.

Assim, ao mesmo tempo que se garantia uma dimensão competitiva ao primeiro dia do evento, permitir-se-ia dar quilómetros a jovens pilotos, um dos grandes problemas da actualidade, e paralelamente assegurar-se-ia que a corrida sprint não teria qualquer impacto directo sobre o Grande Prémio, permitindo que as lutas em pista pudessem ser mais intensas.

Daí para a frente, o evento seria completamente independente, apenas com a obrigatoriedade de os carros, depois da corrida sprint, ficarem com a sua configuração congelada durante o fim-de-semana, sendo permitidas apenas alterações nas afinações, mas com componentes em regime de parque fechado.

Claro que haveria questões menores para ser resolvidas, como por exemplo a licença para alguns pilotos, mas poderia ser criada uma licença especial para as corridas sprint. Para além disso, o número de pneus por carro poderia ter que ser revisto para estes eventos, mas facilmente seria uma questão ultrapassável.

Também a escolha das provas sprint teria de ser reformulada, uma vez que alguns pilotos escolhidos pelas equipas poderiam estar também a disputar a Fórmula 2, não sendo conveniente que as provas da categoria fossem concomitantes com os eventos com este formato.

Com este esquema, a corridas sprint tinham tudo para ser mais emocionantes, haveria a possibilidade de vermos novas estrelas despontarem e o valor dos Grandes Prémios, que é algo que deve ser protegido a todo o custo, seria mantido.

Claro que seria provável que as equipas se queixariam, mas um punhado de dólares a cada uma delas acabaria por resolver tudo…

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F1 FOR FUN
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1 ano atrás

Em relação à F2, podiam mudar os treinos e qualificação para a 5ª feira para os pilotos terem o dia livre na 6ª feira. Podiam também pilotos de fora com pontos de super licença suficientes para testes. Vejo uma corrida diferente e imprevisível, mas sem estrelas, a não ser que convidem estrelas de outras categorias, da WEC, Indycar, Super Cars etc. Uma boa oportunidade para uma senhora correr na F1, uma Simona de Silvestro ou a Jamie Chadwick.

alexis
alexis
Reply to  F1 FOR FUN
1 ano atrás

Simona de Silvestro aquela fantástica piloto suiça que era a chicane móvel dos V8 Supercars? De facto ia ser uma animação com toda a gente a tentar não acertar nela, agora que a F1 finalmente se viu livre do Latifi você ia lá meter lá uma personagem bem pior, LOL.

F1 FOR FUN
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Reply to  alexis
1 ano atrás

Qual é o seu problema? As supostas Sprint não podem ter pilotos titulares, a Simona de Silvestro foi a melhor piloto feminina, e argumentar com os Super Cars não tem lógica nenhuma, porque não têm nada a ver com os monolugares, foi um erro de carreira que ela cometeu tal como foi a Susie Wolf/Stoddart tir ido para o DTM. Em 2013 na Indycar ela teve os melhores resultados de uma mulher em circuitos convencionais, picando em 2º lugar numa corrida, depois destruiu a carreira ao ir para a Sauber e ficar parada e ir para os Super Cars.

2fast4u
2fast4u
1 ano atrás

Eu não ia ficar nada contente ao ver o meu carro pilotado por um rookie com a alta probabilidade de ficar destruído.
Os assentos dos F1 não são iguais para todos, o carro do Hamilton não será igual ao do Russel. Basta ver a altura deles.
Não me parece fazer qualquer sentido

Scb
Scb
1 ano atrás

Esta proposta não faz qualquer sentido!
Este formato de corrida teria um risco ainda maior de o carro não estar em condições (ou nas melhores) para Domingo e trazendo pouco ou nenhum interesse para o público, ainda para mais sexta à tarde. O objetivo das sprint é aumentar receitas (como todas as decisões da Liberty).

plalmeida
plalmeida
1 ano atrás

Não concordo nada com esta ideia. Não iria melhorar a F1 em nada. Apesar de não ser grande adepto das corridas sprint, acho que a única vantagem destas é contarem para a classificação da corrida de domingo e assim poder haver alteração da grelha. Querer correr riscos, ou não, sempre fez parte, seja na corrida spint ou não.

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