F1, Como vai surgir cada equipa e piloto: O mesmo paradigma?

Por a 2 Julho 2020 10:14

Muita coisa se passou nos bastidores durante estes quase quatro meses de hiato, mas as 10 equipas e 20 pilotos de F1 dificilmente poderão ter mudado muita coisa face ao que já conhecíamos dos testes de Barcelona. Seja como for, há sempre espaço para surpresas.

Mercedes

A Mercedes domina a F1 desde que a era turbohíbrida foi introduzida e a equipa não parece estar interessada em deixar os seus créditos por mão alheias. A Mercedes apareceu em Barcelona com um carro, o W11, cheio de inovações, sendo o mais evidente o ‘DAS’, mas também a suspensão traseira mostra que a estrutura não tem receio de experimentar e inovar. O monolugar de Brackley mostrou em pista ser um carro efectivo, prometendo a Lewis Hamilton ter, mais uma vez, uma arma letal para assegurar o sétimo título da sua carreira. Se a isto juntarmos a capacidade operacional da Mercedes, assim como o seu potencial de desenvolvimento, tudo aponta para mais um ano em que a equipa do construtor germânico poderá novamente bater recordes.

Ferrari

Depois da desilusão de 2019, a Scuderia espera poder voltar à luta pelos títulos que lhe escapam desde 2008, mas durante os testes deste Inverno mostrou uma postura muito conservadora, raramente procurando tempos, o que deixou dúvidas quanto à competitividade do SF1000. São diversos os observadores que aponta que a frente do mais recente monolugar de Maranello é demasiado conservadora aerodinamicamente e mecanicamente, o que cria problemas de aderência no trem dianteiro. Assim, dificilmente a Ferrari estará na luta, mas a equipa promete recuperar e o carro é um passo em frente ao nível do apoio aerodinâmico. No campo dos pilotos, os italianos terão de gerir de uma forma mais eficaz a sua dupla e impedir que Charles Leclerc e Sebastian Vettel se prejudiquem em pista como se verificou na época passada.

Red Bull

Este é o ano em que a Red Bull quer estar preparada para lutar pelo título pela primeira vez desde 2014. Nos últimos anos a equipa de Milton Keynes nunca iniciou uma época capaz de se bater de igual para igual com a Ferrari, quanto mais a Mercedes, mas em 2020 o caso parece ser diferente. Esta época os indícios apontam para que a Red Bull esteja, pelo menos, bastante mais perto dos Mercedes, podendo afirmar-se como a principal adversária. Se o chassis desenhado por Adrian Newey parece ter o potencial para vencer corridas, no caso da unidade de potência da Honda existem ainda algumas dúvidas quanto às suas performances e fiabilidade. No entanto, se os japoneses tiveram dado o passo em frente que se espera, Alex Albon e, sobretudo, Max Verstappen serão adversários duros.

McLaren

Os problemas que afectaram a McLaren em anos passados são agora memórias distantes, mas também os tempos das vitórias e de conquistas de campeonatos fazem parte da história, estando a equipa de Woking a trabalhar para voltar a ser vista como uma estrutura de ponta. Em 2019 a formação britânica assumiu-se como a clara quarta força em pista, ainda que longe das três grandes, tendo ainda conquistado um pódio. Dar o passo seguinte, voltar ao círculo dos vencedores, é bastante mais difícil e, muito provavelmente, terá ainda mais concorrência este ano para manter o quarto posto nos Construtores, sobretudo do lado da Racing Point e da Renault. No entanto, a equipa tem uma dupla de pilotos rápida e ambiciosa e uma organização cada vez mais apurada e o primeiro carro saído da pena de James Key parece ser uma verdadeira evolução do seu antecessor. Vamos ver como tudo se desenrola com a mà situação financeira da marca britânica.

Renault

A Renault teve um ano de 2019 dececionante, terminando o campeonato no quinto lugar, quando ambicionava aproximar-se das três grandes, vendo-se ultrapassada pela sua cliente McLaren. A pré-temporada não começou bem, com uma apresentação sem carro, mas quando chegou a Barcelona, a Renault respondeu bem, apresentando um carro tecnicamente interessante, muito embora tenha sido concebido pela equipa técnica que foi substituída durante o ano passado. Cyril Abiteboul e seus pares já avisaram que o foco da Renault será 2022, quando entra em vigor um novo regulamento técnico, mas duas boas temporada (2020/2021) serão importantes, depois de confirmada a manutenção da equipa na F1, que chegou recentemente a estar em causa. Daniel Ricciardo vai sair, mas este ano com Esteban Ocon ao lado podem – e devem – no mínimo, recuperar o quarto lugar.

AlphaTauri

Novo ano e novo nome para a estrutura de Faenza, que passa a chamar-se agora de AlphaTauri. A colaboração com a Red Bull é mais estreita que nunca, sendo o AT01 o produto da parceria, assemelhando-se bastante ao Red Bull RB15 Honda. 2019 foi uma boa época para a equipa B da companhia austríaca de bebidas energéticas, com dois pódios e o sexto posto no Campeonato de Construtores, o que não é fácil de melhorar, sobretudo, porque a concorrência no segundo pelotão está mais forte que nunca, com a McLaren e a Renault a mostrarem os músculos e a Racing Point a apostar numa melhoria significativa. No entanto, a AlphaTauri parece estar mais bem preparada que nunca e tem em Daniil Kvyat e Pierre Gasly dois pilotos desejosos em voltar a provar o respetivo valor, estando empenhados em prosseguir a boa época do ano passado.

Racing Point

A equipa de Silverstone fez um corte completo com o passado. Com dinheiro para começar com uma folha em branco, os técnicos da Racing Point pegaram nos milhares de fotos que possuíam do Mercedes W10 e tentaram replicar o que a equipa do construtor de Estugarda fez – pelo menos, foi esta a linha oficial de comunicação. O sétimo lugar no Campeonato de Construtores do ano passado foi o possível, depois da ressaca dos problemas financeiros da Force India, mas para 2020 os objetivos são claros, recuperar o quarto lugar. Este é um desiderato que não se afigura fácil, uma vez que McLaren e Renault continuam a trabalhar para se aproximarem das três grandes, mas, para já, Sérgio Pérez e Lance Stroll mostram-se entusiasmados com o RP20.

Alfa Romeo

A equipa de Hinwill vai para o seu segundo ano a defender as cores da Alfa Romeo e a melhoria de resultados é uma obrigação, quando se representa um nome com tanta tradição na categoria. 2019 começou bem para a equipa do construtor de Arese, com Kimi Raikkonen a marcar pontos consistentemente. No entanto, com o decorrer do ano os resultados foram escasseando e o oitavo lugar no campeonato foi uma desilusão para uma estrutura que estava no quinto lugar após dez corridas disputadas. Este ano a Alfa Romeo manteve a sua dupla de pilotos de 2019 e a subida de forma de Antonio Giovinazzi no último terço da época passada promete que, se o C39 tiver potencial, ele e Kimi Raikkonen assegurarão os pontos para elevar a equipa no campeonato, muito embora bater-se com Racing Point, McLaren e Renault seja talvez um objetivo demasiado ambicioso.

Haas

2020 é um ano de grande importância para a Haas, depois de todas as dificuldades pelas quais passou no ano passado com o seu carro, que apesar de forte em qualificação, em corrida não conseguia gerir convenientemente os pneus. Com um reduzido número de membros, a equipa norte-americana nunca conseguiu compreender os problemas que a afligiram em 2019, tendo chegado ao defeso sem uma ideia clara das causas da quebra de performance que sentia aos domingos. A formação dirigida por Guenther Steiner espera poder ter resolvido todos os problemas, o que será determinante para o seu futuro, uma vez que no ano passado Gene Haas, o homem que paga as contas, já se mostrou um pouco agastado como a quantidade de dinheiro que lhe estava a custar a operação para resultados longe do que desejava.

Kevin Magnussen e Romain Grosjean têm, por isso, uma enorme pressão sobre os ombros.

Williams

Qual seria a abordagem mais lógica para a temporada de 2020 para uma equipa que primou pela intensa falta de competitividade nos últimos dois anos? Com uma profunda mudança regulamentar adiada para 2022, talvez fosse conveniente olhar para a época como um ano zero, garantir que todas as ferramentas de simulação tinham uma boa correlação com a pista nas primeiras corridas e daí para a frente, apostar as fichas todas em 2021. O carro deste ano da Williams não é mais que uma evolução do seu antecessor, com o qual a equipa espera ter curado os graves problemas que sentiu na temporada passada, mas falta-lhe a sofisticação até dos monolugares do segundo pelotão. Dificilmente a formação de Grove não terá mais um ano complicado. Até porque foi posta à venda! Seja como for, se conseguir chegar à cauda do segundo pelotão, recuperar a respeitabilidade e, sobretudo, preparar bem 2021, então talvez o futuro seja melhor.

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