Fórmula E, México: Primeira corrida não deslumbrou, mas não comprometeu em demasia

Por a 15 Janeiro 2023 13:53

Havia entusiasmo pelo arranque da nova época, mas também uma boa dose de nervos. A Fórmula E sempre quis ser a categoria mais verde, no sentido ecológico da palavra, mas no fim de semana da Cidade do México deu-nos carros ainda “verdes”, a precisar de mais tempo para maturar.

Havia muitos receios que a energia disponível para os carros durante a corrida fosse demasiada e originasse uma corrida a fundo, sem gestão de energia e, por conseguinte, sem variações que são a essência destas corridas. Os engenheiros da Fórmula E e da FIA acertaram e a corrida teve ritmo, mas também exigiu uma gestão inteligente da carga elétrica das baterias. O que não correu tão bem foi a fiabilidade de alguns monolugares. Sim, o número de desistências foi reduzido e tendo em conta que se trata de uma nova era (e do que se esperava), pode-se até falar de um sucesso retumbante. Mas muitos pequenos pormenores falharam. E a pista do México foi a ideal para começar, com escapatórias generosas que permitiram aos pilotos regressar quando falharam os pontos de travagem. É mesmo nos travões que as equipas e a Fórmula E trabalham incansavelmente. Em Diriyah deverá ser implementado um sistema de travagem secundário para compensar as falhas do sistema principal. A questão do reabastecimento em corrida era um trunfo que a competição queria jogar, mas que por força dos problemas no desenvolvimento das baterias, terá de esperar. Os novos moldes do Attack Mode não resultaram a 100% e a corrida não teve tantas ultrapassagens quanto esperávamos.

Do lado positivo, tivemos um fim de semana típico de Fórmula E, com muitas surpresas, um vencedor algo inesperado, favoritos afastados da vitória e curtas distâncias entre os pilotos. Podemos dizer que a identidade da Fórmula E se manteve nesse capítulo. O que mudou foi a forma como as lutas são feitas, pois os carros mais frágeis não permitem a veleidades dos Gen2, em que os pilotos caiam quase sempre na tentação de meter o nariz mesmo que a ultrapassagem não fosse realmente possível. Com os Gen 3, a pilotagem tem de ser mais limpa e por conseguinte, os toques evitados. Para uns, será um ponto a favor, para outros, a falta do caos de algumas corridas fará falta. Depende muito do gosto de cada um.

Em resumo, há aspetos positivos e negativos. Mas, globalmente, parece-nos que foi uma primeira corrida algo morna. Os novos carros são mais rápidos em reta e isso nota-se nas transmissões TV, mas o Attack Mode é agora menos eficaz a apimentar a corrida e as ultrapassagens são mais difíceis. Temos de dar tempo para que as equipas consigam extrair todo o potencial destas novas máquinas, cujo aspeto ainda não convence muito, mas já não causa tanto choque. Mas o sentimento de novidade esvaiu-se rapidamente e na corrida foi uma espécie de filme já visto, mas com menos brilhantismo de outros tempos. Um remake ainda a meio gás. Há potencial nesta nova era, mas a primeira amostra foi ainda com pouco tempero.

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