Um Dakar ‘especial’

Mais do que tem sucedido em anos anteriores, o Dakar contou com a presença de pilotos ‘especiais’. Várias cadeiras de rodas e próteses foram vistas no bivouac, utilizadas para pilotos, navegadores, membros de equipa e não só, todos eles prontos a enfrentar a corrida mais difícil do mundo, mesmo com as suas deficiências. Se calhar porque o Dakar é uma prova de grande sacrifício, e para estas pessoas os problemas são vistos duma perspectiva diferente. O que para o comum dos mortais é um grande óbice, para pilotos como por exemplo, Albert Llovera, é apenas mais uma pedra no caminho. O piloto de Andorra tornou-se famoso em 1984, aos 17 anos, quando se cotou como o mais jovem esquiador de sempre a ir aos Jogos Olímpicos de Inverno, mas no ano seguinte teve um grave acidente, ficando paraplégico. Nunca parou, e desde 1987 que compete nos desportos motorizados, hoje, no Dakar: “A minha deficiência não faz diferença na estrada e o dia em que mais sofri neste Dakar foi porque fiquei sem travões”, disse, a rir-se. Desistiu no final da 10ª etapa, quando era 58º.

Outro exemplo são os ingleses da Race 2 Recovery, equipa que reúne ex- soldados feridos em combate. Este ano vieram com dois carros, mas ambos ficaram cedo fora de prova. O ano passado, o marinheiro Phillip Gillespie, que perdeu uma perna no serviço militar no Afeganistão fez história ao tornar-se “o primeiro piloto a completar o Dakar tendo uma deficiência”. O terceiro exemplo é o de Oscar Lanza, ex -campeão de motocross espanhol: “Decidi ser feliz da maneira que estou. Dedico-me à minha empresa e no trabalho e entendi que a minha maneira de ser feliz é estar envolvido com o mundo motorizado.” Disse, ele que é dono de uma agência de representação de pilotos. Já vai no quarto Dakar: “Não mexo a pernas, mas mexo o cérebro por isso tiro o chapéu a todos os que enfrentam o Dakar vivendo uma situação como a minha”, concluiu.