OPINIÃO: Uma corrida que é quase impossível a Max Verstappen vencer…

Quando chegamos ao ponto de ver Max Verstappen a usar o seu tempo de antena para se referir a um tema que ganha cada vez mais ‘tração’ significa que a questão se está a tornar mesmo grave.

O neerlandês disse que “as plataformas de redes sociais devem fazer mais para resolver a questão dos trolls F1” e nós diríamos mais: têm que se olhar para este tema não só no que à F1 diz respeito, mas torná-lo transversal.

A utilização da internet não pode ser um palco para o ‘desfile’ das mais incríveis situações.

As palavras de Verstappen surgem porque a Red Bull enfrentou um rol de críticas com os adeptos das teorias da conspiração a insurgirem-se contra o que dizem ser a ‘estratégia’ da Red Bull no Grande Prémio dos Países Baixos de Fórmula 1.

A sua principal engenheira estratégica, Hannah Schmitz foi insultada com veemência nas redes sociais porque alguns entenderam que o abandono de Yuki Tsunoda da corrida foi ‘orquestrado’: “Este comportamento odioso não pode ser tolerado, e ver acusações de jogo sujo é inaceitável, falso e completamente desrespeitoso tanto para Hannah como para nós”, afirmou Verstappen, com toda a razão: “o problema quando se deixa tudo em aberto nas redes sociais, é que todos podem dizer o que quiserem. Penso que o ódio precisa de ser abordado muito mais e melhor. Estas empresas põem um pouco de atenção nisso, mas ainda não é suficiente”, reforçou.

Na verdade, esta é e será uma luta muito difícil de ganhar.

Em primeiro lugar queremos deixar claro uma coisa que sabemos de experiência própria.

Quando se olha para uma caixa de comentários, as coisas parecem más demais, quase sempre por inércia: quem comenta são maioritariamente pessoas que têm algo de mau a dizer, porque a cultura do ‘elogio’ é infinitamente menor do que a cultura do ‘mal dizer’.

Como é óbvio toda a gente tem o direito de dizer o que entende, não se trata de censura, mas há coisas tão estúpidas, que só merecem mesmo o lixo.

Há muita gente que gosta da troca de ideias, essa percentagem é bem maior, mas é muito fácil a “dois ou três energúmenos” estragarem tudo. E depois há o efeito bola de neve…

O futebol é bem pior, são muito poucos os que conseguem olhar para as coisas com distanciamento e sem fanatismo, e a F1 piorou muito nos últimos anos.

Piorou na direta proporcionalidade da intensificação das lutas.

Uma percentagem muito significativa só aceita ler algo que vá de encontro ao que pensam, muito dificilmente aceitam contraditório, são muito poucos os que gostam de olhar para diferentes perspetivas, ouvir opiniões antagónicas para depois tentar tirar melhores conclusões.

Na maioria das vezes tudo gira à volta do “eu é que sei e pronto”, mesmo quando se tenta explicar, é muito difícil mudar uma opinião formada, e depois neste contexto há outra coisa que se vê muito. Os ‘trolls’ entram a ‘matar’, e quando percebem que não tinham razão nenhuma, na maioria das vezes, e por larga margem, simplesmente desaparecem, não voltam a comentar naquele post até que as pessoas se esqueçam…

A internet e este tipo de interação social trouxe ao cimo muito do pior que muita gente trazia consigo escondido, e ao ver-se atrás de um smartphone ou de um teclado e um ecrã, são pessoas que fazem aí coisas que muito provavelmente ao ‘vivo e a cores’ não fazem.

E isso, infelizmente, é ainda pior em países como o nosso, em que apenas 59,5% das pessoas completaram o Ensino Secundário. O nível de escolaridade da população (entre os 25 e 64 anos de idade) de Portugal é o mais baixo da União Europeia e quer queiramos, quer não isto reflete-se muito.

Max Verstappen vai continuar a ganhar muitas ‘lutas’ na sua carreira, mas esta é uma corrida que dificilmente vencerá.

Alega-se que um dia Albert Einstein disse: “Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta.”

É o que temos…