F1: ‘Party Mode’ da qualificação vai acabar: quem irá afetar mais?

Por a 15 Agosto 2020 14:36

Surgiu esta semana a informação que os modos especiais de motor em qualificação na F1 podem ser proibidos após o GP de Espanha. Como se sabe, ao longo da era turbo híbrida da Fórmula 1, que fomos vendo o aparecimento de modos de motor em qualificação, os ‘famosos’ ‘party mode’ – nome dado por Lewis Hamilton, e que muito o ajudaram a somar pole positions – que aumentam significativamente a potência, e não só das unidades motrizes. Só que, a FIA está com vontade de acabar com a ‘festa’.

Obviamente que a nova regra, a ser implementada, é para todas as equipas, mas como todos sabemos o ‘alvo’ é claramente a Mercedes, pois há muito continua com vantagem do lado da motorização híbrida, ainda que a Ferrari o ano passado também tenha dado cartas, o que já não sucede este ano. Tudo isso desencadeou uma série de diretivas técnicas da FIA para garantir que as equipas não estavam a queimar óleo ou a manipular os regulamentos quanto ao máximo fluxo de combustível, para ganhar desempenho.

A Ferrari deixou de andar bem, mas a Mercedes fez todas as pole-position até aqui e com larga margem. Toto Wolff já disse que a Mercedes foi o ano passado ’empurrada’ pelas ações da Ferrari. A verdade é que este ano a única corrida em que outra equipa se qualificou dentro de 1% do tempo da pole da Mercedes foi na Áustria, na corrida de abertura de temporada.

O chefe da equipa Red Bull, Christian Horner, revelou que a vantagem que a Mercedes consegue entre a Q1 e Q3 é enorme, e a verdade é que a Mercedes converteu essa margem da qualificação em vitórias, em quatro das cinco corridas até aqui realizadas.

Valtteri Bottas já disse que sabendo que o seu carro é rápido não precisa de utilizar os modos de motor mais ‘altos’, na Q1, de modo a preservar a vida útil do motor e com isto conclui-se que a competitividade da Mercedes aumenta dramaticamente quando se trata da Q2 e Q3. Basicamente o que a Mercedes faz é ganhar mais de um segundo por volta, bastando para isso rodar um botão no volante do monolugar.

E estamos a falar de diferenças, se olharmos para o que se julga serem os cinco níveis da Mercedes, de valores que começam nos 800cv e vão até aos 1000cv.

A ideia da FIA passar por impedir que entre a qualificação e a corrida as equipas possam mexer nos mapas de motor. Se isso suceder, claramente o plantel ‘junta-se’ mais em qualificação, pois como se vê na corrida as diferenças não são tão grandes. Portanto, já no Grande Prémio da Bélgica vai deixar de haver ‘party mode’, sendo quase certo que a FIA vai mesmo avançar com a emissão de uma diretiva técnica para normalizar os modos de motor entre a qualificação e a corrida.

A questão é se esta alteração vai mudar alguma coisa. Lewis Hamilton já disse que não. Mas tem que fazer diferença. Se o ritmo da qualificação for semelhante ao ritmo de corrida, é o esperado, a margem atenua-se e apesar de se acreditar que a Mercedes se mantenha na frente, a margem de um segundo, ou mais, desaparece. Não restam muitas dúvidas que uma medida dessas encurta a margem na grelha. Pode não ser muito, mas encurta. E isto não deve ser complicado de garantir, pois basta ‘obrigar’ que o carro, desde que deixa as boxes no início da Q1, até ao final da qualificação, tem sempre de utilizar o mesmo modo.

Como resultado disto, a Mercedes pode aumentar o modo de desempenho em corrida, embora isso também torne as coisas mais complicadas em termos de fiabilidade. Curiosamente, Toto Wolff diz que “conseguimos dar aos pilotos um pouco mais de potência na fase da qualificação, mas se isso deixar de ser possível, pensamos que podemos traduzir isso em mais desempenho na corrida”. Significa isto que a enorme vantagem da Mercedes em qualificação pode passar para a corrida, mas esta pode ser também apenas uma ‘ameaça’ pois Toto Wolff sabe que isso vai colocar pressão sobre a longevidade dos motores. Tal como disse Mattia Binotto, Chefe de Equipa da Ferrari, as diretrizes técnicas que foram emitidas em 2019 afetaram todos os construtores, e este também irá afetar todos. Resta saber quem irá afetar mais…

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