F1, Ferrari começa a preparar-se para a possível saída de Vettel

Por a 21 Dezembro 2016 09:49

O presidente da Ferrari, Sergio Marchionne admitiu que a Ferrari já anda a ver ‘como param as modas’ do mercado de pilotos do próximo ano, e disse também que Sebastian Vettel tem que recuperar a sua melhor forma em 2017, naquele que é o seu último ano de ligação à Scuderia. Depois duma boa época de 2015, premiada com três vitórias, a Ferrari e Vettel tiveram um ano de 2016 muito difícil e foram claras tensões no seio da equipa.

Em declarações proferidas no habitual almoço de Natal com a imprensa italiana, Marchionne foi claro ao dizer que a Ferrari tem que dar a Vettel um carro mais competitivo para o próximo ano, mas também que o alemão tem que cumprir o seu papel e obter resultados: “Temos que lhe dar um carro ganhador, e permitir-lhe que ele possa fazer o que sabe fazer. Ele não pode andar nervoso como no México. Pediu desculpas por isso, mas tem que estar apenas focado em pilotar no seu melhor” começou por dizer Marchionne, que diz não ter pressa na renovação, sendo corroborado por Maurizio Arrivabene: “O Seb esteve a trabalhar no simulador e ele está a ‘dar’ forte! Temos que lhe dar um carro ganhador e ele tem que pilotar como fez em Abu Dhabi. Que corrida fantástica” disse o Chefe de Equipa que tem os seus dois pilotos a terminarem contratos no final de 2017. Não é um situação usual, mas aconteceu e com as perspetivas que se estão a revelar no mercado, sendo verdade que Vettel não esteve como devia em 2016, a Ferrari esteve ainda pior, pois começou bem a época e a partir daí foi sempre a cair, incluindo a motivação de Vettel. E Toto Wolff já mandou uma ‘mensagem’ ao dizer que “temos que olhar para pilotos como Vettel” sendo esse um claro sinal que é bem capaz do ónus da questão ficar bem mais do lado da Ferrari em 2017 do que Vettel, pois o tetracampeão do Mundo não desaprendeu de pilotar, simplesmente não tem conseguido encontrar motivação para fazer mais…

BOM COMEÇO, MAS…

É no mínimo irónico que a Ferrari tenha completado a primeira volta do Mundial de F1 de 2016 com os seus dois carros na frente da corrida de Melbourne? A verdade é que tudo começou muito bem, mas como bem se sabe, não teve sequência…

O ano de 2016 da Ferrari começou com grandes expectativas, mas não demorou muito a que no seio dos italianos, muito entrassem em depressão. Depressa caíram para trás da Mercedes, à primeira oportunidade que a Mercedes deu aos ‘outros’, em Espanha, foi a Red Bull que aproveitou e desde aí as coisa não melhoraram nada, e só mais para o final da época foram dados alguns sinais positivos.

A atmosfera em Maranello até era boa no começo de 2016, com as três vitórias de 2015 e o segundo lugar nos Construtores. Havia esperança no futuro e no novo ‘pacote’. Tinham sido dados passos importantes no desenvolvimento do motor e do chassis, com alterações no tipo de suspensão e uma unidade motriz bem mais pequena e leve, que permitiria ir mais longe em termos aerodinâmicos. Para além disso, houve também upgrades no motor de combustão e turbo.

Os testes não correram nada mal, a Ferrari nunca esteve declaradamente à frente da Mercedes, mas também não parecia que estivesse atrás e por tudo isso, a caminho de Melbourne a esperança era grande. Mas poucos imaginavam que estava longe de ser assim.

O GP da Austrália até foi positivo, apesar da derrota, pois os Ferrari andaram muito tempo na frente, até que um erro estratégico entregou a vitória à Mercedes. Com o avançar da época, a Ferrari caiu claramente para trás da Mercedes, ao mesmo tempo que a Red Bull ganhava terreno. Quando se chegou a meio da temporada, os homens da Milton Keynes já tinham deixado a Ferrari para trás, e era claro que não se vislumbrava forma nenhuma da Ferrari inverter a ordem das coisas.

Os homens de Maranello chegaram ao final da época sem uma única vitória no seu currículo, e a única coisa positiva foi o facto de terem mostrado uma inversão na competitividade nas últimas corridas, deixando uma sinal de que qualquer coisa poderá estar a mudar em Maranello.

Contudo, os números não mentem, 70 pontos atrás da Red Bull e 367 atrás da Mercedes são maus demais para uma equipa com os pergaminhos da Ferrari.

É difícil saber se outros pilotos teriam feito melhor com este carro, mas o simples facto de Maurizio Arrivabene ter dito no Japão que Vettel teria de merecer o seu lugar na Ferrari deixou perceber que o alemão poderia não estar motivado o suficiente para tirar o máximo possível do que tinha em mãos. E isso percebe-se claramente quando em 2015 Vettel fez quase o dobro dos pontos de Kimi Raikkonen e este ano somou apenas mais 26. Sintomático! Isto justifica-se com o facto terem sido feitas alterações nos mecânicos e engenheiros de kimi Raikkonen, renovaram-lhe o contrato, e tudo isso se refletiu. Mas justificará tudo?

DEMASIADA PRESSÃO

O que não esteve nada bem na Ferrari foi a gestão da equipa, começando pelo topo. Desde muito cedo Sergio Marchionne soube colocar forte pressão nos resultados da equipa para este ano, sem olhar, ou pior, sem perceber o que tinha em casa comparando com os adversários e essa arrogância foi-lhe fatal. Tal como foi dito por vários observadores durante o ano, na parte técnica da Ferrari há demasiada gente com medo de arriscar, preferindo jogar pelo seguro, e na F1 de hoje, jogar pelo seguro até pode ser bom, mas a única equipa que está em condições do fazer era a Mercedes. A Ferrari precisando de recuperar terreno, ao arriscar pouco em termos aerodinâmicos ficou novamente para trás, e depois de ter recuperado alguma da diferença na unidade motriz, perdeu até para a Mercedes em termos aerodinâmicos. A falta de ‘arrasto’ aerodinâmico foi sempre uma das queixas dos pilotos durante o ano.

Por outro lado, Maurizio Arrivabene está ligado à F1 há 30 anos, mas veio do Marketing. Liderar uma equipa no terreno, nada. Cedo se percebeu que não irá lá ficar muito tempo. Segundo se sabe, até Ross Brawn foi sondado para regressar.

Outro dos grandes problemas, quiçá o mais importante foi a morte da mulher de James Allison, Diretor Técnico, segundo se diz o melhor depois de Adrian Newey. O inglês ficou arrasado e quis voltar para Inglaterra deixando novamente órfão o Departamento Técnico da Ferrari, que tem agora Mattia Binotto na liderança, ele que veio do departamento de motores.

Portanto é no meio de todas estas confusões que se jogou o ano da Ferrari, e com a mudança de regulamentos há uma oportunidade pela frente. Até podemos dizer já que não acreditamos em grandes mudanças, pois apesar de quando Allison saiu já o projeto estava em andamento há algum tempo, tudo o que se passou depois só dentro de Maranello se sabe e para ter uma ideia do trabalho que foi feito é preciso esperar pelos testes de março. Aí vai logo saber-se o que poderá ser a Ferrari de 2017…

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noteam
noteam
7 anos atrás

É uma das grandes incógnitas, saber que Ferrari vamos ter no próximo ano. A última época não foi boa em praticamente nenhum aspecto, tanto dentro como fora das pistas a Ferrari deu vários tiros no pé e isso no final comprometeu o 2º lugar na tabela de constructores que estava perfeitamente ao seu alcance. É verdade que começa uma nova fase na F1 e todas as equipas começam do zero, mas diria que a Ferrari está neste momento atrás dos seus principais rivais, recordo que nas últimas grandes mudanças (2009,2012 e 2014) a Ferarri nunca esteve verdadeiramente á altura do… Ler mais »

sr-dr-hhister
sr-dr-hhister
Reply to  noteam
7 anos atrás

Esta mudança de regulamentos é um pouco distinta porque aumenta a aderência mecânica.

2fast4u
2fast4u
Reply to  sr-dr-hhister
7 anos atrás

E aparentemente desde que acabaram os testes livres já tiveram de reconstruir o túnel de vento, e pelo que se tem visto o novo deve estar “faralhado”… Por isso acho que este deve ser mesmo um ponto que preocupa. Acho que o principal problema é não ser feito um projecto arrojado, acabam por ser conservadores, e não sai o esperado. Ao mesmo tempo têm o mérito de conseguir que a equipa se mantenha nas 3 forças e sempre na luta, mesmo não estando as coisas “afindas” a nível interno. Se no início dos turbo o motor era muito pesado e… Ler mais »

ernie
ernie
7 anos atrás

Ya! Acho que a Ferrari tem que começar a garantir que os seus pilotos são fumadores, que é para saberem tirar o melhor partido dos charutos.

noteam
noteam
Reply to  ernie
7 anos atrás

Ehehe!

Kimi Iceman
Kimi Iceman
Reply to  ernie
7 anos atrás

“Bwoah… prefiro gelados e chupa-chupas”

ernie
ernie
Reply to  Kimi Iceman
7 anos atrás

Isso é agora que é pai de família e tem que dar bons exemplos. Em tempos idos, era mais uns shots.
Grande piloto, grande personagem. Vai fazer falta quando deixarem de lhe pagar para se divertir.

can-am
can-am
7 anos atrás

É pura especulação – logicamente que se a Ferrari fizer um óptimo carro e o Vettell ganhar o mundial do próximo ano, obviamente que continuará. Tudo depende do que a equipa fizer ou não, no próximo ano.Claro que se o 2017 for igual ao 2016 ele irá sair seguramente. Quem o substituirá ? O Hamilton,,o Vestappen, o Ricciardo ? O Vettell na Mercedes faria melhor que o Hamilton ? Nada mais improvável. Também é verdade,que o Vettell não tem sido aquela mais valia que os italianos terão pensado quando o contrataram. Fez uma época cheia de pequenos erros e muito… Ler mais »

Kimi Iceman
Kimi Iceman
7 anos atrás

Mais um ano com carros inferiores e não duvido que o Vettel vai sair.

jo21121646
jo21121646
7 anos atrás

Então não era o Vitelo que ia ganhar tudo e acabar com todos os males que um tal floponso tinha implantado na Ferrari? Não era este o homem que ia salvar o convento cheio de virgens? Enfim, mais do mesmo e cada vez pior.

asfalto
asfalto
7 anos atrás

Não sei com que bases dizem que o Vettel não esteve no seu melhor, se é por ter sido batido frequentemente pelo Kimi, parece-me que o estão a subestimar. Não se podem esquecer que apesar da idade o Kimi ganhou corridas de Lotus, e quem mais fez algo idêntico? Se o Vettel for batido pelo Kimi, o Kimi foi mesmo mais rápido…

MVM
MVM
Reply to  asfalto
7 anos atrás

O Kimi só foi melhor que o Vettel em qualificação, e ainda assim foi 11-10 (e é preciso descontar Singapura, onde o Vettel partiu uma suspensão na Q3). Em corrida, nos resultados, pódios, voltas mais rápidas, etc., o Vettel foi melhor. Mesmo com mais desistências.

rodríguezbrm
rodríguezbrm
7 anos atrás

Aposto no Nico Rosberg na Ferrari. Até lá:

https://www.youtube.com/watch?v=Gr1JTZ6Mki4

driver-on-track
driver-on-track
7 anos atrás

começando pelo jornalista que escreveu este artigo rabuscado e pessimamente mal traduzido…. o que salta á vista é a tremenda dor de corno ou se quiserem chifre que esta equipa provoca …. obviamente qualquer miúdo de 4 anos sabe que a F-1 é Ferrari a unica equipa totalista e por onde passaram os maiores pilotos de todos os tempos com excepção do mágico Senna , por isso é que são odiados… como dizia o Ron Dennis , perder as vezes ok é desporto …. para a Ferrari nunca … pois foi corrido… e nem que viva mais 100 anos vai… Ler mais »

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