Binotto na 1ª pessoa: “Damos sempre prioridade ao carro que vai à frente”

Por a 5 Julho 2022 13:30

O Grande Prémio da Grã-Bretanha teve um sabor agridoce para a Ferrari, por um lado venceu a prova britânica, por outro, viu o seu piloto mais bem classificado no Campeonato de Pilotos perder, uma vez mais, uma vitória certa devido a questões estratégicas. No entanto, Mattia Binotto reafirma que a “Scuderia” não errou e fez o que tinha de ser feito para maximizar o resultado da equipa.

Dormiu bem, de domingo para segunda-feira?

Mattia Binotto: Como a corrida foi atrasada, voltamos para casa muito tarde, então não dormi muito, mas senti-me bem de manhã. Uma vitória da Ferrari numa das pistas de corrida mais icónicas é algo muito especial.

No domingo de manhã teve uma pequena celebração do 150º Grande Prémio do Carlos (Sainz), à tarde ele ganhou a sua primeira corrida na Fórmula 1. À distância, o que acha da sua atuação em Silverstone?

Mattia Binotto: Os meus sentimentos não mudaram desde ontem, estou muito satisfeito com a atuação do Carlos, não só na corrida, mas durante todo o fim de semana. A sua confiança está a crescer constantemente e lida bem com condições difíceis. A sua primeira vitória era apenas uma questão de tempo, nós sabíamos disso desde o início e, não só foi fantástico para ele, mas também para nós como uma equipa vê-lo no topo do pódio.

Era visível que o Charles estava feliz pelo Carlos, festejando com a equipa, mas era evidente que estava frustrado. Pode entender a sua desilusão?

Mattia Binotto: Com certeza que posso entender a sua frustração. Quando se lidera confortavelmente uma corrida com apenas algumas voltas para terminar e não se ganha, é natural sentir desilusão. Mas a desilusão do Charles também é a nossa desilusão – ganhamos juntos e perdemos juntos. Estamos tão frustrados como ele com o resultado, porque a forma como pilotou foi incrível e mostrou mais uma vez o quão forte é como piloto. Charles merecia ganhar a corrida, se não fosse o Safety-Car.

Muitas perguntas surgiram e levaram a perceções erradas depois da corrida. Uma pergunta é: por que motivo a Ferrari não pediu ao Carlos para ceder o comando ao Charles logo durante o primeiro “stint”?

Mattia Binotto: A resposta é muito simples: não era necessário fazê-lo nessa altura e ainda havia muito tempo para tomar essa decisão. A nossa prioridade é sempre maximizar a situação para obter o melhor resultado de equipa. Só quando este objetivo está ameaçado é que temos de agir. Fizemos isto durante o segundo “stint” e trocámos (n.d.r.: a posição dos) os carros quando o Carlos não era suficientemente rápido e os nossos adversários estavam a apanhar-nos.

O Safety-Car causou muita controvérsia: por que motivo o Carlos foi chamado às boxes e o Charles não?

Mattia Binotto: Nesse momento, era sensato dar prioridade ao carro mais bem classificado, protegendo as posições em pista. Não há nada de anormal nesta estratégia, damos sempre prioridade ao carro que vai à frente e, portanto, ao Charles nesta situação. Ele estava com pneus mais frescos nessa altura, e se tivesse parado, os nossos adversários teriam feito exatamente o oposto e ganhariam posição em pista com pneus quase novos. Basta pensar no que aconteceu ao Lewis Hamilton no final da temporada do ano passado, em Abu Dhabi, quando ele ficou na pista.

Ao mesmo tempo, decidimos colocar o Carlos na estratégia oposta para cobrir todas as oportunidades. Se não tivéssemos feito essa estratégia de divisão, teríamos arriscado perder a corrida e entregar a vitória aos nossos adversários.

O Carlos não aceitou dar ao Charles uma distância de 10 carros no recomeço após o Safety-Car, porquê? Estava a ignorar as ordens da equipa?

Mattia Binotto: Não, de todo, o Carlos não estava a ignorar a equipa – deixou claro para nós que tinha de se proteger da pressão de trás e ao fazê-lo, estava a proteger o nosso objetivo de nos mantermos à frente. Como equipa, agradecemos muito e estamos todos alinhados. Sem esta informação privilegiada, posso entender que isto possa ser visto como o Carlos não ser um jogador de equipa. Mas algumas voltas antes trocou as posições sem qualquer hesitação ou queixas, demonstrando claramente que coloca a equipa em primeiro lugar.

Depois do Grande Prémio da Grã-Bretanha, em que a Ferrari venceu, mas com alguma polémica pelo meio, o que se segue?

Mattia Binotto: Temos mais três corridas desafiantes antes das férias de verão, e como Silverstone mostrou, uma vez mais, cada corrida este ano é absolutamente imprevisível. Vamos garantir que temos os nossos carros prontos para o desafio e apresentarmo-nos como uma equipa forte e com uma união forte.

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Scirocco
Scirocco
1 ano atrás

Péssima gestão de corrida. Nada aliás de novo se atentarmos nos erros estratégicos desta equipa este ano. A RB e a Mercedes agradecem claro.
Teria sido importante aprender com a Mercedes, que estratégicamente está talvez um pouco á frente da RB e a anos-luz da Ferrari.
Se a Ferrari perder ambos os campeonatos este ano, muito se deve a erros estratégicos devido a más decisões da Box, e em parte a C. Sainz que têm desperdiçado muitos pontos com erros próprios (pelo menos até agora). E em ultima análise a responsabilidade cabe a Binotto.

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