Azores Rallye/CPR: Triunfo amargo de Ricardo Moura

Por a 28 Março 2022 16:44

Ricardo Moura venceu a prova do CPR no Azores Rallye, mas perdeu no derradeiro troço o triunfo à geral. Inglório, mas são assim mesmo os ralis. Armindo Araújo foi segundo e lidera o CPR e o ERC. Bruno Magalhães terminou no pódio.

Segunda prova do Europeu de Ralis em Portugal, também segunda prova do CPR. Já se esperava que Ricardo Moura ditasse a sua lei em São Miguel e isso confirmou-se desde muito cedo no evento, estendendo-se até ao fim da prova. Falhou o seu principal objetivo, vencer pela segunda vez à geral, mas fez uma bela prova, vencendo uma prova (CPR) sem sequer lhe prestar muita atençao…

A verdade é que o açoriano não tem previsto fazer mais ou provas do CPR e por isso os pontos dos lugares seguintes previam-se disputados. Mas não foram muito.

Esperava-se que Bruno Magalhães, que já lutou várias vezes com Ricardo Moura pelo triunfo neste evento, pudesse dar um ar da sua graça, mas o piloto de Lisboa ainda não tem a ligação que precisa ao seu novo carro e isso voltou a notar-se nesta prova.

Se no ano passado, Bruno conseguiu andar bem rapidamente, chegando mesmo a vencer em Mortágua, este ano, em duas provas com muito más condições meteorológicas, esteve abaixo do que pensávamos poder ver, especialmente nos Açores. Sempre que teve o carro em condições, isso notou-se logo nos tempos, mas as perdas que foi acumulando, não permitiram melhor que o terceiro lugar no CPR.

As queixas com a suspensão são recorrentes, pelos vistos entram detritos para os amortecedores e estes bloqueiam, um problema que tem afetado não só os Hyundai, mas especialmente os Hyundai: “não temos tração nenhuma, não temos aderência, o carro fica muito difícil de conduzir”, disse Bruno Magalhães.

Assim, fica difícil fazer melhor, acrescentamos nós.

As coisas não correram bem à Hyundai, e ainda menos a Ricardo Teodósio. Depois do sexto lugar em Fafe, precisava de um bom resultado nos Açores, mas as coisas correram ainda pior, abandonando cedo na prova: “estava confiante, senti-me bastante bem nas condições que estavam” mas bateu em Graminhais 2, arrancando a roda traseira direita e o disco. O rali estava perdido, era quarto do CPR já a mais de um minuto da frente. Dois resultados muito abaixo do que se esperava, e o campeonato começa a ficar comprometido. Faltam ainda seis provas, claro, mas as coisas têm que mudar muito para a ‘revalidação’.

Sabia-se que esta mudança significava recomeçar de novo muitas coisas, mas não se esperavam estes resultados.

Falámos dos dois principais pontos negativos, mas há muitos positivos.

Acima de todos, claro está, os vencedores deste rali: Ricardo Moura/António Costa (Škoda Fabia Rally2 evo) fizeram uma prova de alto nível, e sem os ‘tubarões’ do ano passado, Dani Sordo, e Andreas Mikkelsen, que se regem por um calendário diferente em termos de ritmo, Ricardo Moura teve no que ao CPR diz respeito uma prestação de exceção. Sabe-se que o seu conhecimento desta prova é meio caminho andado, mas a isso tem que se retirar a falta de ritmo, pois não compete há muito tempo. Em termos de CPR, pura e simplesmente não teve adversários. Está inscrito no CPR e venceu com à vontade, sem surpreender absolutamente ninguém.

Quem fez novamente uma boa operação foram Armindo Araújo/Luís Ramalho (Škoda Fabia Rally2 evo). Em Fafe ganharam, nos Açores são, na prática, quem ‘mais pontua’, pois com Moura fora das contas do campeonato, este é um segundo lugar com sabor a vitória, pois, logicamente, o objetivo é o título, e nesta prova ganhou pontos a toda a gente que interessa. O rali não não lhe correu às mil maravilhas, na primeira manhã de prova a afinação não era a mais correta, corrigiu para a tarde e melhorou bastante. No segundo dia, logo no primeiro troço teve uma ligeira saída em frente, perdeu o quinto lugar e em dado momento, no ERC, viu-se em terra de ninguém, preferindo nada arriscar até porque a posição do CPR estava mais do que assegurada.

Entrou muito forte este ano, e com estes dois resultados começa já a ter números muito importantes na liderança do campeonato. Curiosamente, lidera o CPR e o ERC. Bonito.

Miguel Correia/Jorge Carvalho (Škoda Fabia Rally2 evo) foram quartos do CPR. O piloto é que um rookie nos Açores, mas desta feita não pareceu nada. Andou muito bem face ao contexto, teve alguns contratempos, mas ‘venceu’ uma boa luta com José Pedro Fontes/Inês Ponte (Citroën C3 Rally2), pois andaram ‘pegados’ quase o rali todo. Para quem só tinha feito esta prova com um R5 em 2019, teve uma prestação notável. Chapeau…

Já Fontes viu a sua prova começar logo por ser condicionada quando fez falsa partida na qualificação, o que não lhe permitiu ter uma melhor ordem de partida, e logo por azar, foi também o primeiro na estrada no domingo. Para quem não ia aos Açores há algum tempo, nunca iria ser fácil, assim ainda foi mais complicado. Curiosamente o 3º lugar que fez no qualifying no CPR até prometia mais, mas depois não deu…

Paulo Neto/Vítor Hugo (Škoda Fabia Rally2 evo) foram sextos do CPR e fizeram um belo rali, no seu contexto. No primeiro dia partiram muito atrás dos ‘colegas’ do CPR, sofreram com isso, mas no domingo o piloto chegou a confessar ter feito tempo que nem ele esperava, Andaram realmente bem, e já faz uma diferença para a primeira prova que fizeram com o Skoda Fabia R5 em terra, em Fafe 2020. Enorme diferença.

A Pedro Almeida/Mário Castro (Škoda Fabia Rally2 evo) aconteceu-lhes tanta coisa no primeiro dia de ralis que não é de estranhar o sétimo lugar no CPR. Foram azares a mais, de que nunca mais recuperaram. No segundo dia já fizeram vários top 10 no ERC, mais consentâneo com o seu andamento.

Gil Antunes/Diogo Correia (Dacia Sandero R4) terminaram em oitavo. No primeiro dia tiveram vários problemas no Dacia Sandero R4, que os atrasou, mas chegar ao fim já foi uma vitória.

Daniel Nunes/Nuno Mota Ribeiro (Ford Fiesta Rally3) teve uma prova azarada, abandonando já no segundo dia com uma transmissão partida depois duma prova muito complicada no primeiro dia.

Filme do rali: o essencial

Os atores principais deste ‘filme’ perceberam-se rapidamente quais eram: Ricardo Moura/António Costa venceram a primeira especial realizada do rali com 14.6s de avanço para Bruno Magalhães/Carlos Magalhães e 31.5s para Armindo Araújo/Luís Ramalho.

Estava dado o mote do que iria ser a prova e quando a Moura a dúvida era simplesmente se teria ou não ritmo, devido à longa paragem competitiva de seis meses que trazia. As dúvidas desfizeram-se cedo.

Logo a abrir a prova, muito difícil devido à muita chuva, as diferenças foram muito grandes entre a comitiva do CPR.

Para que se perceba melhor, a margem entre Moura e o penúltimo na especial dos Graminhais, que não tiveram problemas para lá dos óbvios, Gil Antunes, foram 2m39.2s.

Na última especial da manhã de sábado, Ricardo Moura voltou a vencer, e alargou para 26.7s a diferença para Bruno Magalhães. Armindo Araújo, a ‘braços’ com um mau set-up, já estava a 40.2s, enquanto Ricardo Teodósio se ‘afundava’ mais na passagem de água da Tronqueira, ficando a mais de um minuto da frente.

No começo da tarde, Moura perdeu algum gás fruto duma afinação menos bem conseguida, e Armindo venceu o seu primeiro troço, mas por uma margem irrisória, 0.2s face a Moura. Bruno Magalhães ficava a 31.6s, Armindo Aproximava-se da frente.

Na PE5, Moura voltou aos triunfos e Armindo Araújo, já com o carro mais a seu gosto, passou para a frente de Bruno Magalhães, que ‘marcou passo’, cedendo 21.2s. Ricardo Teodósio, que já estava atrasado, bateu num muro e abandonou. Já na assistência, ao fim do dia, confirmou-se que já não iria haver mais ralis para si.

José Pedro Fontes /Inês Ponte e Miguel Correia/Jorge Carvalho rodavam separados por 6.9s numa luta que duraria até ao fim do rali.

A PE6 correu mal a Moura, mas a margem para Araújo era grande e o foco do açoriano estava na classificação geral.

O dia chegou ao fim com Armindo a 35.5s de Moura e com 28.6s de avanço para Magalhães. Em condições normais, as posições estavam definidas, mais segundo menos segundo. Embora faltasse ainda um dia de prova.

Fontes terminou o dia em quarto 8.3s na frente de Correia e 1m37.2 atrás de Magalhães. Paulo Neto/Vítor Hugo eram sextos na frente de Pedro Almeida/Mário Castro que tiveram um dia complicado com muitos pequenos problemas. Gil Antunes/Diogo Correia e Daniel Nunes completavam a lista com este último a dar um toque na última especial e a danificar a direção do Ford Fiesta Rally3.

No segundo dia de prova, a margem na frente só dilatou, entre Ricardo Moura, Armindo Araújo e Bruno Magalhães. Aqui, não havia história.

Só mesmo entre Miguel Correia e José Pedro Fontes que trocaram de posição no quarto e quinto lugar, várias vezes, com a vantagem final para o piloto da ARC Sport.

Agora vêm aí mais duas provas de terra, a primeira delas, o Rali Terras d’Aboboreira, que se realiza já a 15 e 16 de abril.

FOTOS @World/A. Lavadinho; AIFA/J. Cunha; Direita3/Tiago Costa; ZOOM/A. Silva

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