F1: Que motores para o futuro?

Por a 8 Outubro 2019 11:30

O mundo avança a um ritmo cada vez mais elevado. A busca por novas tecnologias agora assenta também na sustentabilidade e as mudanças climatéricas começam a estar cada vez mais no centro das atenções. A indústria automóvel mudou radicalmente a sua forma de pensar nos últimos cinco anos (alguns escândalos foram o catalisador ideal da mudança) e isso reflecte-se no desporto motorizado.

A F1 apostou nos híbridos em 2014 no início deste novo movimento mais verde, mas desde então temos visto uma aposta cada vez mais significativa em eléctricos, vimos o surgimento e crescimento da Fórmula E, agora uma categoria consolidada e cada vez mais interessante para as marcas. Do lado da F1, a atitude perante a nova tecnologia implementada foi sempre negativa. Poucos foram os que ficaram espantados com o aumento da eficiência térmica dos novos motores (um salto de quase o dobro em apenas cinco anos), pela sua complexidade e pelos seus sistemas que poderiam (e deveriam) ser aplicados em carros de estrada. Preferiu-se optar por um discurso negativo, porque eram caros, ou porque não cantavam bem. E talvez por isso o apelo destas magnificas peças de tecnologia não tivesse as proporções esperadas e devidas.

O investimento feito pelos fornecedores de motores foi grande, de tal forma que apenas a Honda se juntou às marcas existentes e sofreu muito para chegar aos primeiros triunfos. Poucas (ou nenhumas) marcas aceitarão o desafio que a Honda aceitou. E por esse investimento ( e pela falta de interesse de outras marcas) optou-se, e bem, por manter os motores actuais mais uns anos, até 2024. Mas Cyril Abiteboul levantou uma questão pertinente. Com um mundo a mudar a uma velocidade tão grande, não será tempo de pensar no futuro da F1 também?

“Se olharmos o ritmo a que o mundo está a mudar, na minha opinião, há um enorme risco de a F1 ficar para trás”, disse Abiteboul. “Vejam as Greta Thunberg deste mundo, vejam a electrificação.

“Coisas que as pessoas dizem hoje que nem sequer considerariam seis meses atrás – a Ferrari a considerar um carro 100% eléctrico, por exemplo .

“Temos que ter muito cuidado para não ficar para trás na indústria automóvel. Independentemente do que pensemos da electrificação, ela não vai desaparecer.

“Significa é que estou a tentar tudo o que posso e alerto todos para acelerar o processo que nos levará a uma nova unidade motriz: o que deve ser, como deve ser, quanto deve custar para evitarmos gastar uma quantidade louca de dinheiro – porque estamos a gastar uma grande quantia, todos os quatro fabricantes de motores – e devíamos começar a gastar no que será relevante para o futuro “.

“De momento, estamos mais no processo de estruturar um plano, com um congelamento progressivo do motor e redução no número de especificações por ano, para que possamos acelerar para uma nova unidade motriz em 2026. Mas, francamente, daqui a sete anos, parece muito longe.”

Toto Wolff também é da opinião que 2024 talvez seja demasiado tempo e que mudanças podem ser implementadas mais cedo:

“De uma perspectiva de custo, estaríamos interessados, juntamente com a FIA e Liberty, em manter a fórmula actual”, disse Wolff.

“É uma unidade de energia híbrida muito eficiente e não somos bons o suficiente a mostra-la ao mundo. No entanto, o mundo está a mudar, temos milhões de pessoas nas ruas preocupadas com as alterações climáticas. Para nós, na Daimler, a sustentabilidade tornou-se mais importante do que apenas uma ferramenta de marketing.

“Temos que nos perguntar como fornecedores de unidades motrizes, qual é a visão para o futuro motor de Fórmula 1?”

“Estamos a olhar para o novo motor em 2025 .”, disse ele. “A questão é: devemos antecipar isso? Porque o mundo está mais rápido do que no passado, e essa é uma discussão que precisamos ter”.

A próxima mudança será muito importante para a F1 e poderá definir uma mudança de paradigma sem precedentes. Até agora a F1 tem caminhado de mão dada com a evolução tecnológica no ramo automóvel. Mas a electrificação é cada vez mais uma realidade e para a evolução nessa área há uma competição cada vez mais interessante… a Fórmula E.

O Endurance está a apostar nas células de combustível de hidrogénio, pelo que a F1 terá de encontrar um caminho verdadeiramente relevante… ou mudar radicalmente a sua forma de pensar e olhar mais para o entretenimento do que para a evolução. Mas se a F1 for 100% entretenimento, isso vai implicar que não faz sentido gastar tanto em evolução… e se assim for teremos uma F1 verdadeira?

É tempo de pensar seriamente no futuro da F1 a médio prazo. Esta primeira fase pretende ser de mudança a nível de filosofia de chassis, o que faz sentido e é necessário, embora o processo tenha sido levado de forma pouco eficaz. Mas a mudança mais importante, deverá ser feita antes do que se esperava. Abiteboul tem razão, sete anos é muito tempo e a F1 não pode esperar tanto. Mas é preciso que todos tomem consciência de que a próxima mudança será provavelmente a mais importante da F1 nos últimos anos. Idealmente a busca por soluções de futuro no automobilismo levará a que a F1 aposte num rumo interessante e que atraia mais marcas… Mas a concorrência da Fórmula E foi talvez subvalorizada e esta ocupa agora uma posição central no palco do interesse dos fabricantes de carros. A F1 continua a ser o Grande Circo, mas se pretende manter-se assim, terá de apostar muito bem na próxima mudança, ou poderá ver-se ultrapassada.

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