GP Mónaco F1: Mercedes e o pesadelo monegasco

Por a 24 Maio 2021 19:22

A Mercedes sabia que ia para o Mónaco sem ser favorita, mas não esperava o pesadelo que teve, e que afetou todas as áreas da equipa – performance, pilotos, estratégias e paragens nas boxes. O W12 não é um carro talhado para as ruas do Principado e outra das características do monolugar é a sua capacidade em gerir os pneus, algo que é pouco necessário no Mónaco, mas com um senão: O aquecimento dos pneus. As exíguas ruas do Principado colocam pouca energia nas borrachas, e é imperativo colocar os pneus na janela de temperatura correta de funcionamento, sobretudo na qualificação, de modo a poder usar o pico de performance.

No Mónaco a posição em pista é tudo e garantir um bom lugar na grelha é o primeiro passo para um bom resultado.

Na quinta-feira, com a surpresa Ferrari e evidenciar-se e com algumas dificuldades da parte da Red Bull, a Mercedes parecia estar em condições de estar na luta pelos lugares do pódio, ajudada pelos quase 50ºC que se chegaram a verificar em pista, mas no sábado tudo se modificaria.

As temperaturas caíram dramaticamente para o dia da qualificação, mais de 15ºC, e Bottas e Hamilton sentiram dificuldades imediatas.

O finlandês conseguiu suplantar essa contrariedade, mas o inglês nunca conseguiu quebrar essa espiral, acabando num desapontante sétimo lugar. Com o terceiro lugar de Bottas, a Mercedes tinha um carro na luta pelo pódio e, em corrida, a estratégia poderia permitir a Hamilton suplantar, idealmente, Pierre Gasly e Lando Norris.

Na corrida, sem que o desgaste fosse uma preocupação, a grande questão era encontrar formas de suplantar os carros imediatamente à frente e, para isso, os homens da Mercedes procuravam pista livre para colocar os seus pilotos após a passagem nas boxes e, assim, tentar realizar o “undercut”.

Acabou por ser Hamilton a espoletar todas as trocas de pneus, dirigindo-se ao “pit-lane” na vigésima nona volta para trocar os macios que usara na Q2 por duros novos e aqui residiu o primeiro erro estratégico da Mercedes que apostou na evolução da pista, normalmente bastante intensa com o depósito de borracha, mas com a pista muito fria, 35,4ºC, colocar os pneus na temperatura correta de funcionamento seria um desafio, principalmente, os duros.

O resultado foi que, apesar de estar apenas a 1,2 segundos de Gasly antes de entrar nas boxes e de ter tido uma boa troca de pneus, 2,2 segundos, na sua volta de saída do “pit-lane”, não conseguiu gerar a temporada correcta nos pneus e, em vez de ganhar, perdeu tempo para o francês, encontrando-se no escape do AlphaTauri quando este saiu das boxes para frustração do inglês.

Mas este ficaria ainda mais desanimado, uma vez que, provando a força do “overcut”, Sebastian Vettel, que estava a 4,1 segundos de Gasly quando este foi às boxes, suplantava o gaulês e Hamilton, o que relegou este para a posição em que arrancara.

Sérgio Pérez evidenciou a melhor forma de um piloto com um carro rápido fora de posição recuperar. Com um longo primeiro “stint”, parou apenas na trigésima quinta volta, mostrou a potência de um “overcut” bem executado e passou de oitavo após o arranque, para quarto depois das trocas de pneus.

O erro estratégico da Mercedes relegava Hamilton ao sétimo posto, perdendo a liderança do Campeonato de Pilotos, apesar de ter assinado a volta mais rápida da corrida, após nova passagem pelas boxes para montar pneus novos, terminando uma tarde frustrante em que os estrategas que lhe ganharam dois Grandes Prémios este ano estiveram longe do seu habitual nível.

Pior fim tinha a corrida de Valtteri Bottas.

Apesar do finlandês estar a quase cinco segundos de Verstappen, a Mercedes chamou-o às boxes na trigésima volta, esperando colocar pressão no holandês.

Porém, o piloto de Nastola nunca deixaria as boxes. Ao tentar desapertar a roda dianteira / direita o mecânico incumbido da operação destruiu a porca de aperto, que ficou sem a forma que lhe permitia operar com a pistola de aperto, impedindo que a pneu fosse trocado. A roda só em Brackley foi removida.

Bottas foi obrigado a um penoso abandono numa situação que já se verificou mais que uma vez, mas que nunca tinha tido tais consequências, ficando claro que o sistema concebido pela Mercedes para realizar trocas de pneus tem falhas que não se coadunam com as necessidades de uma equipa que está a lutar por títulos.

No final do dia, para além de perder a liderança do Campeonato de Pilotos, a formação do construtor de Estugarda via também a Red Bull assumir o comando da competição de Construtores.

A Mercedes acabava por transformar um fim-de-semana que se aguardava difícil, num pesadelo, sofrendo uma pesada derrota depois de nas últimas semanas ter apontado críticas veladas a Verstappen e à Red Bull… Mas, normalmente, a formação de Brackley reage, apresentando-se ainda mais forte nas corridas seguinte… Veremos como estará em Baku, dentro de uma semana e meia.

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