2020 pela objetiva de: Ricardo Oliveira

Por a 22 Dezembro 2020 13:00

2020 está na reta final e esta altura é feita de balanços e recordações. Foi um ano duro para todos, com desafios tremendos. Mas há sempre imagens que nos fazem sorrir.

São essas imagens que enriquecem os nossos textos, que nos fazem entender o que se passou nas provas, que nos mostram a beleza por vezes escondida ou esquecida deste desporto que tanto gostamos. É esta arte de captar o momento certo, a expressão certa, o detalhe certo que nos faz querer ver mais do desporto motorizado. Essa arte é feita pelos fotógrafos que acompanham as provas e que nos enviam os seus fantásticos registos.

Lançamos um desafio aos fotógrafos que colaboram com o AutoSport: escolher, das milhares de fotos que produziram este ano, apenas cinco. Aquelas que mais fazem sentido para eles, acompanhando com um texto, dando a sua visão privilegiada aos leitores. Ricardo Oliveira respondeu ao nosso desafio, mostrando-nos a sua escolha.

Ricardo Oliveira em 2020

Apesar de tudo o que aconteceu ao longo deste ano, 2020 não será certamente para esquecer, sobretudo pela vontade que o desporto motorizado demostrou em se manter vivo, através de diferentes entidades.

No que toca à imprensa, e a todos os fotógrafos a ela associados, fizeram parte dos ativos dos ralis que se mantiveram motivados e com vontade de levar até aos fãs as imagens das provas que se iam realizando. Tentámos sempre marcar presença, sendo exemplo de como poderíamos superar o teste que este ano nos trouxe. Usámos máscara, fizemos testes à COVID-19, suportámos todos os encargos com um só objetivo. Fazer chegar até si as melhores imagens do ano, no desporto automóvel.

Viver por dentro o desporto motorizado como fotógrafo é algo incrível, cheio de desafios, adrenalina e com uma perspetiva única de todos os acontecimentos, grande parte deles através de uma objetiva.

Um desses exemplos é a foto captada no Rally Serras de Fafe do Miguel Correia, um momento algo perigoso, que trás uma fotografia cheia de emoções, não só pelo momento, mas por todo o ambiente que se encontrava naquela manhã no troço de Montim. Todos os que lá estavam deram alguns passos atrás, e até alguns abandonaram o local após o incidente, sempre com as forças de segurança atentas e a chamar atenção para o potencial perigo ao redor. Felizmente, o Miguel seguiu “apenas” com um furo e concluiu o troço sem problemas maiores.

Uma das paixões que tenho dentro do desporto motorizado (para além dos Ralis) é o Todo-o-Terreno, aventurei-me nesta modalidade há menos tempo que nos Ralis, mas o encanto foi desde cedo, talvez pela experiência de conseguir as fotografias com grande ação, perto do acontecimento, caso da fotografia na Baja ACP ao Tiago Reis. Numa zona de público, os pilotos abordavam a curva com alguma cautela, mas quando ao longe vejo o Tiago com um ritmo muito elevado, previ que poderia entrar na zona da areia em derrapagem, e assim aconteceu. A foto fala por si, o Mitsubishi Racing Lancer deu tudo o que tinha naqueles metros do sector e a imagem valeu bem a pena.

Infelizmente, depois da Baja TT ACP entrámos num período de confinamento e, com isso, alguns dos projetos que tinha para concretizar esta temporada não se realizaram, muito embora me sinta contente por ver que o desporto motorizado em Portugal não desmoronou, conseguindo realizar grande parte das provas dos campeonatos onde atuo.

Um dos primeiros ralis onde fui após o confinamento foi o Rally da Calheta, um rali completamente desconhecido para mim, mas que proporciona boas fotografias, excelentes paisagens, comuns na Madeira, que ficam explícitas pela foto do Pedro Meireles num dos primeiros troços do rally.

Após caminhar alguns quilómetros, a zona era algo perigosa, junto de uma ravina. Depois de encontrar um local para estar em segurança e conseguir fazer uma foto paisagista, das minhas favoritas este ano, com toda uma natureza pura e rochosa.

Confesso que a foto de paisagem (Landscape), sempre foi um dos meus estilos favoritos e sempre que tenho essa oportunidade, capto esse momento, como comprova outra das fotos que mais me encantou esta temporada, ao Oliver Solberg, no Rally Montelongo, a contar para o FIA ERC, Campeonato da Europa de Ralis, tirada numa zona que já conhecia por ter fotografado lá diversos pilotos em testes, não podia deixar de a fazer, quando o mesmo troço, passou a integrar uma prova do europeu. Apesar do frio e chuva que se fez sentir, o jipe ajudou a chegar ao local e o casaco a permanecer lá durante grande parte do troço.

Em duas das vezes que me desloquei ao estrangeiro durante este ano, sempre a Espanha, tive duas oportunidades magnificas. A primeira foi no Rally Princesa das Asturias, segunda vez que fui aquele Rally, e num local recomendado por amigo fotografo espanhol. Cheguei lá ainda de noite, talvez por volta das 6h da manhã, pouco se conseguia ver, usei até os faróis do carro para iluminar o local do troço onde ia fotografar, tinha a ideia que ali daria uma boa foto do nascer do sol e tive de aguardar até ao primeiro concorrente para conseguir essa foto, no caso a do Pepe Lopez, pois o sol nasceu precisamente poucos segundos antes do carro aparecer, e assim penso ter conseguido o click perfeito para aquele momento.

A segunda oportunidade, foi na ultima ronda do Europeu de Ralis, Rally Islas Canárias, uma zona bastante complicada com as condições atmosféricas algo adversas, ora sol ora chuva, e o local complicado para se posicionar devido à quantidade de fotógrafos. Contudo, num momento de bastante chuva, alguns fotógrafos ausentaram-se conseguindo assim posicionar-me no local onde queria inicialmente, calhou a sorte que a passagem do Adrien Fourmaux, o sol abriu, proporcionado uma foto repleta de acção.

A fotografia é feita também de momentos de algum sacrifico e claro, com um pouco de sorte à mistura. Mas não tenho dúvidas que o trabalho de casa que fazemos, toda a preparação, dedicação e acima de tudo a paixão que temos por este desporto fazem também a diferença.

Ricardo Oliveira

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1 Comentário
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jbmotores
3 anos atrás

Excelente artigo. Parabéns ao Ricardo pelas fotos e pelo texto (para além da mestria para o click, também tem jeito para as letras).

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