F1: Quando começou declínio da carreira de Daniel Ricciardo?

Por a 30 Setembro 2024 13:12

Helmut Marko analisou a trajetória descendente de Daniel Ricciardo, que terminou com a saída a meio da temporada da RB. Marko acredita que o declínio da carreira de Daniel Ricciardo começou quando ele trocou a Red Bull pela Renault em 2019.

Recuando no tempo, em 2019 a luta entre Ricciardo e Max Verstappen ia-se tornando cada vez mais renhida, com alguns incidentes em pista, que levaram a equipa a ficar tendencialmente do lado de Verstappen. O ponto de rotura terá acontecido em Baku, quando Ricciardo tentava ultrapassar Verstappen e este mudou a trajetória na zona de travagem, levando a um toque que os retirou a ambos da corrida.

Dinheiro não foi motivação

Embora Ricciardo tenha recebido um aumento de salário, Marko sugere que o australiano temia que a Red Bull se estivesse a tornar na equipa de Max Verstappen, o que levou à sua decisão de se juntar à Renault. Esta mudança levou a duas épocas perdidas antes de Ricciardo se juntar à McLaren, onde teve dificuldades, em parte devido ao facto de o carro não se adequar ao seu estilo e de a equipa favorecer Lando Norris. Se a passagem pela McLaren foi de facto negativa, apesar da vitória em Monza, a passagem pela Renault é vista também como um insucesso, mas a realidade é diferente. Ricciardo conseguiu dois pódios com a equipa, levou a melhor sobre Nico Hülkenberg e terá sido uma das melhores fases da estrutura francesa nesta era híbrida. O trabalho de Ricciardo não foi devidamente reconhecido nessa altura e basta ver o estado atual da Alpine para perceber que os resultados do tempo de Ricciardo, especialmente em 2020, foram positivos.

Na McLaren nunca voltou ao nível da Red Bull, apesar de uma realidade melhor do que encontrou na Renault. Foi suplantando por Lando Norris e acabou por perder o lugar para Oscar Piastri. Regressou à Red Bull como piloto de reserva e mais tarde substituiu Nyck de Vries na AlphaTauri, mas voltou a ter dificuldades, especialmente com o colega de equipa Yuki Tsunoda a melhorar o seu desempenho. Em 2024, Ricciardo não conseguiu superar o desempenho de Tsunoda, e a especulação sobre o seu futuro aumentou. Por fim, Ricciardo foi substituído por Liam Lawson.

Marko acredita que Ricciardo perdeu o seu “instinto assassino” depois de deixar a Red Bull e que a sua incapacidade de bater Verstappen de forma consistente influenciou a sua decisão de se mudar. Marko e Christian Horner questionaram a mudança de Ricciardo para a Renault, com Horner expressando surpresa com a sua saída. Marko sugeriu que Ricciardo já não tem a velocidade ou o estilo de condução agressivo que o tornaram num dos principais candidatos.

Instinto assassino desapareceu

“Acho que a decisão de deixar a Red Bull Racing foi o ponto de viragem na sua carreira”, disse Marko ao Motorsport Total. “Depois, ele não teve um carro vencedor nem na Renault, nem na McLaren. Ele venceu em Monza, mas foram circunstâncias especiais. Não sei o que aconteceu exatamente, porque se soubéssemos, tê-lo-íamos ajudado”, insiste Marko . “Mas a velocidade e, acima de tudo, a travagem tardia já não estava lá, o instinto assassino tinha desaparecido. Ele tentou mas não conseguiu”

“Ele tinha algumas reservas em relação ao motor Honda e, aparentemente, deu mais ouvidos à conversa fiada da Renault e de Cyril Abiteboul. Financeiramente, não havia muita diferença entre o que a Renault lhe ofereceu e o que nós oferecemos. Também lhe disse: ‘esses sapatos vão ser duros para ti’. Acho que não vimos a Renault no pódio muitas vezes. Ele veio até nós, batendo Vettel com vitórias de três a zero em 2014 e, depois disso, Daniil Kvyat foi mais rápido do que ele em alguns momentos, mas ao longo da temporada ele também o teve sob controlo. E depois veio o Max e ficou cada vez mais forte, por isso essa foi certamente uma das razões que o levaram a escolher a Renault em vez de nós.”

Uma carreira boa, que podia ter sido ainda melhor

A verdade é que desde que saiu da Red Bull, nunca mais Ricciardo foi o piloto que encantou a F1 nos tempos da Red Bull. Foi Ricciardo que iniciou a saída de Sebastian Vettel da equipa, levando a melhor sobre o campeão alemão. Ricciardo passou a ser admirado por muitos no paddock pela sua capacidade em pista. O Drive To Survive fez dele uma personagem ainda mais querida pelos fãs. Mas à medida que a sua popularidade crescia, as suas performances iam em sentido oposto. Ricciardo nunca mais foi capaz de proporcionar momentos espantosos. A prova que na F1, tudo muda rapidamente e que o estado mental é crucial para a forma de um piloto. Ricciardo teve uma boa carreira. Mostrou que podia ter sido melhor. Mas a saída da Red Bull marcou o início do seu declínio.

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